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Faziam dois dias após aquela noite. A noite em que Luccino se deitara com um Major do exército por dinheiro e para não ser levado pra cadeia.

Ele ainda não se acostumara com aquilo, podia pensar que havia tido mais um sonho mas não podia, afinal o dinheiro que recebera do Major estava vivo e bem guardado dentro de um saco plástico embaixo do lençol de sua cama. Mas os sonhos que acabara tendo com o Major, ah! Aqueles eram reais e detalhados. Luccino parecia sentir novamente a boca do Major tocando a sua, o bigode grosso dele percorrendo sua pele, e outros detalhes que Luccino queria ( pelo menos ele tentava ) esquecer.

Neste exato momento, estava lavando alguns pratos e talheres para o restaurante da família, a cozinha estava silenciosa, apenas o barulho da água batendo nos pratos.

Bam!

O pai de Luccino entrara enfurecido na cozinha, os olhos vermelhos de pura raiva, e então ele foi até Luccino, o puxando - e quase fazendo derrubar um prato - pelo pescoço.

- Mas que besteira você fez agora, seu farabutto ? - Luccino fazia um rosto de dor, pois o pai apertava fortemente a sua nuca, o puxando até a entrada do restaurante.

Quando finalmente pararam em frente a porta, Luccino levantou o rosto, olhando para o homem a sua frente. O Major estava lá.

Droga! Iria denunciá-lo para o pai para depois levá-lo a sala de tortura, depois seria executado, dando fim a uma vida miserável que era a do italiano.

Luccino manteve um silêncio. O medo pairava face e fazia seus lábios tremerem diante do militar fardado. O Major possuía um rosto rígido sem expressão, apenas olhando para Luccino.

Por um estúpido momento, Luccino quase riu com a verdade de que vira aquele mesmo rosto frio e inexpressivo, se contorcer num sorriso de prazer, demonstrando satisfação ao sentir-se dentro de Luccino.

Luccino teria rido se não fosse as feições a sua frente, tanto o rosto de fúria do pai quanto o rosto duro do Major, que abrira a boca e começou a falar, o seu tom demonstrava autoridade e frieza, que fizeram os pelos da nuca - já aliviada do aperto - de Luccino eriçarem.

- Eu preciso falar com seu filho, senhor Pricelli. - Disse ele, a pose impecável e os braços atrás do corpo. - Em particular.

- Podem falar em meu escritório, ninguém entra lá. - Disse Gaettano, a voz menos furiosa, os olhos ainda fitando Luccino, que engolia em seco, sem tirar os olhos do Major.

O Major assentiu e Gaettano mandou o filho mostrar onde era. O rapaz assentiu e guiou o militar até a sala do pai, ao entrarem no cômodo, completamente solos, o Major se virou e esperou que ele trancasse a porta.

- Então...o que o senhor queria falar comigo ? - Ele não olhava pro Major, e sim para seu uniforme, pescoço, braços, qualquer lugar abaixo de sua cabeça.

- Claramente você se lembra do que aconteceu há dois dias. — Disse ele, e Luccino sentiu uma pontada abaixo da barriga e seu rosto esquentar um pouco, principalmente porque o homem a sua frente não demonstrava nenhuma reação.

— Lembro sim, o s-senhor vai me denunciar ou algo assim ? — Luccino tremia por dentro, as mãos suando por fora.

— Não. — Disse, seco. — Vim lhe fazer uma proposta.

— P-proposta ?

— Sim. Como aquela que fiz. Interessado ?

— Depende, se eu não estiver você vai mandar me prender ? — Luccino perguntou, e viu uma linha se formar nos lábios do Major, que levou a mão fechada a frente da boca, disfarçando uma risada.

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