PRÓLOGO

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PRÓLOGO

O amor machucava, Zola sabia muito bem disso ele só não sabia que o amor iria mata-lo por dentro, destruí-lo a ponto de não querer mais continuar. Os dias dele se estendiam e a cada dia que se passava ele não sabia mais qual era o sentido de sua vida. Na verdade, ele sabia E o tinha perdido a seis anos atrás.

A vida tirou Borya, sua amada, da pior forma possível e ele se odiava por não ter chegado minutos antes, só um minuto antes ele conseguiria impedir a tragédia que tirou dele o motivo dos seus sorrisos e de sua vida.

A dor era tão intensa que ele sentia como se seus órgãos tivessem sendo arrancados de dentro de si, ele não suportava e ele não queria mais suportar. Mas toda vez que ele olhava para sua família uma faísca crescia em seu peito que dava forças para ele lidar com a dor e deixar ela o dilacerar, mas não o matar por completo.

Merda, a dor era dilacerante e ele simplesmente não sabia mais como lidar com ela. Tudo parecia se intensificar ainda mais com o passar dos anos. A dor o cegava, o tirava de órbita e o levava para seu inferno pessoal.

Zola nunca poderia deixar essa dor para trás, ele nunca poderia deixar Borya para trás. Ela foi a única em sua vida e sempre será, pois ela tinha entrado em seu corpo e se tornou parte dele, se fixando em seu coração.

O amor é genuíno, sim, é generoso e paciente Melina gostava de se entregar a isso, Agnes sua sobrinha provou tudo isso a ela. Melina só queria que sua sobrinha fosse feliz, não importa o dia de amanhã, o que importa é que hoje o dia terminou com um sorriso no rosto de Agnes.

Mesmo que em cada sorriso da pequena menina significasse um adeus singelo, Melina se recusava a aceitar essa decisão do destino.

Por que a vida tinha que ser tão injusta?

Agnes foi a luz em sua vida, foi a luz que trouxe a vida de volta para sua casa e tão injustamente e tão contraditório o que trouxe a vida e a alegria estava perecendo e os deixando e ela não sabia mais viver sem Agnes, ela não queria imaginar isso.

O choro sempre ficava preso na garganta, ela nunca choraria na frente da pequena. Agnes era forte, mas Melina não queria que ela experimentasse tal sentimento, o da perda e da dor a corroendo. Não mais, Agnes já tinha perdido muita coisa.

Melina fazia tudo o que estava a seu alcance para que sua família fosse feliz e unida, mesmo que isso significasse abdicar de sua vida. Tão generosa e bondosa, Melina tinha dificuldade de entender pessoas que se corrompiam com a maldade.

Melina se recusava a deixar a vida corrompe-la, ela prometera para si mesma que nunca deixaria ninguém trazer a escuridão do ódio e rancor para sua vida. Ela era luz, mesmo que não soubesse disso.

Melina só não sabia que sendo luz para brilhar necessitava de escuridão. 


Perdendo-se no Passado I Livro 05 -  Série Obscuros (Amostra)Onde histórias criam vida. Descubra agora