Primeira Parte

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O som do carro se aproximando é a primeira coisa que ele escuta.

Seu coração imediatamente se aperta e se comprime. Porque são duas horas da manhã e, naquela cidade minúscula, só existe uma pessoa dirigindo tão tarde.

Mas não é ele e de alguma forma Harry sente que que deveria saber disso. É claro que não é Louis, é apenas um carro vermelho comum, sem nada de especial e que passa rápido demais para os olhos sonolentos de Harry identificarem quem está por trás do volante.

O carro de Louis é de um vermelho queimado, único. Harry nunca tinha visto um carro com aquela cor antes. Louis dizia que é porque aquele carro veio de muito longe, trazido por seu avô pouco antes dele falecer. Foi a única herança que Louis recebeu.

Harry abre a janela com força, não ligando para o barulho alto, ninguém irá acordar e, mesmo que acordem, a justificativa de que ele está abrindo pelo calor intenso do verão é coerente.

Geralmente não é tão quente assim naquela parte da Inglaterra, mas o aquecimento global é uma grande merda.

Além disso, a janela fechada nunca foi impedimento para Louis.

Não que ele vá até lá de qualquer maneira. Faz uma semana que eles terminaram, não há qualquer razão para ele aparecer ou assuntos a serem discutidos.

E Harry se arrepende.

Ele sabe exatamente o porquê, é claro. Foi algo que ele pensou muito nas últimas semanas, não havia uma saída que não deixassem ambos machucados. O melhor era terminar agora do que arrastar o relacionamento por mais alguns meses até o fim inevitável.

Mas talvez ele devesse ter terminado com Louis no dia que fosse embora e não duas semanas antes. Os dois poderiam ter aproveitado mais a paixão entre eles, porque, droga, ele é o primeiro amor de Harry.

Céus, como ele se arrepende.

. . .

A rua permanece vazia por longos minutos. Uma brisa agradável bate no rosto de Harry e ele fica ali, em pé, olhando o poste de luz na calçada da frente, esperando.

Como ele se odeia por esperar.

É bem claro que Louis não quer mais nada com ele, já era impressionante o suficiente alguém como ele querer alguém como Harry.

Louis já é adulto, não muito mais velho que Harry, mas ainda assim um adulto. E Harry já é quase um também, mesmo que ele ainda se sinta como um adolescente patético.

O ronco suave de um motor chama sua atenção e Harry se afasta da janela com a mesma sensação de antes — coração apertado, comprido.

. . .

Todos naquela cidade conhecem a história de Louis Tomlinson, de sua fracassada ida à universidade e sua volta desonrosa. Tudo estava perfeitamente destinado para Louis conquistar o mundo, mas ele foi expulso, voltou e arrumou um emprego em uma loja. Como se aquela minúscula cidade não falasse dele o suficiente, todos descobriram que ele é gay.

Na época em que conhecera Louis Tomlinson, Harry Styles sabia de tudo isso, mas fingiu que não, porque havia algo sobre Louis que inspirava mistério. Por que ele foi expulso? Por que voltar para aquela cidade sendo que ele poderia ir para qualquer lugar? Ele realmente gay?

Talvez fosse esse mistério ou o carro ou a atitude, mas qualquer que fosse o motivo, Harry foi puxado para o mundo de Louis inevitavelmente e ele se apaixonaram.

Durante o último ano de Harry, Louis esteve lá, buscando-o ao final da aula e levando-o a encontros.

A mãe de Harry surtou e a cidade comentou, mas eles eram algo sólido de modo que eventualmente deixaram de ser interessantes para os fofoqueiros.

I'd never forget you as long as i'd liveOnde histórias criam vida. Descubra agora