Atos de Ignorância

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A jovem esquisita e adúltera de cabelo moreno comprido está caminhando pelas escadas do bloco par até ao outro ao lado sem medo, como se nada de mal a acontecesse. Confiança e ignorância são coisas completamente diferentes que poucos reconhecem. No caso dela, a ignorante sente confiante.

Ela escuta um berro do exterior.

-Maggie! - ela simplesmente dá de ombros e caminha mais um bocado, subindo, até parar à frente de uma das salas do fundo.

-C6. Tomara que você seja gato - ela enrola e estica a pastilha elástica magenta - Gato e muito mais! - começa rindo baixinho - Vamos lá conhecer o seu amiguinho escondido, Vasco. Tomara que eu tenha escolhido a pessoa certa!

Bate à porta com um ritmo alegre até demais, sacudindo o seu braço inteiro.

-Hello? Alguém está nesse quarto? - pergunta a aluna.

Sem sinal de vida, então decide mostrar a sua intenção para saber se funciona.

-Truz-truz, entrega especial, my boy. Trouxe o meu pão para a sua salsicha! - diz ela com uma voz paqueradora e louca.

Ninguém responde e a corrente de ar traz arrepios.

-Vá lá, não quer que eu utilize capuz vermelho e uma cestinha de brinquedos, se é que me entende, enquanto você faz de uma adorada avozinha? - pergunta, já impaciente e aborrecida - Tenho mais coisas que fazer do que ser morta, me dá licença! - gira a maçaneta e abre - Afinal nunca esteve trancada, safado? Vou considerar todo esse silêncio estúpido e dispensável como um "Só venha aqui que eu faço o resto do trabalho".

A prostituta mete os dois pés adentro e fecha a porta. Ela dá uma olhada na longa sala. Parece uma zona de ensino normal, se não fosse a pirâmide de cadeiras e muros de mesas logo próximo à entrada.

-Bem, você deve ter mãos e olhos muito grandes para fazer vários tipos de arte - mostrando interessada fazendo trocadilho de um conto, porém continua indiferente, afinal só veio com um objetivo.

Ela passa pelo meio de uma secretária, expondo a sua calcinha rosa encoberta do curto vestido escuro. Quando chega no outro lado da muralha, examina e o resto está todo vazio, estando na frente de um monte de madeira estruturada com poucas escapatórias. Sem cadeiras ou mesas à vista frontal, janelas cerradas, colchão apoiado na parede da esquerda e um rapaz acima do peso parado e encostado na parede da frente. Incapaz de observar bem o seu rosto, somente os óculos, ela resolve tornar por falar:

-Não queria dizer nada, mas você está um pouco cheiinho - a rapariga fica calada por uns segundos - Caga nisso que eu tenho um acordo essencial para conceber. É o seguinte - e pega no colchão - Que tal uma ajuda? Não? Está bem, babaca, desde que você faça um bom trabalho depois.

-Vai direto ao ponto - fala o misterioso rapaz na escuridão.

-Ok, relaxa, homem... É assim, eu me ofereço para satisfazer os seus mais insanos fetiches e eu fico segura aqui. Fechado? - pergunta, colocando o peso de algodão no chão.

-Queridinha, eu não posso por três motivos - diz com o som um pouco abafado.

-Querido, porra. Querido, eu achei que você fosse o rapaz mais travesso da lista. Querido, eu não posso voltar sem você me fuder literalmente. Querido, querido - e ela dá alguns passos para o escuro.

-Não posso. Mas posso prometer uma coisa: eu vou fuder você.

-Então, meu carinha, só venha. Qual é o seu problema?

-Problemas - a corrige - Primeiro, eu tenho namorado - revela aumentando o volume na última letra.

-Que seja! Você deve querer ter a experiência épica com uma garota como eu. Tenho a certeza que sim - diz piscando, passando a língua, olhando para o sul da blusa dele.

Falso DilemaOnde histórias criam vida. Descubra agora