chapter 6

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"Não é irônico que o meu medo de te perder tenha te tirado de mim?"

Fase Seis: Admitindo

- Você vai dormir como um bebê e relaxe, é natural. - Foi o que Betty me disse ao entregar o calmante e depois de dormir das quatro da tarde e só acordar às onze com o celular tocando eu não poderia reclamar. Depois do que aconteceu na doceria Cooper me colocou dentro do carro e por insistência minha me levou para o meu apartamento ao invés do seu. Ficou comigo até que eu me acalmasse e quando precisou ir embora para ficar com Ronnie me deu um calmante, que por algum motivo desconhecido ela tinha em sua bolsa.

Sequer sabia se realmente era natural ou se minha melhor amiga estava me drogando com um tranquilizante tarja preta, mas funcionou perfeitamente depois de tantas noites de insônia. Funcionou tão bem, aliás, que eu sequer prestei atenção ao identificador de chamadas no visor do celular. Aquilo deveria ter sido um sinal.

- Alô? - Minha voz saiu mais rouca do que eu desejava então limpei a garganta enquanto a resposta não veio. Estava prestes a falar novamente quando a pessoa do outro lado finalmente resolveu se manifestar.

- Oi, Toni. - A voz doce chegou aos meus ouvidos fazendo com que eu despertasse imediatamente. - Você estava dormindo? Eu posso ligar amanhã.

- Não, tudo bem. Eu não estava dormindo. - Me arrumei sobre os travesseiros e esfreguei minha mão livre em meu rosto para me certificar de que estava bem acordada.

A risada dela saiu baixa porque é claro que ela sabia que era mentira. Ela era aquela que me conhecia melhor que qualquer um, afinal. As vezes eu desconfiava que ela me conhecia melhor que eu mesma.

- Está tarde, é melhor você descansar...

- Já disse que tudo bem, Cheryl. - Respondi e a linha ficou em silêncio. Me perguntei se eu tinha sido grossa demais, mas eu realmente não tinha noção do que estava acontecendo naquele momento. Tudo estava tão confuso. Era bom apenas fechar os olhos e ouvir a respiração dela novamente, mas seu suspiro me trouxe de volta à realidade. - Aconteceu alguma coisa?

- Nesse último mês aconteceu tudo o que eu não podia imaginar. - Confessou e eu sabia a que ela estava se referindo. - Mas agora eu... - Hesitou. - Eu só precisava ouvir sua voz.

- Oh.

- Sim. - Ela suspirou novamente. - Eu sinto falta da sua voz todos os dias. Eu sinto falta de você todos os dias.

Ouvir Cheryl me dizer aquilo com tanta sinceridade e de forma tão natural fez meu coração disparar e meus olhos se encherem de lágrimas, então eu os apertei com força para impedi-las de cair e puxei o cobertor tentando aliviar o arrepio que percorria todo meu corpo.

- Eu fui uma idiota, Cheryl. - Também confessei com a voz levemente embargada depois de alguns minutos de total silêncio. - Estraguei tudo, fui imatura e te perdi. Perdi a pessoa que mais amo na vida e a única que eu queria ao meu lado mesmo nos meus piores momentos.

- Toni... - Tentou interromper.

- Não, eu sei que foi tudo culpa minha. Não é irônico que o meu medo de te perder tenha te tirado de mim? Eu te perdi pra ela e estou começando a aceitar o fato de que talvez ela te mereça mais do que eu. Eu só quero ver sua felicidade, Cher, mesmo que para isso seja preciso que você se afaste de mim.

- Nunca repita isso, Toni, ninguém me merece mais do que você. - Se apressou em dizer. - Além do mais, de quem você está falando? Eu não estou entendendo.

- De Heather. Eu vi vocês juntas. - Afundei o rosto no travesseiro.

- O que? - Perguntou confusa.

- Cheryl, não torne isso mais difícil. - Implorei. - Hoje Betty e eu paramos numa doceria no Brooklyn e vocês estavam lá, conversando. -Expliquei.

- Então foi por isso que Verônica ligou e passou cinco minutos me xingando sem explicar o motivo?

- Deus, isso foi totalmente rude da parte dela. - Balancei a cabeça sem querer acredita que Verônica tinha feito isso. -  Mas o que importa, Cheryl, é que tudo que quero é sua felicidade, e se Heather te faz bem então...

- Toni, foi tudo um mal entendido. - Me interrompeu apressada. - Eu realmente estava lá com Heather, mas fui eu que a convidei para que pudéssemos esclarecer as coisas. Eu disse que ela é importante, mas que eu nunca permitiria que ficasse entre nós duas e já que ela não sabe se comportar e apenas te provoca então deveria sair de vez da minha vida. Eu sei que ele era bastante inconveniente, eu só não tinha percebido o quanto. Até agora. - Suspirou. - Você é a única que eu quero que me faça sorrir, porque só com você esse sorriso é sincero. Será que você entende? - Nesse momento as lágrimas já corriam livre pelo meu rosto e não pude evitar o soluço que, antes engasgado em minha garganta, agora escapasse por meus lábios. - Eu sei que você pensou muito, ChaCha, e eu não aguento mais essa distância então na próxima semana, assim que voltar de Riverdale, eu vou te procurar e nós vamos resolver tudo. Eu te amo. Muito.

E a linha ficou muda.

six degrees of separation - choniOnde histórias criam vida. Descubra agora