|2| Sensações estranhas

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Como se estivesse saindo de um transe, sentei na poltrona de 
antes, e tentando não me perder outra vez nos lindos olhos azuis do 
homem que estava à minha frente, fixei meu olhar em um quadro que 
havia na parede

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Como se estivesse saindo de um transe, sentei na poltrona de
antes, e tentando não me perder outra vez nos lindos olhos azuis do
homem que estava à minha frente, fixei meu olhar em um quadro que
havia na parede.
— Quando meu pai me informou hoje de manhã que iríamos
receber uma nova médica, não imaginei que ela seria tão bonita.
Ele havia acabado de me passar uma cantada?
Fazia tanto tempo que eu era carta fora do baralho, como diz
Ana, que achei meio engraçado ouvir suas palavras. É sempre bom ser
elogiada.
— Obrigada pelo elogio. — Respondi, ainda sem encará-lo.
— Não foi nada. Posso apostar que você ouve muitos.
— Sim, todos os dias, do meu marido.
Não sei o que deu em mim, mas ergui meu olhar e me surpreendi
com a intensidade com que ele me fitava. Era como se estivesse queren-
do decifrar minha alma. Como se dentro de mim houvesse um tesouro
muito valioso.
— Você é casada? — Assenti, e ele continuou: — Tão jovem e já
presa.
Ignorei seu comentário meio sem nexo. Eu estava lá para traba-
lhar, e não para ficar falando da minha vida pessoal com um desconhe-
cido.
— Então, gostaria de conhecer o hospital antes de assumir mi-
nhas funções.
— Ficarei feliz em mostrá-lo eu mesmo. — Engulo em seco ao
ver seu corpo ereto em minha frente. Pela primeira vez em minha vida, enxerguei outro homem, que não o meu marido, com outros olhos;
olhos de desejo, luxúria.
Repreendi minha consciência e as partes do meu corpo que co-
meçavam a dar sinais de alerta.
O segui pelos corredores do hospital atenta a tudo o que ele fala-
va. Fiquei impressionada com a magnitude do ambiente, sem falar do
amor que ele tinha em dizer que amava o que fazia.
Ele era filho do dono do hospital e o diretor. Eu teria que seguir
as suas ordens, por mais que me sentisse estranha em estar perto dele,
mas aquela era a minha oportunidade de colocar em prática tudo o que
aprendi ao longo desses anos.
Conheci as enfermeiras e os médicos que estavam ali, todos mui-
to educados. Me senti bem-vinda, acolhida, mais do que imaginei.
Seguimos com o tour pelo hospital, até retornarmos à sala que
estávamos antes.
— O que achou?
— Muito lindo — respondi sorrindo.
— Concordo. — Sua voz havia mudado. Era como se ele não es-
tivesse falando a mesma língua que eu. Ele havia me feito uma pergunta
e eu arespondi, mas creio que ele não se referia a mesma coisa. — As
apresentações já foram feitas. Se estiver confortável, já pode começar.
— Obrigada pela oportunidade. O senhor não sabe o quanto
estou feliz por ajudar quem precisa.
— Em primeiro lugar, não me chame de senhor. Tenho apenas
32 anos. Não sou tão velho assim. — Seu sorriso largo, perfeitamente
branco, me fez arfar involuntariamente. — E em segundo lugar… —
Ele levantou da cadeira e deu a volta na mesa, vindo até onde eu estava.
Automaticamente levantei-me, e fiquei cara a cara com ele. Senti todos
os pelos do meu corpo se arrepiarem. — Sou eu quem devo agradecer
por ter uma médica recém-formada ao meu dispor.
— O senhor quis dizer ao dispor dos mais necessitados.
Ele sorriu de lado e voltou para o seu lugar.
Recuperei o ar perdido e segui para o meu primeiro dia de tra-
balho.
Estava feliz, animada, empolgada. É tão gratificante quando
conseguimos realizar um sonho. É como se tivéssemos a certeza de que somos invencíveis, que podemos tudo, desde que acreditemos com for-
ça e façamos o possível para chegar lá.
Olhei para o alto e fitei o teto branco. Lembrei dos últimos mo-
mentos de vida da minha mãe, do seu sorriso encantador, do jeito gentil
que ela costumava tratar todas as pessoas, até aqueles que ela não co-
nhecia.
Queria que ela estivesse ao meu lado nessa minha conquista. Seria
tão bom poder chegar no final de semana e contar como foi o trabalho,
confidenciar meus planos ao lado de Pedro, tantas coisas.
— Sei que a senhora está me olhando aí de cima. — Falei, ainda
encarando o teto. — Obrigada por cuidar de mim, mesmo não estando
presente. Sei que nunca me deixaria só. Conseguimos mãe. Consegui-
mos.

Além Do Proibido - Série Amores Perigosos - Livro 1 [AMOSTRA]Onde histórias criam vida. Descubra agora