Prólogo - Primeiro Contato

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21/03/2016
19:37

Jiwoo sabia que nunca se acostumaria  a sair em um horário como esse. Desde o ensino fundamental, era parte do seu cotidiano sair cedo - antes mesmo das 13h -, mas agora que adentrara no ensino médio, onde o método de aprendizado necessitava de um tempo maior de estadia na escola, ocasionando em um ensino de tempo integral, seria parte do seu dia a dia sair depois das 19h, horário em que se encerrava a última aula. E como seus pais estavam em uma situação financeira complicada, tendo vendido seu carro para pagar algumas dívidas de aluguel, a garota dos olhos de avelã tinha que andar pouco mais de 1,5 quilômetros para chegar em casa.

A noite felizmente estava refrescante. A pouco mais de 20 minutos tinha caído uma chuva rápida, mas o suficiente para deixar o ambiente úmido e formar algumas poças de água na rua. Nas folhas de algumas árvores ainda era presente gotas de orvalho, escorrendo lentamente como lágrimas no rosto de alguém.

A rua na qual Jiwoo andava estava pouco iluminada. A cada três postes presentes na calçada, apenas um funcionava, e mesmo assim lançava uma luz fraca, pegando uma área de pouco mais de 50 centímetros da base do poste.

Além de mal iluminada, a rua quase que vazia. De vez em quando passava alguém, mas conforme andava mais, menos frequência ela via alguma pessoa. E o som de pássaros, invisíveis devido à escuridão do ambiente, não ajudava a fornecer calma.

Jiwoo segurou as alças de sua mochila com força, como uma tática para fazer seus dedos pararem de tremer. Ela poderia ligar para algum dos seus pais, pedindo para eles virem encontrá-la na frente da cafeteria local, que estava a uns trinta metros à frente. Seria uma medida segura de se chegar em casa, mas ela logo dispensou esta ideia de sua mente. Quanto mais cedo ela aprendesse a superar seu medo de escuro, melhor seria. Até porque a garota passaria os próximos três anos tendo que fazer o mesmo percurso. Uma hora ela teria que aprender a realizá-lo sozinho.

Os próximos vinte metros ela andou tendo em mente que todo barulho que ouvia era devido a algum pássaro ou cachorro escondido no escuro. No começo funcionou, a deixando mais calma e com a respiração até que normalizada. Mas então ela ouviu algo que infelizmente não conseguiu associar a algum animal inofensivo.

Alguém tinha pisado em uma poça de água, logo atrás dela.

Sua reação inicial foi parar. Seus braços ficaram rentes às pernas, e suas mãos se fecharam com força, como se querendo esmagar o medo que estava sentindo naquele momento. Seus olhos se fecharam, enquanto que mentalmente ela tentou convocar toda a coragem que ainda se encontrava em seu corpo. Infelizmente não era muita.

Respirando fundo, ela virou a cabeça lentamente na direção de onde tinha vindo o som. Uma parte dela gritava em sua cabeça dizendo que era uma péssima ideia, mas Jiwoo a lançou para um ponto silencioso de sua mente. Só dessa forma ela conseguiria fazer o que tinha que fazer.

Quando virou a cabeça, percebeu que a rua às suas costas estava completamente vazia, e alguns dos postes, antes acesos, estavam agora apagados, lançando a rua ainda mais na escuridão. A poça, da qual ela achava que tinha feito o barulho há poucos segundos estava a menos de 5 metros de onde ela estava. Ainda haviam algumas ondas no centro dela, afirmando a teoria da garota de que alguém tinha pisado ali. Seguindo o olhar, ela percebeu que ao lado dessa poça havia uma entrada de um beco estreito, tão escuro quanto o resto do caminho que Jiwoo tinha que percorrer.

Mas nem a escuridão mais profunda seria o suficiente para esconder o estranho e irreconhecível rosto que parecia encarar a garota com afecção.

Jiwoo conseguiu sentir toda a sua coragem virando líquido e saindo de seu corpo em forma de suor e lágrimas. Em um comando mental para fazer suas pernas pararem de tremer, a garota dos olhos de avelã correu, não se atrevendo a olhar pra trás.

Anjo da Noite (A BTS: Jungkook Story)Onde histórias criam vida. Descubra agora