Road To Freedom

My Moon

Alguns dizem que existe vida após a morte. E vão ainda mais além quando dizem que cada um de nós vive dezenas de vidas em uma mesma alma.

Você acredita nisso? Ou acha que as coisas simplesmente desaparecem e não tem mais volta?

Como explicar aquele momento em que conhecemos uma pessoa e algo dentro de nós grita que já nos conhecíamos antes? Quando a conversa flui com tamanha naturalidade, como se as palavras já tivessem sido ditas muitas e muitas vezes? E a intimidade é tamanha com apenas algumas horas de convivência?

Seria coincidência?

Oh não, não acredito nisso!

Conexões bastam apenas um olhar, uma palavra, um sorriso; e tudo parece funcionar em perfeita ordem, como se sempre estivesse ali.

Camila sorri ao observar Lauren dormindo serenamente, enquanto tinha seu notebook sobre o colo e podia ouvir a voz de Christopher e Dinah discutindo sobre quem comia mais cachorro quente.

Sobre a hispânica, Camila tinha certeza que ela carregava uma alma velha, mas ainda assim pura. Ela tinha uma áurea linda e única, pela qual carregava a experiência e a bondade. Lauren com certeza absoluta poderia mudar o mundo se quisesse, mesmo com toda aquela marra.

E o que falar dos outros? Bem, as garotas simplesmente a conquistaram com o seu jeito alegre de viver e de aproveitar as coisas simples que tornam a vida uma viagem inesquecível.

Os garotos não ficavam atrás. Eles tinham tanta garra, coragem e lealdade entre eles, que Camila os invejava. Exigia muito de alguém mudar para um país desconhecido sem ter mais do que alguns poucos dólares e roupas em uma mochila, enquanto toda a sua família está do outro lado. Exigia mais ainda enfrentar os preconceitos e manter a cabeça baixa diante de algumas humilhações, como ela sabia que eles já fizeram, assim como ela e sua família.

Era fascinante saber que todos estavam ali lutando e correndo atrás dos seus sonhos, sem fraquejar e sem deixar o sorriso morrer um segundo. E seu peito transbordava de orgulho ao saber que estava fazendo parte daquilo.

Camila nunca tivera uma vida como a de uma garota comum. Em sua infância ela tivera que se habituar a novos costumes, uma nova língua e necessidades em casa. Já em sua adolescência uma nova mudança drástica abalou suas estruturas e ela tivera de ser a melhor, a mais empenhada e perfeita em todos os quesitos. Suas notas jamais baixavam do 10 e suas apresentações não eram nada menos que excelentes. Ela era a queridinha dos professores, o sonho de toda universidade e o ódio e inveja de alguns, mas não passava de uma garota com seus sonhos e escolhas reprimidas.

Entretanto, não se arrependia de ter dedicado a sua vida para ser o melhor para a sua família. Ela entendia. No mundo atual não se pode deixar ser facilmente atingido e alcançado, é preciso construir uma muralha intransponível. Caso contrário, eles te comem vivo e depois te enterram a sete palmos do chão onde não se tem acesso de nenhuma forma.

O problema em si é: toda escolha tem sua consequência.

- Sempre tem que acordar cedo assim? - A voz rouca de Lauren ressoou na barraca, retirando-a de seus pensamentos.

Camila logo sorriu, fazendo a outra suspirar baixo. Lauren achava uma covardia ser bombardeada tão cedo.

- Eu posso dormir quando morrer - a latina deu de ombros, de forma divertida. - Mas um dia lindo como o de hoje tem que ser aproveitado!

- Você definitivamente é muito estranha! - Lauren riu, se sentando e se espreguiçando.

- Anda, vai se arrumar! - Camila a apressou, puxando seus braços para que ela se levantasse. - Eu vou buscar algo pra você comer!