Prólogo - Amanda aos 10 anos

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O suor escorreu lentamente pela minha testa e causou um arrepio esquisito.

Eu não lembrava quando esses sonhos começaram, mas eles me assombram desde que me entendo por gente. Às vezes eram sonhos bons, outras vezes ruins. O fato é que eles sempre mexeram muito comigo e uma vez, ouvi mamãe dizer ao papai, que tinha medo que eles me deixassem maluca.

Fiquei com tanto medo e também me deu muita dó de deixá-la tão preocupada comigo. Ela sempre foi tão legal. Todas as vezes que eu acordava gritando, ela sempre vinha correndo para o meu quarto, me abraçava apertado e depois quando eu parava de chorar, fazia uma xícara enorme de chocolate quente para nós duas.

Porém, como ela mesma costumava dizer, eu era uma mocinha, e para não a preocupar mais, aprendi a conviver com esses sonhos e a fingir que eles não existiam.

Quando eles vinham, eu forçava a me lembrar do que a psicóloga dizia: "eles não são reais, é tudo fruto da sua imaginação". E quando as coisas ficavam ruins e me causavam medo, eu sentava no chão, cruzava as pernas e rezava uma ave-maria como o padre Toninho ensinou. Eu não sei porque isso funcionava, devia ser papai do céu me protegendo. O que importa é que esse código secreto sempre funcionou.

O sonho de hoje foi diferente. Ele foi legal e não senti medo, por isso não precisei usar meu código secreto para fugir.

Eu estava dentro de um castelo enorme. De longe, conseguia ouvir pessoas sorrindo e cantando. Enquanto procurava de onde vinha os sons, achei um pátio com uma linda árvore bem no centro que me deixou encantada.

 Enquanto procurava de onde vinha os sons, achei um pátio com uma linda árvore bem no centro que me deixou encantada

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Sabe, às vezes era como se eu não fosse eu. Entende? É difícil explicar, nem eu sabia como isso é possível. Mas parecia que eu estava dentro daquela sala do cinema que mamãe me levou uma vez para assistir ao filme do Shrek, só que assistindo a um filme lá do tempo do zagaia, como meu pai costumava dizer.

Senti uma pontada na minha barriga e me levantei devagarzinho para ir ao banheiro. Eu não queria que a mamãe soubesse que eu já tinha acordado, mas se eu não fosse logo, eu iria fazer xixi na cama.

Sem fazer barulho, girei a maçaneta da porta quase em câmera lenta, só que quando me virei para fechar a porta, deixei cair o móbile do anjo da guarda, que estava pendurado pelo lado de fora da porta do meu quarto.

O barulho foi baixinho, mas como a mamãe que o colocou ali, para me vigiar com medo de que eu levantasse e ela não ouvisse, em menos de um minuto ela chegou preocupada.

- O que aconteceu, Amanda? - Chegou toda descabelada e amarrando o seu hobby de seda florido.

- Nada, mamãe. Eu fui sair do quarto para ir ao banheiro e derrubei o aquele treco que a senhora pendurou - respondi, apertando as pernas para não fazer xixi nas calças.

- Muito bem, mocinha, já que você acordou meia hora antes do meu despertador apitar, que tal eu preparar os pães de queijo que você adora?

- Hummm, adoro mesmo - falei, abraçando a sua cintura e sentindo o seu cheiro delicioso de lavanda - Sabia que a senhora é a melhor mãe do mundo?

- E você, a melhor filha - Recebi um beijo no topo da minha cabeça. - Agora para de me enrolar e vá tomar seu banho. - Deu um tapa na minha bunda e seguiu sorrindo para a cozinha.

Ela,com certeza, era a melhor mãe de todo o mundo.

Ela,com certeza, era a melhor mãe de todo o mundo

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