chapter 5

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Fase Cinco: Insegurança

- O que exatamente você tem em mente pra esse encontro? - Betty perguntou enquanto caminhávamos pelo Brooklyn com York, seu chihuahua, saltitando em nossa frente.

- Ainda não tenho certeza, mas quero algo íntimo, familiar. Não é como se nós estivéssemos indo comemorar alguma coisa, nós estamos indo conversar e resolver essa situação. Tudo o que mais quero é me acertar com Cheryl.

- Tenho certeza que é o que ela mais quer também. E o que Ronnie quer e o que eu quero. Não aguento mais você se lamentando pelos cantos do meu apartamento! - Olhei pra Betty indignada antes de bater meu ombro contra o dela.

- Ei, assim você me magoa!

Ela riu. 

- Estou brincando, T! Você sabe que apesar de achar você e a Blossom um casal muito estranho e meloso, eu torço muito por vocês. Além do mais, sem a ruiva por perto eu teria que encontrar outra pessoa para atormentar e duvido que haja alguém no mundo tão implicante quanto aquele demônio de vermelho!

Revirei os olhos. 

- Eu vou te ignorar ou Ronnie corre o risco de ficar viúva antes dos trinta.

- Olha só pra você, toda domada pela Blossom! Daqui a pouco estaremos passeando eu e ela juntas, eu levando York na coleira e ela levando você!

O cachorro olhou pra trás ao ouvir seu nome, Betty lhe mandou um beijo e eu apenas bufei irritada. - Verônica está fazendo greve de sexo novamente, B? Por que tanta energia pra me atormentar só pode vir da falta de transar mesmo.

A loira riu alto, chamando a atenção de outras pessoas na rua. 

- Você está passando tanto tempo em minha casa que está mesmo complicando minha vida sexual, Topaz. Mas você sabe, eu sempre tenho meus métodos!

- Sobre os quais eu não quero ouvir. - Cantarolei buscando um elástico na bolsa para prender o cabelo. Fazia um calor insuportável em Nova York.

- Tem certeza? Eles podem ser bem úteis! - Eu apenas a encarei e ela jogou as mãos pra cima com um sorriso divertido. - Tudo bem, eu parei! Agora vamos entrar aqui, quero levar alguns cupcakes pra Ronnie.

- Você é mesmo muito melosa. - Disse somente para provocá-la, afinal de contas nossa amizade era baseada em provocações sempre que possível.

- Claro, eu tenho a melhor namorada de todo o mundo e ela merece isso e muito mais. - Respondeu mostrando algumas sacolas que traziam em sua mão livre. - Além do mais a coitada está muito ocupada com seu estúdio e um pouco de açúcar vai fazer muito bem para a minha garota.

Betty pegou York no colo e eu a segui quando ela entrou na pequena doceria e parou na fila diante do balcão analisando os bolinhos.

- FP me ligou ontem. - Comecei acariciando as orelhas do cachorro no colo da minha amiga. -Queria saber se nós vamos pra lá no 4 de julho.

- Ele ainda não sabe que você e Cheryl brigaram?

Balancei a cabeça negando. 

- Ainda não tive coragem de contar. Ele me mataria.

- Com toda razão, eu diria. Vou perguntar a V quais sabores ela quer. - Disse pegando o celular e digitando uma mensagem para a namorada. - Mas de qualquer forma podemos ir nós quatro pra lá como no ano passado. Até porque ainda falta quase dois meses, até lá você e Blossom já estarão se comendo novamente. O que você acha?

Eu estava prestes a dar uma resposta irônica pra minha melhor amiga, mas meus olhos percorreram a loja, pararam numa das mesas no fundo do local e eu senti meu corpo congelar porque eu conhecia a mulher loira sentada ali e eu conhecia melhor ainda sua acompanhante. Heather e Cheryl estavam conversando, ou melhor, Heather estava observando com um ar inconformado a ruiva falar.

- Ou nós podemos ir embora daqui. - Murmurei pra Betty e antes que ela pudesse perguntar algo eu apontei pra mesa em que Cheryl e Heather estavam. Eu vi os olhos de Betty dobrarem de tamanho e sua boca se abrir antes de ela bater uma das mãos em sua testa.

- Merda, Toni. - A loira exclamou segurando meu pulso e me puxando pra fora da loja. - Vamos sair daqui antes que cometamos uma loucura. Eu não vou me controlar e não vou tentar controlar você também, já que sei que é algo impossível de se fazer.

Apenas sorri nervosa, me controlando pra não chorar. Por fora permanecia com a expressão inabalável, mas raiva era o que eu sentia.

A raiva é um sentimento libertador. Você não precisa pensar para estar com raiva, na verdade, ela quase bloqueia qualquer pensamento racional. Você pode apenas sentir... Sentir como ela se espalha pelo seu corpo, como ela parece estar sob sua pele, se infiltrando em seu sangue, tornando tudo mais quente e frio.

Quente, porque você pode sentir seu interior esquentando e a raiva borbulhando sob a superfície aparentemente tranquila. Frio, porque você quase pode congelar as pessoas com suas palavras cortantes e seu olhar gélido.

A raiva... Ela é como uma bebida forte disfarçada em um coquetel de nome engraçado. Você sente um gosto engraçado na boca, você mal pode dizer quanto dela já tomou, e sem perceber, você está completamente embriagado.

- Parece que Cheryl já tem outro alguém com quem assistir os fogos de quatro de julho esse ano.

six degrees of separation - choniOnde histórias criam vida. Descubra agora