Terceira Parte

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O carro está quente e não é o mesmo de quando Harry era adolescente.

Isso torna seus pensamentos nebulosos, porque se não é o mesmo carro, como Harry poderia reconhecer o som na madrugada? Louis poderia ter passado ali antes, sem estacionar e sem fazer muito barulho, com um carro comum que facilmente passaria batido por Harry.

Ele quer perguntar a Louis isso — se ele passou ali antes — e porque escolher aquele dia para estacionar, mas ao invés ele diz:

— Carro bacana.

Louis não diz nada e Harry olha o interior do veículo, tentando se distrair e ignorar o calor que emana de Louis.

— Já faz muito tempo — começa Louis lentamente —, desde a última vez em que estivemos perto dessa forma.

Sua voz soa quase igual ao que Harry se lembra, o sotaque parece mais forte, o tom é mais baixo do que ele esperava e mais rouco, contudo, ainda há a doçura de sempre.

— Sim — responde Harry —, e eu estou aqui por quê?

A verdade é que Louis não o convidou com palavras, apenas estacionou e por um minuto inteiro Harry ficou sentando esperando a hora dele partir, mas Louis não o fez e, cinco minutos depois, Harry estava atravessando a rua, perguntando-se porque as coisas tinham que ter acabado desse jeito gelado e silencioso.

— Muito coisa aconteceu — começa Louis e Harry se questiona sobre qual período de tempo Louis se refere.

Se foi quando terminaram pela primeira vez, quando Harry foi para a faculdade, quando terminaram pela segunda vez ou quando Harry voltou a cidade, quem sabe desde o momento em que Harry arruinou o noivado dele.

— Desde quando? — Pergunta Harry baixinho ao perceber que ele não irá explicar sobre o que está falando.

Louis ri e, ao invés de responder, pergunta o que Harry está fazendo ali, na cidade.

— Vim passar um tempo com a minha mãe — responde.

— Não tem nada a ver comigo?

Tudo tem a ver com você, Louis.

— Não, e por que teria? — Pergunta Harry desafiadamente.

De fato, ele não voltou esperando ver Louis, mas é inevitável não associar tudo e todas as coisas a Louis, principalmente quando Harry está tendo uma recaída tão grande no sentido de superar ele.

— Não sei — responde sincero —, apenas achei que foi muito coincidência você aparecer no restaurante aquele dia.

Harry suspira e se recosta no banco de couro do carro.

— Minha mãe comentou sobre o noivado e eu... sei lá, senti que deveria estar lá, você me fez uma promessa e, se eu não visse com meus próprios olhos, jamais acreditaria e esperaria por você para sempre.

— Oh, Harry, nós sabemos que isso é mentira, você não iria esperar por mim, nunca o fez.

Harry olha incrédulo para Louis, porque tudo, absolutamente tudo que ele fez nos últimos anos, direta ou indiretamente, foi esperar por Louis, até mesmo quando eles começaram a se afastar e Harry já sabia o que aconteceria.

Mas para ele nunca acabou e é por isso que Louis continua sendo o primeiro e único.

— Nós nunca terminamos formalmente — começa Harry, engolindo em seco e desviando o olhar —, em um momento estávamos juntos e no próximo não estávamos mais, simples assim, as conversas foram diminuindo até não existirem mais. E então você terminou comigo por telefone.

I'd never forget you as long as i'd liveOnde histórias criam vida. Descubra agora