|4| Uma proposta (in)decente

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Sophia

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Sophia

Ele usou um tom de voz que faria qualquer mulher suspirar pelos
cantos, inclusive eu. Sou casada, e não deveria ficar sentindo certas coi-
sas por outro homem, mas que droga! Ele não é um simples homem, ele
é um deus grego vivo, e me sinto culpada por vê-lo assim.
— Eu não entendi. — Confessei a verdade.
— Eu preciso de você. — Como se fosse uma coisa que se fala
todos os dias, ele soltou de uma vez. Arregalei os olhos, assustada. —
Antes que pense outra coisa, me refiro ao trabalho.
Continuei numa distância consideravelmente segura — no meu
ponto de vista — perto da porta, com a mão ainda na maçaneta, pronta
para sair correndo aos gritos caso ele tentasse alguma coisa comigo. Sei
me defender, afinal, sou esposa de um delegado, o que me faz aprender
coisas como “deixar um homem impotente com apenas um golpe cer-
teiro”, e não iria medir esforços para usar o que sei contra ele. Miguel
que se meta a besta comigo para ele ver.
— Continue, por favor.
— Podemos nos sentar? — Indicou uma cadeira com a mão. Ne-
guei, sem falar nenhuma palavra. — Tudo bem. — Suspirou. — Fiquei
encarregado de organizar a festa para arrecadar fundos para o projeto
“todos pela causa”. Esse é um projeto muito importante para o hospital
e as crianças também.
Franzi o cenho. Parecendo ler minha mente, ele explica:
— Antes do acidente que matou a minha mãe, ela fundou um
projeto social para ajudar crianças e adolescentes com câncer. Como
você sabe, esse hospital é particular, mas temos esse projeto ainda ativo
aqui, em sua homenagem, mas para que ele possa continuar ajudando aqueles que não tem como pagar o tratamento, todo final de ano reali-
zamos uma festa de gala para angariar fundos.
— Nossa. — Suspirou admirada. — Essa é uma ótima iniciativa.
— Fico feliz em saber que pensa assim. — Miguel andou em mi-
nha direção. Dessa vez não fugi, continuei ali, parada, como se minhas
pernas não me respondessem mais. — Quero a sua ajuda para organizar
esse evento.
Eu poderia negar, dizer que não tenho tempo para mais nada que
não seja meus pacientes e meu marido. Que não quero ficar nenhum
segundo a mais ao seu lado. Mas eu estaria indo contra tudo o que me
ensinaram, contra tudo o que eu acredito. Eu, mais do que ninguém,
sei como é perder alguém para essa maldita doença.
— Claro que ajudo. — Sorri. — Porque não me contou isso
antes?
— Pensei que você não iria querer saber. Muito menos ver as
crianças doentes que estão aqui.
Minha boca formou um perfeito O. Jamais iria recusar ajuda a
alguém, ainda mais se for uma criança inocente.
Com um pouco de raiva, levantei meu rosto e o fitei semicerran-
do os olhos.
— Pois o senhor não me conhece. Óbvio que gostaria de conhe-
cer as crianças.
— Antes de ir embora passe no último andar. Ele é todo dedicado
a essa especialidade. Procure por mim na recepção de cima.
Não o respondi. Passei por ele indo até a minha mesa, mas não
pude deixar de sentir seu perfume gostoso. Conheço essa fragrância,
presenteei Pedro em nosso primeiro ano de casados com esse mesmo
perfume, mas infelizmente ele não gostou muito, e acabou dando o
perfume ao meu pai que, por outro lado, fez muito bom proveito.
— Boa escolha de perfume. — Disse, e me arrependi na mesma
hora. Esse homem está me deixando louca.
— Posso dizer o mesmo da roupa de hoje. — Sorriu torto e saiu.
Ele não estava mentindo, eu realmente havia caprichado no look
de hoje: um scarpin preto de bico fino, uma calça jeans escura de cin-
tura alta e uma camisa impecavelmente branca. A maquiagem estava
como costumo usar no dia a dia: fraca nos olhos e marcada na boca. Os cabelos estavam soltos e sedosos devido à hidratação que fiz mais cedo.
A calça era um pouco mais justa no corpo. Ganhei há uns 02 anos de
Ana e nunca usei; não sei porque escolhi vestir logo hoje.
Fiz um esforço para tirar os olhos brilhantes de Miguel da cabeça,
e concentrei-me em realizar meu trabalho, afinal, havia sido por isso
que eu fora contratada.
O primeiro paciente chega às 09h em ponto. Visto meu jaleco e,
com um sorriso, o atendo.
— Bom dia, senhor Sousa. — Cumprimento o senhor de óculos
antigo e cabelos grisalhos. — Sente-se, por favor.

Além Do Proibido - Série Amores Perigosos - Livro 1 [AMOSTRA]Onde histórias criam vida. Descubra agora