E se?

Clarke

•As partes em itálico que estão em parágrafos distantes, incluindo diálogos, são lembranças. Mas as frases em itálico que estão no meio da narração é do personagem pensando (em geral da Octávia mesmo, pq só consigo escrever com ela 🤷🏻‍♀️).•

Octávia

Comecei a bater contra o saco de pancadas, de primeiro em um ritmo lento e constante. Era como uma dança, o meu corpo seguia o ritmo de acordo com a força que eu depositava ao acertar o objeto. Eu estava concentrada, mirava e batia, repetidas vezes. Senti o suor escorrendo em meu rosto e o gosto salgado me fez lembrar das noites em que acabavam com Clarke e eu correndo para fugir de situações que nós mesmas criamos. Como quando resolvemos que seria uma ótima ideia invadir uma loja de CDs para nos beijarmos em cima de um tocador de disco.

Clarke: Só vive uma vez, O. - Ela se aproximou de mim enquanto virava o último gole. Entre nossas bocas havia apenas parte da garrafa que ela segurava. Quando percebeu que eu estava encarando a sua boca ela abriu um sorriso encantadoramente safado, com os dedos pressionando meu queixo para cima me forçou a olhar em seus olhos azuis. - Vamos, baby?
Octávia: E por acaso tem como te dizer não? - Clarke deu de ombros e segurando em minha mão começou a correr. Os seus cabelos voavam conforme ela corria, e mesmo cheirando álcool eu podia sentir ao longe o seu cheiro doce. Atrás dessa fachada de rebeldia a sua doçura ainda estava lá, eu sabia que estava. Mas nós precisávamos disso, precisávamos enlouquecer. Então, enlouqueceríamos. Juntas. Para sempre.

Conforme as lembranças foram invadindo minha mente, aumentei a intensidade dos socos. Eu queria tanto que a dor em meu corpo apagasse a dor dessas memórias. O ar faltava em meus pulmões, senti minhas pernas fraquejarem e instintivamente me agarrei enquanto caia. Sentada no chão, tampei meu rosto e chorei compulsivamente. As lágrimas se misturavam ao suor que ainda escorria no meu rosto. Por que todo mundo tem que me abandonar? Eu fiz exatamente tudo o que ela queria, o tempo todo. Por que nem assim ela não ficou ao meu lado quando pedi?

Clarke: Um dia você vai entender porque fiz isso.
Octávia: Nunca.

Bellamy

Quando percebi que Octávia havia pulado a janela, segui ela até a escola. Me senti aliviado ao perceber que ela fôra falar com a diretora. E fiquei orgulhoso de ver minha irmãzinha trabalhando duro para canalizar seus problemas nos exercícios físicos. Com o tempo eu espero que ela supere o que lhe aflige. Eu estarei por perto para protege-la, mas é importante que ela saiba se defender por conta própria. Mas, eu sentia que algo estava errado. Não consegui simplesmente ir embora, então fiquei por perto e quando vi Indra saindo do ginásio entrei para falar com Octávia. Ela estava praticamente tentando matar o saco de pancadas do colégio, pude ouvir sua respiração falhar e vi quando ela caiu sobre seus próprios pés. Não invadi o seu momento, mas também não me afastei. Ver minha irmã nesse estado acabava comigo. Ela é minha responsabilidade. Queria conseguir proteger Octávia de todo o sofrimento que ela estava sentindo. Foi quando ela desmaiou que entrei correndo na sala de treino. A peguei no colo e chamei um uber para voltarmos para casa.