Epílogo - O sabor da felicidade

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— Fantástico! Meu genro faz um churrasco fantástico! — Tsume agitou o espetinho cheio de carne no ar antes de levar aos lábios e arrancar os três primeiro pedaços com as presas afiadas.

— Obrigado — Shino agradeceu.

— Devia enfiar uma carne nesse bucho, moleque!

— Sou vegetariano.

— Sei, sei. É branco que nem um defunto, isso é falta de carne.

— Não...

— Se eu souber que broxou e deixou meu bebê na mão... você vai se ver comigo! Um Inuzuka nunca deve recorrer ao cinco contra um, fui clara?

— Sim, senhora. Kiba não corre tal risco — falou solene. Àquela altura já não se surpreendia mais com o comportamento da matriarca Inuzuka. Mas dez anos atrás, quando a conheceu, levou um belo susto. Kiba era exótico, mas nem de longe se comparava a Tsume!

Foi até o pai, sentado debaixo de um guarda sol, e ofereceu uma nova garrafinha de sake.

Seu quintal dos fundos estava bem diferente. Agora o gramado acomodava não apenas a estufa, mas uma churrasqueira e uma pequena piscina. Exigências de seu marido, claro.

E por falar em marido... Kiba estava muito quieto.

Quando ficava assim, só significava uma coisa!

E nem dez anos de convivência amenizavam o humor de Shino nessa hora, pois ele sentiu uma veia saltar em sua testa. Logo ele, que sempre foi muito controlado e racional, se cansava de repetir o mesmo discurso e não ter nenhum efeito. Seria muito diferente se usasse a causa que os uniu: nenhuma de suas ordens era negada. Porém nunca faria algo tão covarde com alguém a quem amava.

Acabou por ir servir Hana também, oferecendo a moça a segunda garrafinha com sake. Hana observava o jardim, bem cuidado e florido.

— Ótimo trabalho, parabéns! — ela elogiou.

— Obrigado.

Hana sorriu.

Era uma mulher tão madura, um contraste com o irmão caçula! Quando estavam lado a lado era impossível não comparar. Tudo o que Hana tinha de elegante e graciosa, Kiba tinha de estabanado e desastrado. Ela era calma, responsável e educada. Kiba era impulsivo, imprudente e desatinado. Cada um único em seu jeito de ser, que Shino aprendeu a amar de jeitos diferentes. Nutria por Hana a mesma afinidade que sentiria por uma irmã mais velha.

Para Kiba, ofertou aquele espaço reservado para o amor de enamorados.

A família estava reunida para comemorar uma data especial, algo que vinha acontecendo pelos últimos cinco anos. E a grande estrela da ocasião estava, com toda certeza do mundo, enfiada na estufa cavocando e comendo os raros legumes élficos que Shino plantava para suas poções!

Garantindo que Tsume, Hana e seu pai estavam bem servidos e a vontade, Shino resolveu ir logo dar um flagra antes que ficasse (de novo) sem poder fazer o seu trabalho pela falta de ingredientes.

Pediu incensa aos três e foi até a estufa.

E lá estava o Pastor-da-Mantiqueira, cavando um canteiro de nabos com as patas dianteiras e fazendo terra voar para longe. O canteiro das beterrabas já tinha sido devidamente saqueado.

— Kiba — falou baixo.

O cachorro paralisou-se no ato. E foi imitado pelo Dogue Alemão preto que estava ao lado dele e abria um buraco ainda maior. Quase em simultâneo eles se viraram na direção de Shino, parado a porta com a mão na cintura e expressão de quem estava prestes a dar uma bronca monumental. Do mesmo modo, as orelhas se dobraram. O Dogue ainda teve a coragem de balançar a cauda, com esperança. Mas Shino continuou sério e ele viu que estava enrascado.

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