Liam era mais irritante para Camila que Normani. Isso porque o soldado não lhe dava uma pitada de atenção sequer. Ela tinha falado, falado, falado mas ele nem mudava a expressão. Não achava nada engraçado, ou tinha raiva. Ele era indiferente à Camila.
Diferente da passagem que usou antes, os dois entraram em uma casa abandonada aos pés do castelo real. Tudo dentro da casa estava quebrado ou em decomposição por causa do tempo. Camila podia ouvir o barulho dos ratos andando por ali.
Andaram tão rápido que não foi possível à ela perceber mais detalhes dali. Logo, estavam nos fundos da casa e um outro alçapão foi revelado por Liam.
- Caramba, quantos desses têm espalhados pela cidade? Tenho receio de andar por aí e do nada cair em um buraco, andar, andar e andar e acabar nos aposentos da Rainha. - Camila falou, encarando o alçapão aberto para ela.
O soldado apenas a encarava, esperando quando finalmente ela iria calar a boca e descer as escadas.
Derrotada, Camila desceu. Seus pensamentos estavam longe, em Dinah com aquela dama arrogante. Será que estava realmente segura?
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Todo caminho até a estalagem elas fizeram caladas. Dinah tentava se prender à rota, tentando decorá-lo para que pudesse andar pela cidade em liberdade. Mesmo já tarde, muitos lugares ainda estavam abertos. Elas passaram por uma casa de prazer, escutando uma música alta que vinha do estabelecimento e gritos de mulheres, mas eram gritos animados. Provavelmente aquele era o lugar mais animado da cidade.
Normani tinha uma postura totalmente ereta. O nariz empinado e os olhos vidrados davam-na uma visão de mulher forte, mas também fria. Dinah a olhava de rabo de olho, esperando alguma palavra, qualquer palavra. Queria conversar, mas conversar sobre o que?
Quando finalmente pararam em frente da estalagem, Normani a encarou.
- Bom, chegamos. - sua voz era mansa e ela olhava fundo nos olhos de Dinah.
- É… Obrigada. - Dinah abriu a porta e entrou, fechando-a em seguida.
Estava um breu ali e muito silencioso. Ela franziu o cenho, tateando com as mãos as paredes.
Por que ninguém estava ali? A essa hora pelo menos deveria ter a filha da estalajadeira arrumando o que as pessoas tinham sujado.
De repente, ela sentiu uma presença ali. Uma sensação ruim tomou o seu peito e os pêlos do seu braço se arrepiaram. Ela sentiu vontade de correr, voltar para fora, para a dama e pôs-se a fazer isso, mas uma mão se fechou em seu braço e ela foi puxada com força.
Sua cabeça bateu em um peito forte, de homem e ela se desesperou.
- M-me solte! - ela tinha a voz entrecortada, com medo. - Socorr…- sua boca foi tampada e finalmente ela conseguiu ver seu rosto, porque tinha um archote em sua mão.
Era grotesco, uma aparência medíocre. Seus olhos fizeram Dinah estremecer. Eram frios, cheios de malícia e má intenção. Reconhecia olhares assim, seu pai sempre a olhava dessa maneira.
Ele era alto e bem gordo, forte. Sua barba estava por fazer e sua boca tinha um corte profundo e horrível de se olhar. Ele era careca.
Quando sorriu, ela começou a chorar.
- Você é uma coisinha bonita, não é? - a mão asquerosa dele apertou os seios de Dinah, ela se remexeu inquieta. - Eu vou tratar você com cuidado… - ele se inclinou para beijá-la.
Ela fechou os olhos, se recusando a ver o que ele faria. Não conseguia entender, tinha fugido daquela casa de prazeres anos atrás com Camila para que algo assim não acontecesse e agora, bem longe de seu reino natal, aconteceria.

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A Concubina Real
FanfictionAté que ponto a curiosidade pode te levar? Onde começa a curiosidade e onde termina? E quando termina, o que a curiosidade se torna? A Rainha Lauren só queria expandir seus horizontes sexuais, mas tudo mudou.