03 / AMIGOS ?

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O FUTURO SENTA AO LADO
- THE CHANGES-

Paulo

Talvez o "eu acho" nos causasse uma cegueira moral. Onde preceitos idiotas iria nos privar de se conhecermos.
...

Era fácil para Paulo ter tudo o que ele quisesse. Dinheiro, mulheres, carros e até "amizades". Porém, uma coisa ele não podia comprar de ninguém, que era a fidelidade.

Paulo tinha vários "amigos", dentre estes, havia um chamado Antony que vivia constantemente ao lado de Paulo. Ele não era tão insuportável quanto os outros amigos, acho que pelo fato de já ter conversado com ele várias vezes, eu havia criado essa empatia por ele.

Antony era um pouco mais alto que Paulo, eles juntos pareciam irmãos. Raquel a namorada de Antony, era minha amiga desde o ensino médio, porém, após um ano, meio que distantes, perdemos aquele contato mais íntimo de amigos. Antony era um dos motivos desse distanciamento, ele era muito ciumento e achava que eu, logo eu, queria ficar com ela.

Eu havia pedido a Raquel pra não contar a todo mundo que eu era (sou) gay. Por vários motivos, um deles era minha mãe, que disse que se soubesse da boca de alguém, que eu tinha falado que era gay, não iria prestar para mim. Pois diz ela, que não havia vergonha maior (drama).

Bem, eu estava olhando pela janela, no intuito de evitar conversar com Paulo. Até que escuto Antony, conversar com Paulo, sobre o final de semana e como Paulo havia bebido absurdamente. No entanto, algo na conversa deles me chamou a atenção.

— Paulo, verdade que sua mãe disse que iria te expulsar de casa, caso você aparecesse bêbado novamente? — perguntou Antony a Paulo em tom preocupante.

— Ahh, cara ela falou isso, mas acho que foi brincando. Ela não teria coragem— respondeu Paulo com um sorriso irônico.

— Ok né cara, nas toma mais cuidado e para de beber um pouco — disse Antony, sendo interrompido por Paulo.

— Olha relaxa ok! Eu sei me cuidar muito bem.— Respondeu ele, estufando o peito.

Ah tá, irei fingir que acredito.

Ficou aquela tensão, entre eles durante o resto do percurso. E eu olhava fixamente através da janela, apenas calado.

Chovia pouco, porém, o frio tomava conta do meu corpo. Eu deixava a janela aberta, não era de se esperar outra coisa acontecer. Paulo ao perceber que eu estava tremendo de frio, olhou para mim e perguntou:

— Você não acha melhor fechar a janela?

— Olha relaxa! Eu sei me cuidar muito bem! — após eu dizer tais palavras, notei que tinha repetido o que Paulo havia falado com Antony, no entanto, apenas me virei e abri ainda mais a janela.

No mesmo instante Antony, que vinha em pé ao lado de Paulo, começou a rir descontroladamente. Como se tivesse escutado a piada mais engraçada do mundo.

— Toma Paulo!— Diz Antony entre risadas.

Não me controlando, olho para Paulo que me olhava abismado com a resposta. Eu acabei levantando um sorriso, no canto superior direito da boca. Enquanto Paulo retrucava com um sorriso discreto. Acho que foi naquele momento, que passei a enxergar Paulo de outra maneira.

Maldito erro!

Logo após chegarmos na faculdade, Paulo curiosamente me seguiu até a sala de aula, onde eu estudava. Estranhado aquela ação, parei em frente a porta da sala, me virei e perguntei:

O FUTURO SENTA AO LADO 🏳️‍🌈Onde histórias criam vida. Descubra agora