Capítulo 1

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"Podes cortar todas as flores, mas não podes impedir a Primavera de aparecer."

Pablo Neruda

Era primavera em Zamora. A cidade resplandecia quando chegavam à melhor estação do ano pra seus cidadãos, as flores coloriam a cidade de prata. Era um caleidoscópio de cores e cheiros, os bardos tocavam nas ruas, os curandeiros usavam as flores pra suas intrincadas poções milagrosas, as crianças corriam e pulavam pelos campos afofados por pétalas felpudas, os animais se deliciavam. Era a melhor época do ano.

Os grandes templos e palácios prata se vestiam pra receber a primavera, cada casa escolhia sua cor e se adornava, cada local c sua flor preferida. Era festa em seus muros, era o florescer da vida, e Zamora tinha prazer em comemorar isso, convidando pessoas de todo vasto mundo pra celebrar com eles. As universidades preferiam os tons azulados, os templos se vestiam de lilás, o comércio eram tons de amarelo, os palácios de cura todos pálidos e quase branco, as casas apostavam nos rosas e seus moradores amavam escolher os tons mais diferentes pra si.

O palácio real se mantinha como sempre, nunca mudava suas cores, se mantinha prateado sem nenhuma mudança externa, nenhuma tecido cobria suas paredes, nada sobre suas torres. O prata oficial era inalterável por fora, por dentro isso era diferente. Era uma profusão de cores harmoniosas e simbólica, ali tudo importava, todas as cores e flores eram bem vindas e aceitas, no palácio Raoden, reinava o colorido.

Os visitantes se deliciavam com tamanha beleza, eram bem vindos sempre, mas na primavera eles tinham algo a mais a fazer do que se curar ou estudar, na primavera eles celebravam nas ruas, dançavam de forma plena, cantavam c os bardos por todos os locais que tivesse um instrumento. As bebidas e comidas eram liberadas, o rei bancava a semana primaveril que abria o ano.

Era primavera em Zamora, mas não no coração de um homem que caminhava em suas ruas. Ele entrara como todos os outros visitantes, as portas abertas da cidade não diferenciavam e não vetavam ninguém. A alta magia da cidade protegia seus muros. A preocupação não existia em seus moradores. Esse homem entrara devagar e atento, se cobrira com um manto negro, pra esconder as cicatrizes e olhar destrutivo, ate assustaria se não fosse a capa que cobria seu rosto e corpo o deixando incógnita entre a multidão. Passara pela entrada e seguiu em frente, gastando o pouco dinheiro que tinha pra achar uma estalagem simples, aproveitaria a liberalidade do rei pra se alimentar enquanto ali estivesse. Seu orgulho, sua segunda pele o impediria de fazer isso em outro momento, mas ali estava algo maior que seu orgulho. Precisava ver ela. Chegara pra ver a princesa tão aclamada e falada. Evangelline Raoden tão bela e tão distante, tão inacessível quanto a lua, tão desejada quanto ela. A brilhante jóia do reino.

Ele estava dentro, ela precisava vim pra fora do muro dos castelos.

- A festa esta ainda melhor esse ano – ouvira de uma linda senhora ao passar por ele com um homem vestido com uma roupa estranha e um amuleto no pescoço

- A princesa vai casar, não existe melhor ocasião pra o rei ser ainda mais liberal nos festejos. – o homem falara num tom baixo demais que quase ele não conseguira ouvir. Os seguiu pra entender melhor a situação.

- Purpura será mesmo perfeito, as fadas estão preparando algo grandioso pra vestimenta da princesa, será que cantará pra gente¿ - Aquilo o fez ficar preocupado, cantar era a maior paixão de Evie, ela nunca se recusava a cantar, fazia isso em todo lugar e adorava plateia. Ela tinha mudado tanto assim¿

O casal seguiu pela rua e ele perdeu o fio da conversa enquanto pensava na voz da Evie silenciada, começou a anda a procura de algo ou alguém que ajudasse a vê-la. Os dias em zamora estavam apenas começando.

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