Japão, Tokyo. 22:20.
De todas as vezes em que estivera em cima de uma moto, essa fora a primeira vez em que teve a quase certeza de que iria morrer.
Já andaram em veículos como este inúmeras vezes, principalmente após passar a namorar Kiyama Tatsuya, dono de uma Kawasaki Ninja. Suzuno sentia-se incrível em uma moto, o vento batendo em seu corpo, as coisas passando por si rápidas e próximas. Era tudo tão real. Estar trancado em um carro observando à tudo de dentro daquele lugarzinho fechado não te fazia se sentir livre. Mas bem, a diferença entre seu ex namorado e seu melhor amigo era clara: o famoso "com ou sem emoção". Tudo parecia extremamente seguro quando se tratando do ruivo à sua frente, pilotando aquela moto, deixando-se ser abraçado por um Suzuno Fuusuke apaixonado e grato por sentir-se aconchegado ali. Midorikawa Ryuuji não. Esse cara cortava carros e motos e parecia não conhecer a funcionalidade de um freio. O motor fazia barulho, as pessoas olhavam surpresas, alguns veículos buzinavam em resposta aos ator imprudentes do piloto apressado. Gazel tremia. Tremia, e sinceramente, não sabia se era por ainda pensar sobre a possibilidade de Nagumo Haruya estar correndo perigo naquele exato momento ou por estar à um fio da morte com Midorikawa aventurando-se pelas ruas de Tokyo daquela forma. E ah, Suzuno começou a se preocupar quando parte da sua infância surgira em sua mente de súbito, sem mais nem menos, concluindo que a vida realmente passa diante dos seus olhos quando a morte está por perto. Puta merda, seria tão idiota falecer dessa forma. Sentia que ainda tinha mil e uma coisas pendentes para fazer na vida, ter filhos, ser padrinho nos casamentos dos amigos... Casar.
Sinceramente, Gazel não sabia ao certo o que deveria fazer quando chegasse ali. Não estava armado, não tinha a mínima ideia do que estava a ocorrer, mesmo tendo a clara noção de que não, não era coisa boa. Sem contar que, quando tratando-se de alguém como Kira Hiroto, fazer pouco caso da situação era, no mínimo, um desrespeito às tramas que o empresário fazia acontecer. Pensar no quão envolvido Burn esteve esse tempo todo era de se causar arrepios à qualquer um; ninguém, em hipótese alguma, ninguém gostaria de passar ao menos um dia ao lado de Hiroto, tampouco semanas ou até meses. É surreal. É degradante, de dentro para fora ou vice-versa, e Gazel havia provado de seu efeito por apenas alguns poucos minutos nos quais dialogaram. Ora, mas é claro que ele se culpava. Lhe doía o peito imaginar em mil e uma possibilidades de ter impedido o desastre, mesmo que noventa e nove por cento delas fossem-lhe impossíveis de executar, mas mesmo assim, ainda lhe cortava o coração. Precisava chegar à tempo. Precisava vê-lo. Não sabia o que fazer, mas sabia que teria coragem o suficiente de entrar no meio de um tiroteio por ele.
Definitivamente, era o que iria fazer. Era loucura, mas tinha motivos para tal.
Quando chegaram ao prédio de Nagumo, Gazel e Midorikawa mal tiveram tempo para respirar. O estilista retirou o capacete e, mesmo trêmulo, pôs-se de pé ali na calçada, já avistando a guarita e o senhor ali em cima. Fez menção de que iria entrar. Midorikawa o segurou.
- Calma. – Pediu. Gazel queria ter lhe dito que era impossível. – Tu não pode entrar de mãos vazias.
- O que eu faço?
- Aqui. – O rapaz enfiara a mão nos bolsos da jaqueta, retirando dali um punhal. Havia pego quando de repente as coisas pareceram fazer-lhe sentido e ele achou melhor ter aquilo consigo. – Essa coisa é antiga, mas funciona. Era do meu avô, que foi pro meu pai e agora é minha. – Suspirou.
- E-eu...
- Não pensa duas vezes, cara. – Comentara firmemente. – Se der ruim, a use. É legítima defesa, Gazel. Existem coisas que nós não podemos evitar.
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Spice!
Fanfic"O gosto amargo do meu quente tempero, só dessa vez deixarei você ter um pouco. Adoro ouvir você acreditando no que digo... És realmente ingênuo, não?" "E meu coração já não suporta ver que não quer se envolver. Mas apesar de tudo eu sigo aqui lutan...