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"Pela imensa dor que invadiu o nosso sofrido coração, infelizmente vivemos um forte sentimento de perda e um enorme vazio. É duro de aceitar..."

Junmyeon prestava atenção atentamente no padre que celebrava com pesar a missa de sétimo dia da senhora Kim. Já havia se passado uma semana, uma semana que Jun só conseguia chorar de dor sempre que colocava os pés no seu quarto.

Seus pesadelos aumentaram ainda mais o grau de terror, agora o pequeno continuava tendo sonhos sobre ser trancado num porão, todavia ele era queimado e torturado lentamente. Então, por que Jun gostava dessa dor nos sonhos? O que a sua mente queria lhe alertar? Quando tentava falar sobre isso com Yixing, a única pessoa que poderia contar no momento, ele continuava dizendo a mesma palavra: presságio.

A capela era pequena de largura, mas enorme na altura. Toda de madeira como uma cabana, com um cemitério nos fundos. Jun decidiu que sua avó teria a moradia eterna naquele jardim, pois foi a igreja que ela cresceu e se casou, logo o seu marido estaria ao seu lado, já que ele havia sido enterrado no mesmo local. Além de que era um lugar bonito e sua avó sempre teria orações ao redor para protegê-la.

Todos os presentes eram antigos amigos da senhora (antes de ter sua surdez), senão seus antigos cuidadores e colegas da clínica que a mulher frequentava após a profunda depressão por conta da morte do senhor Kim. De parente, apenas o neto. O único não católico presente era Yixing, sentado ao lado com um paletó negro bem arrumado e os cachos ajeitados, o deixando incrível. O Zhang ajeitou o cabelo enquanto se forçava a olhar para frente e desviar a atenção de Myeon, que estava tão ajeitado e lindo quanto. Jun estava deprimido a missa inteira, como esperado.

"Junmyeon..."

"Zhang, sem conversa." Empurrou Yixing com a mão – que já havia se aproximado de seu ouvido para sussurrar –, sem tirar os olhos do altar.

"Ok, desculpe-me." Virou-se para frente. Jun o observou de canto de olho. Tão bonito, tão perfeito... Seus cachos escuros caíam pela testa em ondulações perfeitas, como as de um mar agitado. Pela primeira vez, não o vira com maquiagem, estava natural e mais lindo do que nunca. Mesmo assim, suas bochechas estavam rosadas e os lábios vermelhos.

Era um dia quente, então Myeon podia ver uma gota singular de suor se formando em sua testa lentamente, fazendo a pele lisa e sedosa brilhar. A pouca luz do sol que batia no rosto do Zhang o fazia resplandecer, por ser extremamente branco. A gola alta da camisa cobrindo-lhe o pescoço para esconder os chupões de Jun.

E rapidamente sua mente viajou para os momentos em que eles trocavam beijos e carícias. Yixing o possuía no ponto perfeito entre doçura e selvageria. O puxava pelos cabelos enquanto dava beijos açucarados e lentos.

Ah, aquilo excitava o mais velho. Tudo em Zhang o excitava descontroladamente e o levava à loucura. Junmyeon não tinha mais controle do próprio corpo ou mente, independente de onde ele estivesse, quanto mais observava Yixing, mais seu corpo inteiro desejava.

E isso estava começando a acontecer dentro da Igreja, na missa da sua avó.

Junmyeon arfou, já sentindo seu rosto ficando febril. Ele sempre ficava quente, pegando fogo, quando estava excitado. Fechou as pernas o máximo que pôde e tentou ficar calado. Percebendo sua inquietação, Yixing o olhou com preocupação.

"Jun, está tudo bem?"

"Sim... Não se preocupe..." Sorriu sem dentes.

"Isso é por causa da sua avó? Caso queira, posso te levar embora. Ela não ficaria triste com você por estar deprimido."

"Não é isso, Zhang!" Tentou ao máximo controlar seu tom, olhando para os lados verificando que ninguém havia ouvido. Respirou fundo e passou a encarar seus pés, incapaz de sequer olhar para o seu namorado. "Eu só..."

"Você...?" Silêncio. "Junmyeon? Tá tudo bem? Fala comigo, amor." E apoiou sua mão na coxa do outro.

Aquilo foi o fim da linha para o Kim. Ele rapidamente colocou a camisa social para fora afim de cobrir sua ereção e reagiu aos toques dos dedos de Yixing. O que ele estava se tornando? Um faminto por sexo assim como o chinês. Desejoso pelas sensações que só Zhang conseguia proporcionar.

Yixing acabou por percebendo seu desespero e deu um sorriso. Um sorriso carregado de aura demoníaca.

"Então quer dizer que você está desrespeitando Jesus Cristo, que deu a vida para te libertar dos seus pecados numa cruz, dessa forma?"

Jun o deu um soco na mão, mas Yixing voltou a apertar a sua coxa fingindo inocência.

"Até mesmo num local sagrado como a casa de Deus, você me quer descontroladamente?" Aproximou-se do ouvido dele, sussurrando. Jun apertou seus olhos e engoliu o seco no mínimo três vezes. "Quero ouvir você me respondendo, pequeno."

"Zhang, o que eu faço?" Gaguejou, e Yixing não teria escutado se não estivesse tão próximo. "Eu não entendo por que estou assim..."

"Agora você espera a celebração acabar." Disse, simples. "Então eu juro que irei te fazer entender."

E tirou a mão da coxa do outro, afagando-lhe os cabelos e os dois voltaram a prestar atenção no padre. Depois de alguns minutos, Yixing sussurrou, deixando a frase solta na brisa leve da manhã:

"Talvez você realmente não seja mais um anjo, assim como desejou no início. E agora, pretende ir de bom grado para o Inferno?"

conte-me sobre você  [ sulay ]Onde histórias criam vida. Descubra agora