Capítulo 2

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Cristina


Abro os olhos e pego meu celular para conferir as horas, são sete da noite. Dormi por mais de duas horas desde que cheguei do trabalho. Minha cabeça está bem melhor, mas ainda um pouco dolorida.

Me levanto da cama e vou para o banheiro tomar um banho. Tiro minhas roupas e entro no box, ligando o chuveiro. Deixo a água quente cair em cima de mim e escorrer pelo meu corpo, me relaxando um pouco.

Fico cerca de dez minutos debaixo do chuveiro, então o desligo e busco a toalha para me secar. Me enrolo com a toalha e caminho em direção ao quarto quando ouço os passos do André chegando e entrando no cômodo junto comigo.

Abro um sorriso para ele e caminho em sua direção.

- Ei, lindo! - Cumprimento, dando um selinho em seus lábios.

- Oi Cris... - Ele diz simplesmente e se vira para o criado-mudo, colocando sua carteira, celular e relógio.

Quando volta em minha direção vejo que está com o semblante sério e cansado. Meu marido é o típico workaholic, quase sempre chega em casa mais tarde e sempre está exausto; nunca tendo ânimo para fazer nada, inclusive ficar comigo.

- Está com fome? Pensei em pedir uma pizza para nós dois. - Digo tentando me aproximar um pouco dele. Nós temos apenas cinco anos de casados e estamos enfrentando uma crise no nosso relacionamento. Infelizmente a cada dia que passa estamos ficando cada vez mais distantes. Na verdade, ele tem se distanciado bastante de mim.

- Obrigado, mas já comi no trabalho antes de vir. - Me responde, olhando de lado. Eu respiro fundo e dou minha última tentativa de aproximação.

- Quer tomar uma taça de vinho comigo, então? Tem um muito bom na geladeira que ganhei de um cliente um dia desses.

Chego perto dele, colocando a mão em seu peito e fazendo círculos com os dedos. Eu ainda estou enrolada na toalha e ele com seu habitual traje de trabalho. Deus, como sinto falta dele! Faz tanto tempo que não ficamos juntos.

Lanço um olhar sexy para ele, tentando demonstrar minhas segundas intenções, mas tudo que eu recebo é um olhar frio.

- Vamos deixar para outro dia, Cris. Estou exausto. Só quero tomar um banho e dormir.

Ele agarra minhas mãos que ainda estão em seu peito e se afasta de mim.

- Você deveria se vestir logo, está frio e pode pegar um resfriado. - É tudo o que eu recebo dele quando vira as costas para mim e caminha em direção ao banheiro.

Eu permaneço no mesmo lugar, estática, processando tudo o que acabou de acontecer. Sinto como se eu tivesse levado um tapa no rosto. Eu não sei ainda porque estou tão impressionada, pois tudo que ele tem feito ultimamente é me rejeitar: rejeitar a atenção que procuro dar para ele, rejeitar a minha presença...

Ele conversa apenas o essencial comigo, só quer saber se eu preciso de alguma coisa ou como está indo a reforma. A falta que eu sinto do meu marido, meu amante e meu confidente é esmagadora, e a cada dia que passa eu me sinto mais perdida quanto ao que devo fazer.

Ainda estou de pé quando ouço o barulho do chuveiro ligando e saio do transe. Ando até o guarda-roupa para pegar uma camisola e tiro a toalha do corpo para me trocar.

Meu estômago ronca de fome, mas não quero nada; toda a vontade que eu tinha de comer foi para o ralo no momento em que ele me rejeitou. Eu fui rejeitada pelo meu próprio marido e isso doeu. A lembrança do olhar dele e da forma fria como falou comigo vem como chicotadas me fazendo perder todo o meu equilíbrio.

Me deito na cama, puxando o cobertor e me cobrindo até a cabeça. Fico em silêncio tentando processar tudo que acabou de acontecer quando o ouço voltar ao quarto.

Minutos depois ele se deita na cama, vira de lado e apaga as luzes; Pensei que ele iria virar, mas ele permanece de costas para mim e a dor da rejeição volta à tona me preenchendo totalmente. Na escuridão do nosso quarto eu ouço o barulho de sua respiração constante ao mesmo tempo em que lágrimas quentes escorrem pela minha face e se acumulam no meu travesseiro.

Eu não sei o que eu fiz de errado para termos chegado a esse ponto. Eu não sei quando foi que eu deixei de ser quem ele precisa. E é nessa escuridão, imersa em meus pensamentos, que eu peço a Deus para um dia trazer meu marido de volta para mim.


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Pela forma como acabou o primeiro capítulo, achei nada mais justo do que trazer o segundo para vocês!

E aí, já estão formando qual teoria? Continuam julgando a pobre da Cris? Rsrsrsrs.

Espero que estejam gostando da história e aguardem, pois semana que vem tem mais!

Continuem curtindo, votando e divulgando! É extremamente importante a interação de vocês.

Beijos e ótimo fim de semana!

De volta para mim [EM DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora