Capítulo 6

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Quando os primeiros raios de Sol ganharam o céu do litoral da Califórnia, Hailee já estava desperta. Na verdade, Hailee já se encontrava desperta muito antes dos primeiros raios de Sol ganhar forma no céu: dormir não foi fácil, ainda que se sentisse cansada pelo longo dia anterior, dormir não foi fácil de fazer. A razão? Três pequenas palavras.

Três pequenas palavras que foram mencionadas quando ela nem mesmo as esperava, ou sonhava as ouvir tão de repente. Isso, logo, sem que pudesse ter controle, chegou a causar duvidas em sua mente que explodindo como fogos de artifícios a fez desistir de ferrar-se ao sono assim como o próprio rapaz o havia feito bem ao seu lado.

Então, lá estavam os raios de Sol lembrando Hailee que ela poderia ter um pouco de controle se buscasse por este. Estes mesmos raios de Sol também estavam tendo um efeito agradável e considerável para ela que, não pensou duas vezes em banhar-se, vestir o que mais de confortável encontrasse, e deixar-se liberar toda a energia que havia acumulado na madrugada anterior.

Pessoas que não conseguem dormir, em geral, sentem-se exaustas no dia seguinte. Contudo, naquela manhã em especial, a moça não se sentiu nem um pouco exausta, muito pelo contrário. Sentiu-se com energia o suficiente para correr pela praia, não se afastando muito de onde Niall se encontrava ainda adormecido, bem aquecido pelo cobertor que ela certificara de depositá-lo contra ele que, na madrugada, grudara-se a ela como se fosse seu cobertor – Hailee poderia pensar que Niall a tratava como seu urso, seu companheiro para dormir, mas, apenas à menção dessa ideia a fazia rir e desconsiderar a ideia, dado o fato de que ele era velho demais para agir como uma criança.

Sendo assim, Hailee aproveitou as primeiras horas do dia para correr. Sentiu necessidade de liberar toda a energia acumulada, e sentiu necessidade de pensar. Pensar e muito.

Mas, a cada dez pensamentos que possuía, onze eram direcionados ao rapaz e as palavras que este pronunciara. Por mais que tentasse fugir destas, a moça não conseguia. Ou não queria. Bom. Ela encontrava-se legitimamente confusa diante de tal situação, porém, das vezes em que parara em meio à corrida e fechara os olhos a fim de sentir a brisa fria do mar, ela revivia o instante em que Niall murmurara as palavras e a puxara para próximo involuntariamente. A sensação que sentira naquele segundo voltou a tomar seu coração, e com a mão contra o peito, soltou o ar que prendera momentaneamente. Ela tomou novamente uma respiração, apertou a ponte entre os olhos, bebericou um pouco de água e voltou a correr, sentindo o sangue bombear por todo o corpo e sentindo o pulsar ligeiramente confortável em seus ouvidos, seu coração batendo forte por conta de todo exercício feito, fazendo-a se sentir muito mais do que viva.

*

Niall costuma em geral ter sono pesado, sobretudo quando se encontra cansado depois de viajar por horas. Mas, naquela manhã em especial certa sensação o fez abrir os olhos e despertar quase abruptamente. A sensação de que se encontrava sozinho. Ou melhor, um sonho havia disparado o gatilho que o levara a ter sensação de solidão, chegando apertar seu coração, dificultar sua respiração que antes se encontrava calma, obrigando-o abrir os olhos a fim de fugir do que o assustava, o medo de estar só.

Desde que tivera seu coração partido pela primeira vez, o mesmo sonho o perseguia, vez ou outra, o mesmo sonho estava lá para ele, assustando-o. Era sempre o mesmo lugar, era sempre a mesma mulher de cabelos longos ao qual não lhe permitia enxergar o rosto, era sempre à mesma voz que sussurrava palavras inaudíveis.

Era sempre o mesmo sentimento. Era sempre o mesmo sentimento que possuía quando se encontrava por conta própria, quando se encontrava distraído por memórias que não mais deveriam lhe pertencer. Era quase sempre a certeza de que em algum momento aquilo o deixaria para sempre, aquele sonho, e em seu lugar teria algo melhor que aquela maldita perseguição que o fazia abrir os olhos e enxergar embaçado. Enxergar embaçado também a certeza que necessitava ter, mas, não sabia como.

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