capítulo II |

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- Capitão?   - Chamou Fernandez, um jovem pirata de vinte e seis anos

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- Capitão?   - Chamou Fernandez, um jovem pirata de vinte e seis anos.

- Está tudo bem, senhor?   - Richard acompanhou.   - Água nos olhos. Sono?

- Sim.   - Menti, limpando os olhos que começaram a enxer-se com a manga de meu pijama.   - Apenas não entendo o que vocês estão fazendo aqui. Fernandez, não deveria estar vigiando o mar no alto da torre? Ou melhor, todos vocês não deveriam estar cumprindo com suas obrigações em vez de estarem proseando com o prisioneiro?

- Mas, senhor, o mar está muito calmo!   - Fernandez retrucou.

- Todos já estão muito bem alimentados.   - Disse o cozinheiro, Jefferson.

- O novio está limpo como nunca!   - Sorriu James, o responsável pela limpeza do lugar.

Muitos outros também passaram a se justificar, o que me fez perder a paciência.

- Dá para vocês calarem a boca?!   - Berrei estressado.   - Por que querem ficar com o ratinho?

O garoto sorriu de forma debochada.

- Talvez porque eu os trate feito seres humanos!

Pela milésima vez no dia, exclamações de surpresa eram soltadas graças ao que saía de sua boca.

Me aproximei dele a passos leves. Os olhos de meus homens estavam arregalados e o garoto não se importava em demonstrar reação alguma. Segurei-lhe o pescoço outra vez. Desta, eu não queria sacudi-lo e sim enforcá-lo. Aos poucos ganhou outra cor.

- Senhor, é apenas um homem pequeno!   - James lembrou-me. Sua respiração estava um pouco mais acelarada que o comum e segurava os cabelos loiros com força.

Não liguei para suas palavras e continuei a machucá-lo. Ele não gritava e eu não compreendia. Eu o estava matando e ele não tentava se soltar. Fui perceber seu truque depois. Ele me olhava nos olhos, encarando-me fixamente, como se me desafiasse a ser o monstro que fazer aquilo me tornaria. Comecei a me agonizar.

- No olhe para mim!   - Gritei. Ele não parou. Os olhinhos grandes começaram a marejar.

Não consegui. Soltei-lhe lentamente. Tossiu algumas vezes e se deitou na cama de palha de sua pequena cela suja. Aos poucos, recuperou sua cor natural.

Eu estava com as mãos na cabeça, puxando os meus próprios fios de cabelo levemente. Eu não poderia chorar na frente de meus homens, porque, para mim, aquilo seria acabar com toda a possibilidade de respeito. Eu me sentia mal comigo mesmo por não ter conseguido fazer aquilo. Queria chorar de raiva e tristeza por ainda não ser maduro o suficiente.

- Muito obrigado!   - O prisioneirinho me olhou com um brilho maravilhado nos olhos. Me perguntei qual era o seu problema. Quase o havia enforcado havia poucos segundos.

- Você é biruta?   - Indaguei.

Ele sorriu de forma doce e sincera.

- Você é piedoso! Eu soube desde o princípio. Você salvou a minha vida!

- Eu quase o matei.   - Disse eu.

- Mas não o fez. Tenho certeza que não o faria. Você é como eles! Você é bom. Então, obrigado!   - Repetiu.

Saí dali abismado. Bati a porta de meu quarto. As lágrimas escorreram de meus olhos em torrentes. Me joguei na cama e me cobri com os lençóis dos pés à cabeça, feito uma criança pequena.

Apenas estava confuso. Não entendia as lágrimas. Não entendia meu estresse. Não me entendia. Nem entendia o que aquele menino tinha de tão especial, ou o que ele fazia comigo. Por isso, não comi meu peixe, nem tomei meu chá. Apenas dormi. Um sono sem sonho, pesado e longo. O tipo de sonho raro para um pirata como eu.

Olá, polvos marinhos! Como vão? Aqui é a Grazi e este é o nosso pequeno segundo capítulo.
Agradeço a você pela leitura!
Espero que tenha gostado.
Tentarei publicar com mais frequência. Eu juro! Ah, e eu gostaria de agradecer à FPQuintiliano pela capa maravilhosa.
- G.L

[ O Garoto De Wildsea ]Onde histórias criam vida. Descubra agora