4 - A Revelação

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"A confiança que temos em nós mesmos, reflecte-se em grande parte, na confiança que temos nos outros"

Ela continuava no meu quarto, bem na minha frente, me encarando, esperando que eu lhe desse a tal bússola, supostamente.

- Por que você quer essa bússola? - perguntei.

- Eu prometo lhe explicar depois, mas é uma situação de vida ou morte, você precisa me dar essa bússola, se não sua realidade será destruída. - Respondeu ela, que embora com uma expressão levemente preocupada, demonstrava uma seriedade enorme.

Ainda sem saber o que fazer, em choque com o que eu tinha visto, fiquei travado, apenas a encarando.

- Desculpe, não há mais tempo. - falou a menina dos olhos violetas, pegando rapidamente a bússola de minhas mãos, tão rápido que não pude reagir - Eu prometo que tudo será explicado a você mais tarde, agora eu tenho que ir.

Ela pegou a minha bússola, disse aquela frase, e sumiu, simplesmente sumiu em um piscar de olhos. Eu estava confuso, me perguntando quem era aquela menina, o que era aquela bússola, qual era seu significado.

Olhei para a janela e reparei em algo bem estranho, já era dia, o sol estava nascendo. Era como se eu tivesse passado horas naquele mundo, sendo que foi um intervalo de segundos.

Enquanto eu pensava e admirava aquele lindo nascer do sol, uma estranha paz que acabara de surgir em mim, alguém batia na porta do meu quarto.

- Quem é? - perguntei.

- Filho, sou eu, preciso falar com você agora. - Era minha mãe, fiquei feliz por saber que ela estava bem, embora confuso do que possa ter acontecido nesse tempo que eu estava naquele "outro mundo".

- Mãe! - gritei, em seguida abri a porta e lhe dei um longo abraço, lágrimas corriam do meu rosto, lágrimas confusas.

- Eros, eu preciso te contar algo sério, estava esperando o momento certo, você já tem 17 anos, acho que já é a hora. - disse ela, me olhando com uma expressão bem séria, provavelmente prestes a revelar um segredo.

- Mãe, só me explica, o que aconteceu nesse tempo? Onde você estava? - perguntei.

- Filho, isso não importa agora, fique calmo, tenho que te revelar a verdade, chegou a hora. - disse ela, ainda bem séria.

- Tudo bem, mãe. - sentei em minha cama, fiquei calmo, embora receoso do que possa ser essa revelação.

- Filho, você já reparou que sua aparência é meio diferente da nossa né? Eu e seu irmão temos cabelo ondulado, e somos morenos.

- Sim... - então interrompi a conversa e perguntei - Mãe, você teve um caso no passado além do meu pai?

- Não filho! - respondeu ela, gargalhando discretamente - Acontece que, quando o Daniel tinha uns três anos, eu tava passeando com seu pai no parque à noite. O parque estava vazio, enquanto andávamos escutamos um choro vindo próximo da fonte do parque. Era um bebê, lindo, olhos azuis, cabelinho escuro, e sozinho.

Já imaginava o que ela iria dizer, olhei pro seu rosto com a expressão mais séria possível, me preparando psicologicamente para a tal revelação.

- Era você, filho. Você era só um bebê, estava usando uma roupinha estranha, e no seu pescoço, tinha um tipo de cordão, com alguns pisca-piscas, com uma bússola amarrada.

Fiquei chocado com essa conversa, lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos lentamente, minha mãe passou a mão no meu rosto e as enxugou.

- Então filho, pegamos aquele bebê, levamos pra casa, e lhe acolhemos, como nosso filho. - disse ela sinceramente - Após procurar saber sobre você, claro, depois de meses procurando saber se você tinha pais, o porquê de ter sido abandonado naquele parque, ninguém nos contatou, então o adotamos no papel.

A Ordem do Cosmos - O Destino Do FuturoOnde histórias criam vida. Descubra agora