Turbulência

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Nossa mãe sempre cuidando do lar, por mais humilde que fosse, mas fazia o que podia para torná-lo aconchegante e tudo limpo, roupas sempre lavadas, tudo nos conformes.
Era tranquilo enquanto meu pai não estava em casa. O problema começava quando ele chegava bêbado da rua brigando com ela por nada, sem motivo, sem mais nem menos jogava as panelas no chão com a comida ainda quente que ela acabava de fazer. Ficava uma desordem a casa, porque ele vinha com as roupas cheirando a urina, derrubando tudo de tão bêbado.
Algumas vezes minha mãe tinha levar eu e meus irmãos para irmos dormir na sua mãe adotiva, a casa dela era um refúgio, nos livrava do sufoco quando meu pai ficava agressivo por causa da cachaça.
No dia seguinte, tudo voltava ao normal. Nosso pai com ressaca e arrependido pelo o que fizera com sua família na noite passada. Mas isso se repetia diversas vezes, sempre que bebia.
Ele costumava vender as poucas coisas que tínhamos na casa. Vendia a TV, o rádio, quando conseguíamos arrumar um fogão e o botijão, vendido - os também. Chegou até a vender alimentos que ganhávamos nas ruas, tudo por uma garrafa de pinga. Nem pensava em nós, deixava-nos sem nada, sem diversão e passando necessidades. Tudo porque não conseguia parar de beber e nem procurava ajuda.
Sua vida toda foi assim, desde jovem, sempre foi vencido por um copo de cachaça. Tinha laudo médico constatando alguns graus para louco. Mas não se importou em tratar. Nós só contávamos com Deus, “à espera de um milagre”.

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