Raven
Rodamos a região toda e não achamos nenhum lugar simpático para comermos, então convidei Octavia para comer uma pizza em casa, a expressão dela variou de muito feliz e animada para vermelha e calada em questão de segundos.
Eu estava confusa em relação ao que estávamos fazendo, porque quando a alertei de que não poderíamos continuar flertando, ela continuou e por isso achei que era pra levar na brincadeira. Afinal, ela havia acabado de sair de um relacionamento complexo e talvez quisesse só curtir.
E eu, obviamente, não poderia de maneira alguma me relacionar com ela enquanto estivesse trabalhando como sua tutora. Dá até um calafrio só de imaginar as broncas da Indra se isso acontecesse.
Tem tanta escola por aqui, eu poderia simplesmente mudar de emprego e sei lá... Mas, também, se eu for para outra região ela pode se desinteressar. Na verdade, acho que ela nem deve estar interessada pra valer.
Octavia: Terra chamando Raven, a menina do céu.
Raven: Olá terráquea.
Octavia: Me empresta o seu celular? O meu descarregou e preciso avisar o Bell que estou viva.
Raven: Claro. Vou pegar pra você. - Enquanto ia para a sala buscar o celular na mochila, a campainha tocou. Voltei para cozinha com a pizza em uma mão, o refrigerante em outra e o celular segurando com a boca. Quando me viu, Octavia logo levantou para me ajudar.
Octavia: Queria ser um celular.
Raven: Que? - Fingi que não ouvi para que ela repetisse a cantada que sussurrou enquanto colocava a pizza com o refrigerante na mesa.
Octavia: Eu disse que estava com o inveja do seu celular. - Até quieta ela era capaz de flertar com o olhar, com o jeito de andar, se aproximando de mim, e quando repetia alguma cantada ela fazia questão de sorrir com o canto da boca, provavelmente se divertindo muito da minha falta de jeito para lidar com as investidas dela.
Octavia: Obrigada. - Ela disse pegando o celular da minha mão. Sem se afastar ela digitou uma mensagem para o seu irmão. Estiquei o meu braço não quebrado para pegar o celular que ela estava me devolvendo e sem soltar a outra ponta, ela ficou me olhando. O seu olhar oscilava entre os meus olhos e nossa mãos quase se tocando.
Antes que ficasse (mais ainda) estranho, nos afastamos e fomos comer.
Durante toda a noite conversamos sobre diversos assuntos triviais e desviávamos do clima toda vez que ele surgia. Conforme foi passando o tempo, ele passou a surgir com mais frequência. Octavia contava sobre a sua personagem preferida de uma série e animada por ser a mesma que eu, toquei em seu braço enquanto também relembrava dos momentos da série. Mas, ao perceber a nossa proximidade física, mais uma vez me afastei, me ajeitando no sofá.
Octavia: Sabe... Você não precisa se afastar toda vez que toca sem querer em mim. - Revirei os olhos. - Sério, Ray. Você me pediu para que eu não flertasse mais, e apesar de não ter obedecido, entendi que me pediu porque não está interessada em mim desta maneira. Não precisa ficar se "policiando" ou deixando de demonstrar carinho. Juro que não vou confundir as coisas e meu deus, por que você tá chorando? Eu falei alguma coisa errada? Me desculpa. Ray?
Octavia pulou para mais perto e me abraçou forte. Depois de uns minutos, ainda me abraçando, começou a mexer no meu cabelo. Parei de chorar, mas ainda não estava preparada para voltar a conversar. Eu estava muito nervosa para conseguir dizer qualquer coisa sensata naquele momento.
Raven: Tudo bem se a gente não conversar agora sobre isso? - Octavia mordeu a boca com preocupação no olhar, mas assentiu balançando a cabeça. - Não foi nada do que você falou, chorei por algo que pensei enquanto você falava.
Octavia: Se eu falar que entendi estarei mentindo. - Eu ri.
Raven: Ah não, saí daqui com essa cara de cachorrinho. Você prometeu que a gente não precisava conversar sobre isso.
Octavia: Aaaah, mas foi antes de você me deixar curiosa!
Tentei me levantar do sofá para fugir dela, mas antes que eu conseguisse ela me puxou e começou a me fazer cócegas.
Octavia: Eu paro quando me der pelo menos uma dica.
Com minha mão livre puxei a manga da blusa dela e, como imaginei, quando se desestabilizou ela caiu, ficando deitada em mim e apoiada no sofá com o outro braço. Antes de beijá-la eu soltei a manga da blusa dela e coloquei minha mão em sua nuca. O seu braço de apoio agora estava agarrando a minha cintura para ficar próxima da dela. Nós beijamos por muito tempo, afastando nossas bocas apenas para respirar e retornar o beijo.
O meu celular então começou a tocar, no visor estava o número de seu irmão e o relógio, indicando que já estava muito tarde. Sem pensar muito, praticamente implorei:
Raven: Dorme aqui.
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E se?
FanfictionAU onde Octavia Blake, recém saída de uma clínica de reabilitação, retorna à rotina de colegial e tem que lidar com a super proteção de seu irmão mais velho, Bellamy.