10. Limite

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Foi para Liam que Dinah abriu a porta aquela noite e ela não soube como disfarçar sua decepção.

E sua raiva.

Porque Normani era uma covarde.

Deixou que ele levasse Camila, mas não ficou no quarto como era rotineiro.

Saiu, sentindo o vento frio do outono arrepiando sua pele. Repreendeu-se mentalmente por não ter vestido sua capa, mas não iria voltar para o quarto, parecia uma prisão.

Sterlar era viva em casas de prazer, o que era normal para um reino grande que continha um porto. Marinheiros adoravam prostitutas. Dinah passou por uma extremamente grande, pintado de branco. Mulheres gritavam animadas ali dentro e a loira só conseguia pensar em como seria a sua vida se Camila jamais lhe desse a liberdade. Se acostumaria? Passaria a gostar depois de alguns anos? Ou seria um inferno até o momento em que ela conseguisse comprar a sua liberdade? Felizmente, o destino - e Camila - a pouparam de descobrir tudo isso.

Olhou para a porta da casa de prazer. Será que as mulheres ali dentro eram felizes? Será que elas pensam num futuro melhor? Sonham em casar, ter filhos? Será que elas podem sonhar?

Será que sabiam sonhar?

Ninguém ligava para prostitutas, eram coisas descartáveis, usadas para o prazer e apenas para isso.

Voltou a andar pela cidade a fim de afastar tais pensamentos tristes. As folhas do outono no chão, pintando as ruas de um tom bonito de laranja. Chutou algumas.

De repente, estava no porto, os navios ancorados ali perto. As ondas do Mar de Sterlar batiam nos cacos e eram o único som ali. A brisa que vinha do mar era fria, realmente fria e tinha cheiro de sal.

- Dinah Jane? - uma voz a chamou atrás de si. Dinah virou-se, vendo Normani parada totalmente ereta, as mãos fechadas na altura da sua cintura.

Dinah nada respondeu. Apenas a encarou. Merecia uma explicação, não é?

- O que eu fiz foi impróprio, eu peço perdão, Dinah. - Normani falou, sua voz tranquila.

- Não foi impróprio, eu também quis. Você não me deve nada. - se virou andando pelo cais, ignorando totalmente Normani.

- Dinah, não fique com raiva de mim… - ouvi a voz da negra atrás de si, mas não parou. - Nunca poderia acontecer algo entre nós…

- Por que? - Dinah se virou, furiosa. - Porque você é da realeza e eu não sou ninguém? Apenas a amiga da prostituta famosa?

- Porque você é mulher, é inaceitável… - Normani tentou explicar, mas Dinah levantou a mão, fazendo-a parar.

- Me deixe em paz, milady. - a loira sussurrou. - Eu quero você bem longe de mim.

Dinah passou por Normani como um raio e fez seu caminho de volta à estalagem. As lágrimas escorriam descontroladas por suas bochechas.

A Rainha não estava à espera de Camila em sua sala de descanso como era de praxe. Ao  contrário disso, Camila foi instruída à subir para seus aposentos de dormir, Lauren a esperava lá.

Lauren estava na varanda, olhando seu próprio reino. A paisagem descolorida pela Lua num preto e branco que favorecia a Rainha. Camila se aproximou e colou seu corpo ao de Lauren, sentindo a pele fria de seus braços. Novamente, Lauren só vestia a capa vermelha cor de sangue.

- Faz bastante tempo, Majestade. - sussurrou ao ouvido da Rainha.

Lauren se arrepiou.

- Com certeza faz, Camila. - respondeu firme. - Beije-me. - ordenou, levantando sua capa pela bainha, deixando o caminho livre para Camila.

Camila se ajoelhou, sentindo o chão frio em suas pernas e apertou a carne de Lauren. Passou sua cabeça e tronco por debaixo das pernas da Rainha e sentou no chão.

A intimidade de Lauren… Tão quente e convidativa…

Como um imã, a boca de Camila se grudou ao sexo de Lauren, chupando e sugando, lambendo e se deliciando. A rainha arreganhou um pouco mais as duas pernas e se agarrou ao parapeito da varanda, fechando os olhos.

Camila apertou ainda mais a bunda de Lauren, a trazendo mais para si, a chupando com mais afinco. Lauren gemeu alto, abaixando a cabeça, respirando com dificuldade. Os olhos das duas se encontraram, ambas enlouquecidas com o momento. O olhar de Lauren era tão intenso, tão firme, ardente de desejo.

Camila não parou, pelo contrário, foi mais rápida, com mais gana, sentindo as pernas de Lauren tremerem violentamente.

Não tinha uma parte das peles de Lauren e Camila que não se tocavam. Elas estavam tão grudadas que poderiam se fundir em um corpo só. Dos pés à cabeça se tocavam de alguma forma: os pés enroscados, os dedos entrelaçados, os sexos unidos. Camila se movimentava lento, Lauren a sentia centímetro por centímetro. Seus corpos banhados de suor, os olhares intensos... Tudo somava para uma noite perfeita.

Camila se inclinou, beijando e chupando pescoço de Lauren. De repente, ouviu algo estranho vindo da Rainha, algo como… soluços? Levantou a cabeça e encarou a Rainha.

Lauren estava chorando.

- Lauren? - chamou apreensiva. - Lauren eu estou te machucando?

Ela não respondeu. Ao invés disso, colocou as mãos no rosto, chorando ainda mais. Camila saiu de dentro dela e deitou ao seu lado, puxando-a para si.

Porque entendia suas lágrimas, estranhamente entendia.

Deixou Lauren chorando em seu peito e ficou calada, totalmente calada. Quem poderia imaginar que uma Rainha poderia se despedaçar dessa maneira?

Algum tempo depois - Camila não soube dizer quanto - Lauren dormiu. Serena e calma, dormiu no peito de Camila.

A morena a levantou com cuidado, colocando a de olhos verdes em seu travesseiro. Lauren era bonita até dormindo, como era possível? Sua boca meio aberta, mostrando seus dentes tão brancos. A expressão lívida, tranquila.

O peito de Camila foi preenchido por uma emoção diferente, avassaladora. O coração disparou e ela sorriu, sorriu largo. Mas depois ficou séria de novo.

- Não, Camila. - falou para si mesma. - Você não pode, ela não.

Mas não tirou os olhos da Rainha.

Deixou que seu corpo fosse jogado na cama de forma violenta, assustando uma Dinah que dormia.

- Parece um boi deitando! - reclamou.

Camila suspirou.

- Precisamos ir embora.

A loira se sentou. Seu cabelo todo para o alto e seu rosto amassado quase fizeram Camila rir.

- Por que? - perguntou franzindo o cenho.

- Porque eu cheguei ao meu limite com Lauren. Estou começando a confundir… - sua expressão era triste.

Dinah assentiu, entendendo tudo. Estava agradecida por isso, já que não tinha mais quaisquer motivos para continuar ali.

- Vamos fazer as malas.

A Concubina RealWhere stories live. Discover now