Road To Freedom

Yin-Yang

Não é atoa que dizem que a noite é uma criança.

Desde pequenos somos acostumados a ouvir nossos pais dizerem que a noite foi feita para dormir e o dia para ser aproveitado desde cedo, com o seu sol e todas as paisagens paradisíacas.

Mas acabamos por descobrir mais tarde que existe uma magia única na noite. Suas madrugadas quase desertas e silenciosas, nos fazem acreditar que tudo é possível e não há nada que não possa ser conquistado.

Não há regras.

Não hã represálias.

Não há vozes altas.

Existem apenas uma lua, estrelas e um céu infinito, prontos para presenciarem os segredos mais lindos, as loucuras mais incoerentes e os sentimentos mais insanos.

A sanidade não tem vez.

E você pode ser o que quiser.

Fazer o que quiser.

Sem julgamentos e sem pressão.

Camila pensava sobre isso quando sentia o vento fresco lhe beijar o rosto e levar seus cabelos junto, conforme Chris acelerava com o carro.

A garota sentia aquela sensação maravilhosa de liberdade vibrar por suas veias e irradiar de seus póros, mais ainda ao sentir o olhar quente dos olhos verdes sobre si.

O sorriso da hispânica era unânime ao ver o quanto Camila parecia feliz com uma coisa tão simples quanto um passeio de carro pela madrugada. Pensara que realizar seus desejos mais insanos lhe traria um resto de vida mais alegre e honroso, mas isso apenas dobrava ao saber que estava fazendo com que a latina soubesse o que era viver de verdade e não apenas sobreviver.

Claro que Dinah e Normani encenando um dueto impecável de Telephone, um hino da Gaga e Beyoncé, com seus amigos cantando a plenos pulmões o refrão apenas colaborava para que o clima tenso de antes não tivesse mais vez por ali.

Os cortes e hematomas foram substituídos facilmente por sorrisos e gargalhadas e Lauren não podia admirar mais essa atitude. Ela podia enxergar a força imensa que eles tinham, principalmente daquela forma, unidos. Tanto que sentia até mesmo uma pontada de inveja as vezes... gostaria de ter tanta garra e coragem.

Suspirou e se apoiou sobre seus joelhos, se aproximando de Camila na capota do carro com um pensamento um tanto quanto ousado e brega, em sua opinião, lhe pipocando a mente.

Mas fazer o quê, ela faria tudo por aquele sorriso.

Ao chegar perto o suficiente, seu corpo se encaixou às costas da latina e suas mãos deslizaram suavemente por seus ombros e entrelaçaram seus dedos. Camila sorriu ao sentir o toque, fechando os olhos e tombando levemente a cabeça para o lado para que Lauren tivesse espaço para encaixar o seu queixo em seu ombro.

A hispânica esticou seus braços naquela posição clichê e seus cabelos igualmente voavam com o vento. Suspirou ao notar a carinha inocente e absurdamente fofa que Camila estava fazendo, não resistindo a plantar um beijo em sua nuca, sentindo a pele se arrepiar de forma instantânea.

Camila sentia o coração bater tão forte que tinha a certeza de que podiam ouvi-lo. O toque da hispânica causava reboliços em seu estômago e cada centímetro de seus corpos se encaixavam, como se tivessem sido perfeitamente desenhados para se completar em cada curva imperfeita.

- Tá, isso não é nada romântico - Lauren disse ao ter consciência do coro de "Vai malandra" logo atrás.

- ANITTA, SUA DESGRAÇA GOSTOSA DA PORRA! - A voz de Dinah ressoou em tom de indignação e empolgação.