Capítulo 10

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Um absurdo! Um disparate!
Se alguém ouvisse ou cogitasse esse momento, minha reputação nunca mais seria a mesma  e eu com certeza estaria à mercê de críticas da sociedade.
O pior é que se parado para analisar, dormir na mesma cama do noivo é algo banal, não é nada demais, mas a "sociedade" acha um erro fatal: um disparate.
E se alguém souber que isso está prestes a acontecer antes do casamento, estou perdida, virarei fofoca na boca de mexeriqueiras.
- Isso não está certo.- pondero em um tom que ele escute.
- O que não é certo é eu deixá-la a sós e você fugir novamente.
- Como já prometi, isso não voltará a acontecer.
- Mas você dormirá aqui.
- Okay-
Ele pareceu boquiaberto, não esperava que uma dama aceitasse assim tão rápido ou talvez eu esteja cansada de ser sempre uma dama.
- Okay? Só okay?
- É. Quer que eu inicie uma briga?- questiono sorrindo.
- Não.- E ele está sorrindo também.
Deito-me e logo em seguida ele faz o mesmo. Por um tempo fico acordada, olhando para o teto, tenho medo de me virar e minha perna começar a latejar, já estou com dor o suficiente e não quero que piore, mas por céus esta posição é terrível. Faço uma careta.
- Está com dor?- viro a cabeça para a esquerda e noto que Felipe está de lado apoiando o peso de sua cabeça com o braço sustentado por seu cotovelo na cama, ele me observava. Esse tempo em que eu estava pensando ele me observava e por que?
- Um pouco.- falo com sinceridade- mas irá passar. O que está me deixando mais incomodada é minha posição, como por Deus alguém consegue dormir assim?
- Então mude a posição- diz ele como se fosse fácil, eu não quero sentir dor e se ficar nessa posição evitará uma enorme dor, eu preferirei o desconforto da posição.
- Não posso.
- Por que?
- Temo ficar com mais dor e creio que isso eu não quero ter que suportar.
- Você machucou seu joelho esquerdo, vire se para o lado da parede, o direito.
- E se doer?- Nesta mesma hora Felipe senta na cama e eu parada observo.
- Vou me vestir e volto em alguns instantes.
- Certo.-
Ele se levanta e vai em direção ao quarto anexo.
Eu fico ali olhando para o teto e me recordo do momento em que eu estava indo para o meu quarto e ele me parou com sua mão em meu braço, nunca achei que fosse me arrepiar tanto com o toque de alguém, naquele momento com aqueles trajes, minha pele se eriçou e eu fui tomada por... desejo?
Eu estava inerte em lembranças e me recordei de que quando me socorrera, ele falara: " Por que fez isso, meu amor?" e algo com " cuidar de você".
Ele me chamara de amor? Eu? Eu não posso dormir com essa dúvida em mente, terei que interrogá-lo quanto a isto. Se ele me chamara assim, significa que ele... Me ama? Ele me ama de verdade?
Uma porta que bateu me tira do devaneio e quando olho para o quarto, vejo que foi apenas Felipe que entrou.
- Desculpe, fechei com um pouco de força.-
Olho para ele e... nossa como ele é lindo, com as luzes bruxuleantes das velas me dão uma perfeita visão dele. Seu cabelo escuro estava úmido como se ele tivesse lavado a face e acidentalmente molhado seu cabelo.
Esse garoto parece um deus de tão lindo. Seus olhos intimidadores fazem minhas pernas ficarem bambas e me sinto em total desvaneio. Meus olhos estão presos em seu corpo perfeito e sua face de anjo rebelde.
- Você está bem?- e essa pergunta me fez sair do frenesi.
Reparei que esse tempo todo eu babava, por pouco quase foi literalmente, pelo Felipe.
- Eu só estava me lembrando que escutei você me chamar de "amor" e de dizer que cuidaria de mim...
- Ah...isso.-
Como assim "ah...isso"? Ele estava pensando em outra pessoa ou falara aquilo comigo só pelo momento?
- Aquilo deve ter sido o momento- ele afirma minha dúvida- Eu estava preocupado com você, achei que tinha te perdido.-
Por algum motivo aquilo me magoou, de verdade, me senti triste e preferi que ele tivesse dito algo mais amável. Espera, espera. O que eu estou pensando?? Balanço a cabeça tentando espantar o pensamento.
- An... deixe-me ajudá-la com sua posição.
- O que disse?- pergunto sem entender.
- Você disse que não conseguiria dormir com a barriga em direção ao teto...
- Ah, claro. Eu agradeceria muito se pudesse me ajudar com isso.
- Será um prazer.-
E para mim realmente será.
Ter o toque de Felipe em meu corpo me incendiaria e eu tinha razão, pois assim que ele segurou com firmeza meu tronco e me fez virar de lado, meu corpo pegou fogo, o tecido era leve e mais fino do que os dos vestidos habituais e eu conseguia sentir seu toque em minha pele, senti de alguma forma o calor de sua mão em minha barriga e eu ansiava por mais, eu queria sua boca na minha mais uma vez. Estava agora em uma posição um milhão de vezes mais confortável, ele tocara em minhas pernas para colocar a esquerda empilhada na perna direita, para ficar mais confortável. Assim que ele passara a mão em minha perna, um formigamento desconhecido percorrera minha espinha e eu me sentia viva, minha pele desejava mais de seu toque, eu desejava mais, minha boca estava morrendo de inveja e também queria se deliciar, ela queria seus lábios mais do que nunca, mas tive que conter a minha euforia confidencial.
- Está bom assim para você?- Não! Não está! Eu quero que você me toque, eu quero que sua boca converse com a minha, eu quero você, mas você não me quer. Mas, logicamente eu não falei isso, essas palavras ficaram apenas no meu pensamento e no céu da minha boca, prontas para serem pronunciadas, porém não ditas.
- Está ótimo.- consegui por fim dizer, mas era uma mentira.
- Boa noite- Ele me deseja.
Eu estou virada para a parede agora, com os olhos fixos nela, coloco a mão direita em baixo do travesseiro e a esquerda em cima, ao lado do meu rosto, estou tentando acalmar meus ânimos e para minha grande surpresa, já estou com sono.
Muito sono.
- Obrigada.- eu disse em voz baixa antes de adormecer.
- Por exatamente o que está me agradecendo?- perguntou ele docilmente.
- Por Tudo.- e dormi.
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Desculpem a demora para postar, mas tá aí.
Até amanhã 😆

Como perder um Marquês (TRONNOS-1)Onde histórias criam vida. Descubra agora