Quatro - Surto e Camila Cabello escova meus cabelos

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O som de minha respiração corta o ar dolorosa e precisamente em um expirar alto a medida em que ele entra por minha boca e se prende em meus pulmões.

Estou suada, minhas mãos tremem e meus olhos buscam pelo nada no escuro enquanto meu corpo tenta não vomitar o próprio coração.

Reconheço os sintomas de toda a náusea e dor física e tento contar minha respiração que não vem. Minhas mãos apalpam o tecido espalhado pela cama em busca de algo que mesmo meu inconsciente desconhecia, apenas querendo apoio para extravasar a pressão que se apossa em meu peito a medida em que meus pulmões me traem e o ar não sai para abrir espaço para ar limpo.

Me desespero, porque é a coisa mais racional que poderia fazer no momento. Busco o ar com todas as minhas forças quando sei que, na verdade, deveria estar o expulsando.

Não sou capaz de imaginar algo que tenha me feito despertar em tamanho sofrimento senão o próprio sono. Não havia sido um pesadelo. Não havia sido nada além de eu mesma em meu debater débil no meio da noite.

Não sei que horas são e não consigo encontrar forças para procurar saber de qualquer coisa. A bile sobe e meu corpo tomba para o lado para expulsar o conteúdo de meu corpo, mas ganho tempo quando ela desce novamente como se rasgasse minha garganta com fogo e corro para o banheiro porque sei o que é certo de acontecer.

Acredite ou não, mesmo naquela situação minha mente conseguia abrir espaço para divagar e imaginar como seria se eu literalmente engolisse fogo e a debater como seria possível enquanto a maior parte de mim agonizava.

Não sinto o chão frio sob meus pés ou mesmo sob meus joelhos quando caio diante do vaso e aguardo apoiando a cabeça nas mãos. E ela veio novamente. Dolorosa, ardente, dura. E quando se vai meu corpo desaba para trás e se recosta contra a parede enquanto as lágrimas correm por meu rosto sem nenhuma resistência.

Preciso chorar como preciso recuperar o ar e dominar minha respiração. Antes do meu corpo ser meu ele precisava ser dele mesmo.

Minhas mãos pegajosas correm por meu abdome úmido e apertam sobre os pontos doloridos. Contenho um grito na garganta que dói pela repreensão. Meu corpo treme da cabeça ao pés e meu choro é barulhento e sujo.

Não estou em condições de me mover, então me permito cair de lado e deitar contra o chão o mais encolhida que minhas articulações permitem. Talvez a imagem da decadência fosse uma garota de calcinha cor de rosa deitada no chão do banheiro chorando e tremendo como se o mundo estivesse acabando, então seria apenas eu.

Minha procura por ar soa tão alta e ruidosa quanto meu choro e ecoa enquanto minha mente busca por um culpado.

Não havia nada a culpar. Eu havia ido dormir me sentindo a garota mais louca e feliz possível para aquele momento, era quase como se a melancolia vazia que sentia tivesse sido expulsa por um pedido de namoro inusitado.

Sufoco outro grito mordendo meu lábios inferior e não o sinto machucar tamanha a agonia. Meu corpo se contorce implorando por libertação e em um surto, soco o chão a frente de meu rosto com a mão esquerda. Não era o bastante para acabar com a dor interna, mas não conseguia conter.

Gemendo de dor, minhas mãos sobem ao rosto e minhas unhas sobem e descem por minha pele, me coçando do rosto aos braços como se pudesse sentir a camada de dor sobre mim e tentasse arranca-la a força.

Volto a buscar por um culpado.

Minha cabeça doía.

Meu choro alto ecoava pelo ambiente como uma sinfonia aterrorizante.

Eu podia sentir o tempo passando através do fluxo acelerado de sangue em minha veias que corriam como se aquela fosse a última oportunidade para percorrer o caminho. Em alguns instantes chegava a me questionar se não estava certo e aquele fosse ser o último momento de minha vida, mas seria terrível demais morrer seminua no banheiro, então engoli minhas últimas forças e me arrastei para o box.

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