QUANDO VOCÊ SORRIU

Parte 4

'' - Aishh, não acredito que não vai passar um taxi por aqui! – protestou.

- Tá tudo bem, nós podemos ir andando. – tentei apontar uma solução. Havíamos saído para comer fora e uma chuva nos pegou desprevenidos.

- Você tem certeza? Meu dormitório fica próximo, mas o seu está a cinco quadras daqui! Podemos nos resfriar. – me olhou preocupado.

Corei com a ideia que passou em minha cabeça, e automaticamente baixei a cabeça como se Hoseok pudesse ler minha mente. Mas contradizendo todas as leis, parecia mesmo que ele era capaz de entender cada um de meus gestos e expressões. Sua mão tocou levemente meu ombro e deslizou por toda extensão até alcançar minha mão, onde calmamente entrelaçou nossos dedos fazendo-me olha-lo. E lá estava aquele sorriso, aquele que me dava confiança ao menor indicio de medo ou insegurança.

- Se você se resfriar, eu vou cuidar de você! – tirou o casaco e o vestiu em mim. Contamos até três e saímos correndo pela rua deserta.

Corríamos feito crianças debaixo da chuva grossa, ria dos gritos que ele dava intencionalmente apenas para me divertir. Alcançamos o prédio completamente encharcados, deixando um rastro por onde passávamos. Hoseok tentava tapar minha boca já que involuntariamente meu queixo batia devido o frio, mas tentativas davam lugar a necessidade de lutar para nos impedir de rir de toda situação, não podíamos ser vistos já que eu estava no dormitório masculino.

- Entre! – abriu a porta acendendo a luz do cômodo e a trancando atrás de nós. Meus olhos percorreram o pequeno ambiente com duas camas, uma pequena escrivaninha, armário, e alguns livros, tudo devidamente organizado. – Vou pegar uma toalha pra você.

- Onde está o Jimin?

- Em Busan. Foi passar o fim de semana na casa dos pais. – aproximou-se me ajudando a tirar a jaqueta molhada e jogando a toalha que havia trago sobre minha cabeça.

Tinha outra jogada sobre os próprios ombros, também estava completamente molhado, a camiseta mesmo que escura estava tão rente ao peitoral que tornava clara cada curva de seu tórax, só então percebi que estava de igual modo, um pouco pior já que naquela noite havia saído de vestido claro. Ele estava compenetrado em secar meus cabelos, mas instintivamente levei os braços a altura dos seios tentando me cobrir. Foi impossível não me sentir envergonhada quando o mesmo percebeu minha atitude e o porquê dela. O que não o impediu de olhar-me por inteiro.

- Tem um banheiro ali. – Apontou uma pequena porta branca no canto esquerdo do quarto – Vou pegar alguma roupa seca pra você trocar.

Mal o esperei terminar para correr para o banheiro, e o ouvi rir logo que fechei a porta. Minha respiração estava descompassada, e nem mesmo sabia o porquê, meu coração acelerado, tanto que me assustei quando Hoseok bateu a porta entregando um conjunto de moletom preto. Olhei a roupa que ele trouxe, me olhei no espelho e respirei fundo, não haveria oportunidade melhor, momento melhor, e ele era a única pessoa para a qual eu seria capaz de me entregar.

Eu carregava muitas inseguranças comigo, nunca me senti suficiente para ninguém, nem para mim mesma. Contudo a confiança que Hoseok depositava em mim, sua fé na minha capacidade fazia com que eu me tornasse capaz de crer e me ver através de seus olhos. Ouvi milhões de vezes que ninguém é capaz de amar alguém se não ama a si mesmo, mas descobre que o amor próprio pode ser regado com mãos de outrem. Fora assim comigo. Frente aquele espelho me vi pelos olhos dele, estava linda, e pronta. Pronta para ser de corpo, aquilo que de coração já o pertencia.

Sai do banheiro timidamente, fechando a porta do mesmo com cuidado sem ainda olhar para a direção em que ele se encontrava. Me virei com calma demorando em levantar o rosto, mas assim que o fiz, me deparei com o olhar dele sobre mim, ouso dizer que havia admiração naquele olhar, seus olhos escorregavam pelas minhas pernas nuas já que apenas veste o blusão que cobria até meu quadril. Não fui capaz de manter contato visual, mas sabia que ele sorria. Levantou-se e caminhou a passos lentos até o interruptor e apagou a luz, e o quarto ficou então iluminado pela pouca luz que adentrava pela janela e pelos relâmpagos que iluminavam o céu enquanto a chuva ainda caia.

Sente sua mão tocar meu rosto me fazendo encara-lo, não parava de remexer as mãos, estava nervosa mas tinha plena certeza de minha decisão.

- Você é linda! – acariciou minhas bochechas, e logo depois jogou meus cabelos molhados para trás, aproximando os lábios de minha orelha. – E eu a amo...

Sua voz soou arrastada como um sussurro aos meus ouvidos, sussurro este que fez com que minha pele respondesse no mesmo instante ao calor de seu hálito. Não há segredos no amor, é deixar-se consumir a chama acessa uma vez que os lábios se tocam, é arder como lenha seca recém posta sobre a brasa, é gemer ao crepitar de cada flama. Restou-me fechar os olhos e me entregar ao incêndio que se alastrava em meu peito, naquele momento, tão meu, tão dele, tão nosso, das suas mãos que desciam a minha cintura e uniam nossos corpos gentilmente, das minhas mãos que sabiam o caminho exato para sua nuca, de nossas bocas que se conheciam como as próprias estações.

- Está tudo bem... – selou minha testa. – Eu posso esperar se...

- Mas eu não posso. – o interrompe. – Eu não quero esperar. Eu o amo Hoseok-ah.

Tomei a iniciativa de beija-lo, e desta vez, com mais força, mais profundidade, mais sede, mais fome, mais vontade. Queria que ele entendesse e que tivesse a mesma certeza que eu de que era o certo. Era ele, sempre fora ele, e sempre seria ele.''

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- Acho que agora vamos conseguir nos mover mais rápido, senhora Jung. Creio que estaremos no local em menos de 20 minutos. – a voz do taxista tirou-me de minhas lembranças.

- Ah, isso é ótimo sr. Lee – Sorri simpática para o homem.

Levei uma mão aos cabelos passando uma pequena mecha solta para trás da orelha, quando desci o braço pousei as mãos em meu colo observando a aliança em meu dedo e inevitavelmente, sorri.