A viagem para Tulsa

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Susan e eu acabamos de embarcar no voo DL4758 com o destino para Tulsa. Quando já estamos acomodadas eu pego o livro que eu trouxe para tentar me distrair. Tento me concentrar na leitura, mas não consigo passar da primeira página, mil pensamentos passam pela minha cabeça ao mesmo tempo.  Eu fecho o livro e começo a assistir ao filme que está passando, mas é inútil. Eu sei que não deveria estar tão nervosa, que provavelmente é exagero meu, mas só de pensar que conhecerei os pais de Taylor eu fico apavorada. Em parte por saber que não importa o quanto eu me esforce eles não vão gostar de mim, eu sou "a outra", a mulher que destruiu o casamento do filho deles e fez com que ele desobedecesse a eles e a religião que eles tanto presam. Eles gostam da Natalie, a esposa perfeita que segue a religião e vive para cuidar dos filhos.

- Meu Deus Claire! Pare de se mexer nessa cadeira. – Susan fala irritada.

- Me desculpa Susan. Eu não consigo relaxar. Eu não deveria ter vindo.

- É claro que deveria. É o seu trabalho. E Taylor pediu que você viesse, tenho certeza que você está se preocupando a toa.

- Você tem razão. Eu vou rever alguns contratos. – Falo enquanto pego o notebook. – Trabalhar sempre me distrai.

- Faça isso mesmo... E me deixa descansar, por favor!

A ideia de focar no trabalho funcionou, consegui esquecer tudo isso o resto da viagem. Mas tudo piorou assim que eu escutei a aeromoça falar no autofalante que estamos pousando no aeroporto de Tulsa. Uma onda de pânico começa a crescer dentro de mim, minhas mãos começam a suar e me sinto um pouco abafada.  Fecho os meus olhos e começo a respirar devagar repetindo como um mantra: "Se controla... Se controla... Se controla...".

Descemos do avião, pegamos nossas bagagens e fomos para frente do aeroporto. Taylor disse que enviaria um carro para nos pegar no aeroporto. Não foi difícil encontrar o carro, é uma van branca com a palavra 3CG Records estampada na lateral. Quando Susan e eu entramos na van, mal posso acreditar, Taylor está lá dentro nos esperando.

- Taylor! Não acredito que você veio nos buscar. – Estou reunindo todo o autocontrole que tenho. Tudo o que eu gostaria de fazer agora é me jogar nos braços dele e beijá-lo. Mas sei que não posso.

- Eu não poderia deixar de vir. – Ele fala. Sua mão alcança a minha num toque suave, e só isso já é o suficiente para fazer meu corpo vibrar.

- Como vai Susan? – Ele fala para Susan.

- Estou bem. É um prazer revê-lo Taylor. – Susan diz.

- Fico feliz que estejam aqui.

- Nós também. – Ela responde.

Na maior parte do caminho nós permanecemos calados. Apenas trocamos olhares, eu sei que parece louco, mas eu consigo ler o seu olhar. E sei que ele consegue ler o meu também. Eu consigo ver no azul dos seus olhos, que ele sente muito por não poder me abraçar agora e vejo também que não sou a única que está se esforçando muito para manter o controle.

- Eu não poderei descer da van... Mas eu precisava vir te ver. – Taylor se aproxima um pouco de mim e fala.

- Eu sei... – Eu respondo.

- O hotel é muito próximo à gravadora, depois que vocês se acomodarem vocês podem ir conhecê-la. – Taylor fala assim que a van para na frente do hotel.

- Eu vou adorar. – Susan responde por nós duas.

- Então eu espero por vocês lá.

- Até daqui a pouco. – Eu falo antes de sair do carro.

Entramos no hotel e fazemos o check-in, Susan insistiu para que ficássemos no mesmo quarto. Desse jeito evitaremos qualquer tentativa louca de eu e Taylor passarmos a noite juntos. Por mais que essa ideia não me agrade, eu sei que Susan está certa. Taylor e eu temos que ter muito cuidado enquanto estivermos aqui em Tulsa.

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