Deslizei o pincel pela tela
E o branco deu lugar ao colorido
Preenchi com vários detalhes
Dei cores ao indefinidoMas a tela estava cheia demais
Para suportar minhas emoções vazias
E as cores transbordavam
E a mentira se desfaziaAs lágrimas em meus olhos
Escorriam como a tinta fazia
E numa pintura tortuosa
A verdade assim surgiaDesabei sobre meus joelhos
Vendo a mixórdia de cores
Revelando meus mil problemas
Meu conjunto infame de doresA solidão chegou com pressa
E me tirou o pincel das mãos
Me ofereceu seu ombro amigo
Me passou um de seus sermõesDos meus olhos escapavam cores
E o chão eu cada vez mais coloria
A solidão tentava me consolar
Mas eu era só caos, bagunça, anarquiaA sociedade me olhou estranho
E ordenou com um sorriso amarelo
Que meus sentimentos eu esconderia
Pois eles eram de tudo, menos belosEntão os guardei em uma caixa
Trancada à sete chaves
Era o segredo da minha vida
O maior de meus malesMas eu já estava mais que exausto
De tentar ser alguém invencível
Uma imagem tão perfeita
Que retratava algo tão impossívelEntão peguei o pincel mais uma vez
E num último suspiro cansado
Deixei o rubro do meu sangue
Colorir aquele gigantesco quadro
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retrɑtos infɑmes de umɑ vidɑ conturbɑdɑ
PoesíaPorque é preciso estourar as bolhas mentirosas de uma sociedade perfeita para embarcar na intrigante carruagem do pensamento.