CAPÍTULO 3 - AMANDA

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Depois da noite tumultuada, eu estava decidida a esquecer aquele sonho e seguir com a minha vida. A primeira coisa que queria fazer era conhecer a cidade, mas para que isso acontecesse o tempo precisava me ajudar.

Pulei da cama para olhar para fora e conferir se o tempo estava a meu favor e gemi de felicidade. O sol estava brilhando no céu, magnífico como o astro rei que era.

Logo no café da manhã, encontrei meia dúzia de pessoas tomando o seu desjejum e torci para que alguém pudesse me ajudar a encontrar um lugar legal para visitar.

Engoli rápido os meus ovos e o suco de laranja edepois de muitas sugestões controversas, optei por fazer uma caminhada pelaorla do Rio Mississipi. Por ser domingo, dia considerado da família, imagineique deveria estar muito movimentado e eu precisa ver gente.

 Por ser domingo, dia considerado da família, imagineique deveria estar muito movimentado e eu precisa ver gente

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A vista que me brindou pelo caminho foi de tirar o fôlego, repleta de uma natureza magnífica. O que mais chamou minha atenção foi a imensidão do Rio Mississipi, um infinito de água azul-escura que com o reflexo do sol ficava num lindo tom prateado.

Depois de uma ideia estúpida em tentar correr, parei em frente a um parquinho, lutando para voltar respirar direito. Vamos combinar que para uma mulher sedentária há anos como eu, não poderia se esperar grandes coisas e realmente não aguentei correr nem cinco minutos, parecia que eu ia ter um infarto, de tanto que meu coração estava disparado.

Agradeci mentalmente a Mary, por ter me convencido a trazer uma garrafinha de água, pois apesar do vento frio, o sol estava forte e mesmo depois de quase ter um infarto, eu não tinha a menor intenção de sair dali tão cedo.

Com o fôlego recuperado, comecei a olhar a minhavolta, tentando entender em que parte da orla eu me encontrava. Não consegui mesituar muito bem, eu já estava andando há uma hora, porém, avistei a placa doMark Twain Overlook e me lembrei da indicação da Bridget para conhecer omirante e desfrutar do maravilhoso pôr do sol. Eu não poderia esperar até oentardecer, mas, a certeza da Bridget que eu amaria a vista do mirante, me fezcaminhar mais um pouco para apreciar a vista do centro da cidade e ver a enormeponte que ligava os Estados de Iowa e Illinois.

 Eu não poderia esperar até oentardecer, mas, a certeza da Bridget que eu amaria a vista do mirante, me fezcaminhar mais um pouco para apreciar a vista do centro da cidade e ver a enormeponte que ligava os Estados de Iowa e Illinois

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O lugar estava repleto de pessoas fazendo picnic e as crianças brincavam enquanto seus pais conversavam e riam, claro, sem perder o contato visual com os filhos. Já ouviu aquela expressão, um olho no peixe e o outro no gato, pois então, essa frase define certinho o que eu estava vendo.

Uma senhora de uns 70 anos, que eu nem tinha percebido que estava ao meu lado, começou a conversar comigo. Para variar, eu não consegui entender direito o que ela falava. Só que era alguma coisa relacionada com a ponte durante a noite.

Dei um sorriso sem graça, tentando disfarçar meu incômodo e me despedi, saindo de lá antes que ela continuasse sua conversa amigável e eu tivesse que explicar mais uma vez meu problema com o idioma.

Enquanto fazia o caminho de volta, fui tirando fotos de tudo que eu podia para guardar de recordação. Quando fugi, deixei todas as recordações do meu passado para trás, não que fossem grandes coisas. A única coisa boa que eu tinha eram os meus pais e como eles não estavam mais presentes em minha vida, não me restava mais nada importante. Eu iria criar uma vida nova, cheia de memórias felizes e essas fotos seriam o início perfeito.

Depois de tomar um banho, sem ter nada para fazer e cansada de admirar o belo teto azul do meu quarto, decidi ajudar as meninas na preparação do jantar. Seria um longo processo e isso me manteria ocupada.

Encontrei as duas na cozinha. Mary estava parada na entrada da cozinha, com um avental muito engraçado e Bridget, estava sentada na mesa picando alguns vegetais. Assim que notaram a minha presença, lançaram-me um sorriso fraternal.

Vendo-as cozinharem, senti saudades de cozinhar e de comer comida brasileira. Se tem uma coisa boa que aqueles anos horríveis que vivi com o Paulo me trouxeram, foi a descoberta do meu talento na cozinha. Cozinhar acabou se tornando algo prazeroso, uma válvula de escape para todo sofrimento.

Eu percebi que o desânimo sempre vem quando estou sozinha, sem nenhuma ocupação, e entrar em depressão justo agora que as coisas estão dando certo, não estava nos planos. Eu precisava arrumar algo para fazer, e vê-las cozinhando me deu uma ideia. Voltar a cozinhar na pensão.

Eu sabia que não seria fácil convencer a Bridget, por isso eu precisava primeiro pedir a ajuda da Mary.

— Dona Mary — chamei assim que ficamos só nós duas na cozinha.

— Oi, Amanda — respondeu, sem tirar os olhos da sua panela.

— Hmmm, eu queria te pedir uma coisa. Posso? — perguntei sorrindo.

Ela concordou com um aceno e prossegui.

— Eu ando muito desanimada por ficar nessa casa sem fazer nada. Eu estava acostumada em cuidar da minha casa, cozinhar. Então, eu queria saber se posso ajudar você na cozinha. Eu amo cozinhar e modéstia à parte mando muito bem.

— Mas, você é uma hóspede, menina. A Bridget não vai gostar nada disso.

— Ah! Me ajuda, Mary — falei a abraçando — Por favor. Prometo que você não vai se arrepender.

Mesmo com a ajuda da Mary, não foi nada fácil convencer a Bridget a me deixar ajudá-las na cozinha, mas depois de muito insistir e de fazer um acordo, consegui. Como me neguei a receber um pagamento pela minha ajuda, fizemos um acordo. Ela reduziria o valor da minha diária, em troca do meu trabalho.

Esse, acabou se transformando num acordo perfeito, ambas ganharíamos, tanto financeiramente quanto emocionalmente.

Desde que cheguei, a maioria das minhas noites têm sido maravilhosas. Quando acordei na manhã seguinte, me peguei assoviando feliz e o sol brilhando do lado de fora, elevou ainda mais meu estado de espírito.

Desci a escada cantarolando uma música sertaneja e assim que cheguei no último degrau, encontrei a Mary sorrindo pra mim.

— Bom dia! Está animada hoje, hein menina — comentou, rindo enquanto caminhávamos para a cozinha.

— Claro, como poderia não estar feliz com um dia lindo desses, sem contar a alegria que estou sentindo em voltar a cozinhar. Tá certo que a senhora vai precisar me ensinar a preparar essas comidas americanas, mas acho que consigo aprender rapidinho. Já pensou, quando eu apresentar a elas o famoso pão de queijo?

O dia transcorreu perfeitamente bem, fiquei o dia todo para lá e para cá e finalmente depois de um banho maravilhoso, de banheira claro, caí na cama.

Eu estava agitada, diria até que eufórica, dadoa todos os aprendizados do dia, e não conseguia parar de revirar na cama.Peguei meu celular e coloquei uma playlist do Bon Jovi para tocar bem baixinho.Música sempre me acalmava e dessa vez não foi diferente, minutos depois estavame afundando satisfeita na inconsciência do sono pesado.

Através do Tempo - AMOSTRAOnde histórias criam vida. Descubra agora