Dakota do Sul
ElenaAgora a caixa faz sentido. Ela era uma tortuosa despedida de Bobby Singer. Não sei se poderei perdoá-lo por não ter me dado a chance de lhe dizer adeus.
A verdade é que não sei como ele partiu, reconheço que não posso julgá-lo, mas não consigo evitar essa algema de dúvidas à qual estou presa.
Na noite anterior, assim que Matt chegou, implorei para que partissemos sem demora, eu não dormi a madrugada inteira. Minha cabeça está imersa a preocupações, sinto os problemas me arrastando cada vez mais para o fundo, e não consigo alcançar a superfície.
Essa minha inquietude, se dá também em relação ao meu namorado, o fiz dirigir por horas sem direito a minutos de descanso, ele nem dormiu, Matt deve estar tão cansado. - deslizo a cabeça para o lado, encarando seus cabelos loiros e sua expressão firme em direção a estrada, manuseando o volante - Sim, ele está. Embora não aparente exaustão.
Outra parte da minha mente dispersa carrega carinhosamente Teresa, - minha amada avó, que precisei deixar na Virgínia - é ela o meu motivo, além de não sentir empatia por armas, para não ter embarcado nessa vida violenta de caça.
Está uma bagunça dentro de mim, essa tormenta de lágrimas não vai findar tão cedo, tenho certeza de que irei derrubar choro em sua memória para sempre, eu não conseguirei esquecê-lo.
Porque toda vez que eu o chamava de tio, toda vez que eu olhava para seu rosto, lá dentro, eu estava gritando em minha mente: "papai".
E ele foi um pai, muito mais do que um tio para mim.
Não trouxe nada além de algumas roupas e a caixa que coloquei no porta-malas, - essa é agora, a minha única lembrança dele - não consigo pensar em mais nada além do fato de que não vou conseguir vê-lo novamente.
- Elena, já estamos chegando. - a voz de Matt invadiu minha mente - Tem certeza de que não quer descansar um pouco?
- E ser atormentada por meus demônios? - o encarei de lado - Não, obrigada. Eu estou bem assim. Quero ficar acordada.
Ele continuou em silêncio. Matt é um bom homem. Sempre carinhoso e prestativo, querendo me fazer bem. Acho que não poderia exigir muito do destino, depois de tudo o que aprontei, um amor calmo e banal, parece até demais para mim. De uma coisa estou certa, o idiota morreria em meu lugar.
- Estou preocupada com você. - comentei, enquanto limpava os olhos - Não deveria tê-lo apressado, você deve estar tão cansado...
- Ei, relaxa! - seus olhos calmos me proporcionaram um pingo de esperança - Apenas se preocupe com o seu luto, perder alguém que amamos já é duro o suficiente. Você não precisa segurar o mundo, Elena.
Me encolhi à poltrona. Eu precisava aprender a ouvir as pessoas, faz tempo que tenho ouvido a mim mesma, e bem, as coisas não estão dando muito certo, não é?
"Dakota do Sul" - encarei a placa ao lado da estrada, enquanto sentia uma sensação tranquila dentro de mim. Pela primeira vez, o sofrimento em meu peito foi afastado pela beleza do lugar. Não era só a placa. O cheiro do local, aquele clima tão familiar, tudo me fazia sentir incrivelmente à vontade. Fazia tempo que não lembrava da sensação.
Empolguei-me por um instante, colocando as mãos para fora da janela, debruçando-me sobre o vidro. Aquele sentimento de pertença tão genuíno envolveu minha alma. Parecia coisa de outro mundo, um sentimento tão único quanto meu trajeto por aquela estrada.
Não estava olhando para Matt, mas sabia que ele estava olhando inteiramente para mim. Talvez perguntando-se como é possível alguém mudar de humor tão rápido. Ele sabia que eu era maluca. O vento secava cada gota espalhada pelo meu rosto, o som de pneu sendo arrastado no asfalto me deixou entusiasmada, eu precisava sair do carro. Precisava chegar logo, o quanto antes.
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Things Hunters - Supernatural (Vol.1)
RomanceElena Gilbert tornou-se o pesadelo constante de Dean Winchester. Cansado de arrastar as cinzas de seu antigo relacionamento, o caçador precisa apagar as memórias com a sobrinha de Bobby Singer. Porém uma tragédia irá levantar poeiras do passado, qua...