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CAPÍTULO 02
ZOLA

Piemonte sempre foi um lugar por qual eu tinha apreço, sigo para província de Vercelli e antes de ir ao encontro de Verne e Phelipe eu decido respirar um pouco o ar da cidade. A cidade é linda, porém as lembranças muito dolorosas.

Várias vezes me pergunto se a vida gosta de me castigar? Tanto lugar para acontecer qualquer merda, tinha que ser bem em Vercelli. Chega a ser comigo de tão trágico, eu me lembro de quando eu conheci Borya aqui. As duas vezes que nos encontramos antes de termos algum relacionamento foi em Vercelli.

Engulo seco sentindo um nó na garganta, sigo de carro pelas ruas deixando as memórias invadir minha mente e me tirar da triste realidade que vivo, até que sou tirado de meus pensamentos quando escuto um grito seguido de um baque contra meu carro.

Merda!

Saio do carro correndo e vejo uma moça jogado no chão com as mãos na testa e ao seu lado uma bicicleta amarela caída no chão. Me aproximo da moça preocupado e assim que ela percebe que estou me aproximando se assusta.

- Calma, não se mexa tanto. – Aviso e a ajudo a se sentar. – Você está bem?

A mulher a minha frente tinha os cabelos escuros, olhos castanhos, sua boca era tão delineada que me dava vontade de contorna-la com os dedos, rosto anguloso e cheiro frutal um frescor natural. Mas de tudo o que mais me chamou atenção foram seus olhos, parecia que seu ficasse muito tempo olhando para eles eu poderia enxergar sua alma, era transparente, puro e inocente.

- Nossa... – Ela mantém a mão na testa parecendo zonza. – Eu não vi o carro me desculpe. – A morena fala me surpreendendo.

Ela estava mesmo me pedindo desculpas?

- Eu que devo me desculpar, estava desatento. – Admito e ela me olha pela primeira vez prestando atenção em minha pessoa.

Vejo seus olhos se arregalarem e seu rosto ficar corado, ela tenta se levantar e eu a ajudo garantindo que ela não caia.

- Não devia dirigir estando nesse estado. – Ela me repreende de forma serena.

A calmaria dela é surreal ou eu que estava acostumado com mulheres desequilibradas como as esposas dos meus irmãos.

- Não me respondeu se está se sentindo bem? – Pergunto novamente cauteloso para não parecer rude.

Ela abre a boca em formato de "O" e começa a checar o próprio corpo para verificar se estava tudo bem com ela mesma.

Tenho vontade de rir do seu jeito, mas reprimo o riso, ela era engraçada. Seus olhos se voltam para mim ainda perdidos e enfim ela fala.

- Ah... não se preocupe! – Dá de ombros. – Estou bem.

Essa mulher não tem nenhum senso de autopreservação, olho para ela incrédulo, ela acabou de ser atropelada e age normalmente como se isso acontecesse sempre com ela.

Eu começo a fita-la de cima a baixo garantindo que ela estava mesmo bem e concluo que visivelmente ela estava bem. Agradeço mentalmente por estar em baixa velocidade.

- Me desculpe por isso! – Falo enfim e ela sorri e faz isso com tanta facilidade que acabo sorrindo de leve junto dela.

Sim, essa palavra a definia, ela parecia leve e transmitia tranquilidade.

- Tudo bem, todos temos dias ruins e não aconteceu nada grave. Só tome cuidado da próxima vez. – Ela diz ainda com um sorriso estampado no rosto e se despede de mim.

Perdendo-se no Passado I Livro 05 -  Série Obscuros (Amostra)Onde histórias criam vida. Descubra agora