Por que Lance era como um dia na praia. A sensação dos pés arrastando na areia, o sol queimando a pele, o cheiro e o som do mar, o vento no cabelo, o pôr do sol alaranjado, o fechar de olhos preguiçosos. Lance era tudo isso. Ele era como um dia na praia. Calmo. Quente. Tão quente que Keith mal podia respirar, às vezes, a alta temperatura o deixava mole, preguiçoso. Ele suava, respirando ofegante. Os sons que saiam de sua boca eram gemidos abafados, que soavam como as ondas quebrando no mar. Lance tinha a música em si. O modo como os quadris balançavam sutilmente quando ele andava, nem percebendo o que fazia com a sanidade de Keith. Os lábios de Lance eram doces, molhados, suaves, ao ponto de fazer com que um "vá se foder" parecesse carinhoso. Era afeição, sempre. Os olhos do menino pareciam o mar, azuis e serenos, e quando Keith pensava neles, decidia que se afogar não parecia tão ruim assim.
— querido, venha para a sombra—se Lance pedisse naquele tom de sussurro, com a boca tão próxima da orelha de Keith, ele iria até para o inferno sem pestanejar. Os lábios suaves roçaram na pele sensível do ouvido, e então do pescoço, e por fim, do ombro, onde o sol já tostara, deixando o local avermelhado e com maior sensibilidade. Ao notar, Lance sorriu — ... Hmmm, isso pode machucar você depois— Lance passou um dedo leve pela pele rosada, com tanto cuidado que a pele quase não registrou o toque, e então beijou o local. Keith pensou que poderia se desfazer em pedaços com o simples gesto, e Lance sorriu. Ele sorriu um daqueles sorrisos que fariam o sol, a lua e todas as estrelas do céu terem ciúmes de seu brilho, um daqueles que fazia o coração de Keith desfalecer. — vamos, eu vou passar alguma coisa em você, não quero que sua pele sofra.
— Sim, certo— as palavras se desenrolaram da garganta de Keith e ele se permitiu ser levado pelo garoto que possuía a dança em seu corpo e os sons da música em sua voz. Um calor febril se alastrou em seu corpo como fogo na selva quando sentiu as pontas dos dedos de Lance atravessarem suas costas e passearem pelo seu corpo. O Sol parecia chamá-lo.
— Você está se sentindo bem?
— Sim — assegurou.
— Tem certeza?
— absoluta
Lance levou uma das mãos à face de Keith.
— Você está quente.
—Sim
Seus olhos se fecharam.
Sem fôlego, ele estava sem fôlego,sim, e sinceramente, ele gostava. Lance o deixava sem fôlego e ele se deliciava, e estava querendo cada vez mais, aquilo não seria, nunca, o suficiente. O sol queimava.
Os lábios deles colidiram. O sol continuava queimando. Calor. Os ventos faziam cócegas em seus cabelos. O sol ainda queimava, assediando suas peles. O calor ainda se alastrava, deliberado, dissimulado, selvagem como dois adolescentes apaixonados debaixo do céu, do sol e da luz de todas as estrelas espalhadas no espaço que se ascendiam acima deles, apenas para eles.