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CAPÍTULO 03
MELINA

O cheiro mórbido do hospital sempre me dava ânsia e independente de quanto tempo eu já havia passado aqui eu nunca estava preparada para voltar, mas isso não é algo que eu escolhia.

Já havia se passado três horas que eu havia chegado e nada dos médicos me darem notícias de Agnes. Meu desespero crescente é tão visível que escuto meu irmão, Bernardo, resmungar e pedir diversas vezes para eu me sentar e aguardar.

- Be, ela estava bem hoje quando sai de casa... – Falo pela milésima vez sem entender essa reviravolta.

Bernardo me puxa para sentar ao seu lado e passa seus braços pelo meu ombro e beija o topo da minha cabeça.

- Fique calma, Lina. Sabemos que daqui para frente será mais difícil. – Sim eu sabia.

- Isso é tão injusto! – Falo revoltada. – Ela só tem nove anos.

Bernardo nada diz, eu sabia que ele sofria tanto quanto eu quando se tratava de Agnes a diferença é que eu colocava toda indignação pra fora e ele, bem... meu irmão simplesmente sentia.

Olho para o lado e vejo minha mãe dormindo sentada de cansaço. Me levanto e vou até ela e a acordo delicadamente. Quando ela acorda abro meu melhor sorriso, minha mãe era extremamente volátil devido o estado grave de depressão e eu nunca sabia quando ela estaria bem ou não.

- Mamãe, acho melhor a senhora ir para casa. – Falo e ela me olha feio.

- De jeito nenhum! Você trabalhou o dia inteiro Melina, pode ir descansar minha filha. Hoje eu fico aqui no hospital. – Nego pacientemente e passo a mão no cabelo dela arrumando os fios desgrenhados.

- Não mamãe, eu me sentiria melhor se a senhora fosse descansar. Bê! – Chamo meu irmão. – Por favor leve a mamãe para casa. – Bernardo sabia que não adiantava discutir comigo, não quando se tratava da mamãe.

Ele vai até minha mãe e a ajuda a levanta. Me despeço deles e volto a me sentar aguardando o retorno do médico.

E o tempo passa e nada dos médicos aparecerem... o tempo se arrasta e junto dele toda minha angustia e medo. E eu deixo as lembranças de Agnes sorrindo invadir minha mente e me dá forças, eu precisaria.

O destino pode ser cruel e injusto, mas eu aprendi a lidar com ele e aproveitar o dia de hoje porque só de pensar no amanhã o medo me invadia.

- Senhorita Aldaberon? – Ouço o médico me chamando e limpo rapidamente a lagrima que manchava meu rosto.

Me levanto e o cumprimento.

- Olá Dr. Miles. – Sorrio tentando parecer tranquila. – Como ela está?

- Agora estável, mas precisamos conversar. – Nós sempre precisaríamos.

Dr. Miles sempre cuidou do caso de Agnes desde quando ela tinha dois aninhos quando a doença apareceu e desolou a todos.

Me sento no refeitório e ele me traz um copo de café e se senta à minha frente.

- Agnes está piorando consideravelmente, os tratamentos já não fazem mais efeito e não estão ajudando na dor. – Ele diz e sinto como se eu estivesse levando um soco no estomago.

Abaixo meus olhos e respiro fundo tentando processar as informações. Eu sabia que esse dia chegaria e eu nunca me sentia preparada para ele. E aqui estou eu, passando pelo o que eu mais temia.

Perdendo-se no Passado I Livro 05 -  Série Obscuros (Amostra)Onde histórias criam vida. Descubra agora