Capítulo 6

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 Acordo e me espreguiço está tão frio hoje, empurro os cobertores, abro as cortinas os vidros da janela estão embaçados, então eu a abro e uma lufada de ar frio da manhã invade o quarto me fazendo tremer e eu as fecho novamente. "Ai meu Deus está nevando". Nevar aqui é uma completa raridade, o inverno aqui geralmente é só frio e chuvoso. Finalmente vou ter uma desculpa para usar minhas botas novas para o inverno, que estão embaixo da cama ainda na caixa. Pego minhas roupas de frio que se resumem em um casaco preto de capuz, uma blusa de gola alta preta de mangas compridas, jeans azul-escuro e minhas botas. Faço uma trança de lado e cubro a cabeça com o capuz e calço as luvas. Tomo o café e saio para pegar o carro, abro a porta e uma brisa glacial entra me fazendo tremer. Amo a neve detesto o frio, oque é no mínimo contraditório. A última coisa que eu ia querer é ter que ir a escola de moto hoje, ligo o aquecedor do carro no máximo e me dou conta que esqueci a mochila na bancada da cozinha, saio novamente para o vento glacial, depois de pegar a mochila e trancar a porta volto correndo para ficar longe do frio pelo maior tempo possível, a camada gelo que cobre o chão é extremamente lisa e escorrego, e um par de mãos com luvas de couro preto me segura impedindo de cair.

– Ei cuidado. Me viro e Luck me encara, em seu cabelo vários flocos de derretem, a moto dele esta parada fora da garagem, ele parece ter acabado de sair de um livro de contos, lindo como um príncipe da neve. – Pare já com isso. Sibilo para mim mesma.

– O que esta fazendo aqui? Pergunto num tom formal.

Ele parece tomar consciência de que ainda está me segurando, ele me solta e dá um passo para trás se afastando.

– Vim te pedir carona. Ele diz.

– E a sua moto? Pergunto.

– Está vindo uma nevasca, nem correndo vou conseguir chegar primeiro além das ruas estarem lisas por causa do gelo. Então pensei em deixar minha moto aqui e ir a escola com você. Você poderia me dar carona até a escola? Ele pergunta mecanicamente como se já tivesse treinado para dizer isso.

– Não. Digo rindo.

– Adoraria velo transformado em picolé. Provoco-o, e quase caio na gargalhada ao ver que ele esta tentando descobrir se estou brincando ou não.

Entro no carro e me estico para abrir a porta do carona para ele.

– Entra ai.

Ele põe a moto na garagem e saímos para a rua congelada.

A nevasca esta se tornando cada vez mais densa deixando a visibilidade péssima os limpadores de para-brisa não dão conta de tanta neve. Luck vê minha preocupação e estende a mão e toca o vidro, a neve começa a derreter quase instantaneamente. E ele olha para mim com um sorriso maroto.

– Como consegue fazer isso? Pergunto tentando fazer qualquer sombra se mover, mas elas continuam paradas como se zombassem do meu esforço. Suspiro frustrada.

– Pratica. Ele responde brincando com uma chama na ponta dos dedos.

– Pratica. Repito com uma pontada de inveja do seu controle perfeito. – não seja metido. Resmungo. Espiando de canto de olho a chama em sua mão.

–Não estou sendo metido. Dês dos quatro anos eu treino para... Ele se interrompe os vidros embasam pela brusca mudança de temperatura, o carro parece estranhamente quente. – Para ter um bom posto. Ele completa olhando para fora sem ver.

Sei que não era isso que ele ia dizer, mas prefiro não pressioná-lo ele pode transformar esse carro em um forno em segundos.

– Que posto você quer? Mudo de assunto.

Melodia das SombrasWhere stories live. Discover now