Inesperada Paixão-Irmãos Herrera 1(COMPLETO NA AMAZON)

Capítulo V

Minha Martina

Javier

Quanto mais eu olhava para seu rosto adormecido e pálido, mais sentia raiva de como tudo aconteceu. Como não percebi que minha preciosa menina estava passando por momentos difíceis? Eu era seu irmão. O mais chegado. Eu tinha obrigação de protegê-la, de ter impedido que ela viesse parar em uma cama de hospital, brigando pela vida. Mas não, eu estava ocupado fazendo shows por todo o país e minha Martina desmoronando.

Olhei mais uma vez para seu frágil corpo e fiz um pedido aos céus que não fosse tarde demais. Eu nunca fui religioso, mas desde que fui informado que minha irmã estava em um hospital, eu só conseguia orar para que um milagre ocorresse, que seu corpo reagisse aos medicamentos. Mas tudo continuava do mesmo jeito, Martina estava tão fraca que mal abria os olhos ou conseguia se manter acordada.

— Ei Javi, vai lá fora comer alguma coisa, cara — meu irmão murmurou.

Eu quase havia me esquecido que não estava sozinho. Hernandez também estava sentado neste quarto frio e olhando preocupado para nossa irmãzinha.

Éramos três. Hernandez o mais velho, e Martina a mais nova. Eu fiquei com o posto de filho do meio. Meu irmão já tinha 5 anos quando nossos pais resolveram lhe dar um irmão, então eu cheguei. Por três anos fomos só nós dois, até mamãe nos informar que ganharíamos uma irmãzinha. Quando ela voltou do hospital papai pegou o pacotinho rosa e nos mostrou. Ela era tão pequena, com cabelos pretos e bochechas vermelhas. Papai nos disse que ela era nossa preciosa e que nós como irmãos mais velhos, tínhamos que cuidar e protegê-la. E sempre fizemos isso, crescemos unidos e com pais atenciosos.

Aos dezessete anos a música me escolheu, me descobri um cantor e com o empresário certo, minha carreira começou a acontecer. Javier Herrera se transformou em um astro pop, veio a fama e muito dinheiro junto. Pelos muitos compromissos passei a ver cada vez menos a minha família, sentia muita falta de ter meus irmãos por perto todo dia, mas eu sempre dava um jeito de visitá-los.

Então, quando minha irmãzinha pediu para vir morar comigo, eu fiquei animado. Ela tinha acabado de completar dezessete anos e meus pais confiaram em mim para cuidar dela. E foi aí, que eu falhei.

Eu a apresentei aos meus amigos e lhe deixei curtir a cidade. Quando precisei sair em turnê por alguns meses confiei que ela ficaria bem e saberia se cuidar sozinha. A vi pouco em minhas vindas rápidas ao apartamento e tudo parecia em ordem, até receber um telefonema exigindo minha presença neste hospital. Parei tudo que estava fazendo e vim vê-la. Mas, encontrá-la magra, desnutrida, desorientada e no ultimo estágio de uma anorexia severa, parecia mais um pesadelo do que a realidade.

Eu achei que ela podia se cuidar sozinha, mas ela não pôde.

Me esforçando para responder à pergunta de Hernandez, apenas murmurei:

— Não vou sair daqui, estou sem fome.

— Se ficar mais um dia neste quarto sem comer nada, você vai ficar doente e não sei se nossos pais vão lidar bem, com dois filhos doentes ao mesmo tempo.

— Porra, Hernandez. Não enche o saco. Eu estou bem e nossa irmã vai se recuperar! ― falei, irritado.

— Você ouviu o médico, cara. Estou preocupado Javi, se ela não reagir logo, as chances serão poucas. Seu quadro é grave ― ele disse, com um tom de desespero na voz.

— Não pense besteira, Hernandez! Martina é forte e seu organismo vai reagir aos medicamentos ― afirmei.

Eu me apegava a esse pensamento para não desmoronar.