Capítulo 4

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Seu corpo despertou com um susto. Uma sensação estranha de ter adormecido por década, estava totalmente alheio ao tempo. Ele não notara até então, mas estava sobrevoando a cama com uma respiração alta e ofegante.

Kuririn transpirava por todos os poros, talvez estivesse tendo um pesadelo, ele não recordava do sonho. Talvez o fato de chegar atrasado ao encontro de Dezoito fosse o verdadeiro pesadelo da vida de Kuririn. Ele olhou para o relógio que ainda marcava as 04h05min da manhã e com um grande gesto de alívio ele suspirou e deitou-se, espreguiçando-se deliciosamente até todos os seus músculos relaxarem, sua mente ainda estava em estado de calamidade e isso o deixava inquieto.

Ele voltou a sentar na cama e levou as mãos ao rosto, suas mãos percorriam todo o caminho até a cabeça, ele estava suado e desatento, não se lembrava de nenhuma forma o que havia sonhado. Ele ficou tão concentrado em lembrar-se do sonho que seu instinto de lutador foi ativado e sem qualquer intenção sua percepção estava aguçada e ele pôde ouvir os próprios batimentos cardíacos desacelerando, ouviu o barulho do ar que entrava e saia dos pulmões e o percorrer do próprio suor pela por sua pele, algumas gotas percorreram audivelmente os braços e unificaram-se no cotovelo como uma cena projetada lentamente, então as pequenas gotas de sudorese desapegaram do corpo, ele observou até elas tocarem no colchão e o pequeno barulho que era imperceptível (para humanos normais, mas não á ele) o fez acordar do transe de concentração. Ele suspirou, não havia jeito, ele não se lembraria do sonho, talvez fosse algo que não valesse a pena lembrar, foi o que ele constatou em seu subconsciente.

Por um momento sua mente ficou limpa, branca, sem nada, quase que em paz, para então nos segundos seguintes projetar *a memória do cálido beijo que Número Dezoito havia depositado em sua testa meses atrás* (1).

— Oh, que mulher! — falava sussurrado. Seus pelos arrepiaram-se ao lembrar que a encontraria de novo, ele riu e pensou em quão patético ele estava sendo, agindo como um adolescente apaixonado. Inúmeras cenas encheram-lhe o pensamento e seu rosto ruborizou-se. As cenas continuaram mais e mais e cada uma tão detalhada quanto à outra, ficando mais íntima e mais excitante. O guerreiro deu pequenas risadas, sua mente não parava e ele virou-se para a cama pressionando o quadril na cama macia, evitando uma ereção ou conter uma. Abraçou o travesseiro que estava ao seu alcance e deitou-se com corpo voltado para baixo.  Ele vibrava com as pernas e amassava o rosto vermelho e quente sobre o travesseiro, ele ria euforicamente.

— Lamentável! — Uma voz conhecida ecoou no quarto, era a voz de Mestre Kame. Kuririn congelou. 

— Com certeza eram pensamentos eróticos! — dessa vez a voz era de Oolong. Kuririn imóvel suplicava à Kami-sama que ninguém mais aparecesse.

— WOAH! Com certeza tinha calcinha de lacinho, kyah! — Oolong vibrava animadamente ao falar. 

Por-favor-kami-sama-faça-com-que-eles-vão-embora.

— Nunca pensei que você pudesse ter esses tipos de pensamentos Kuririn, mas no final você também é um homem — disse Mestre Kame.

Oh não! Por favor, vá embora.

— É claro que iria, aquela Androide deve ser uma das mulheres mais linda do mundo, kyah! — dizia Oolong. Kuririn permanecia imóvel.

— *Ara Ara* (2) vamos, o espetáculo deplorável acabou — falava Mestre Kame — vamos voltar para aquela revista nova que Bulma trouxe.

Será que eles viram tudo? Ah não! Por favor, Kami-sama que eles não tenham visto.

Kuririn ainda não havia se mexido, estava tão constrangido, temendo encarar os outros, sabia que haviam presenciado a cena inteira. Ele procurou o ki dos indesejáveis e eles não estavam tão próximos. Seu corpo relaxou e por fim teve coragem de virar e ver se a porta estava aberta ainda. Ela estava e ele a fechou. Voltou a cama, deitou-se e relaxou.

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