something BIG | shawnick ♡

bolinhas

Parado na frente de Nick, com a boca aberta e as pernas bambas, três cenários acontecem na minha cabeça:

Um buraco se abre no chão e eu literalmente desapareço dessa dimensão, sem nunca ter que lidar com o fato de que dei para o meu chefe na noite anterior sem saber que ele seria o meu chefe hoje.

Eu descubro uma fórmula para voltar no tempo e retorno ao Buraco Quente, não vou para cama com Nick, evito esse constrangimento e continuo trabalhando na Jonas Inc. como um funcionário normal.

A Camila vai embora, me deixando sozinho com Nick. Ele me devora com os olhos, faz um movimento brusco com seus braços musculosos e joga no chão todos os papéis que estão sobre a mesa de vidro e nós dois fazemos amor por horas ali mesmo (ou no chão porque eu acho que me sentiria um pouco apreensivo se a gente transasse em cima de uma mesa de vidro).

Nada disso acontece. O que acontece, de verdade, é um diálogo breve e abestalhado entre nós dois. Eu não consigo escutar as palavras saindo da minha boca mas Nick diz qualquer coisa institucional sobre a empresa enquanto Camila balança a cabeça positivamente e anota coisas no seu celular.

Nos despedimos brevemente e assim que eu e Camila entramos no elevador ela começa a rir.

— Meu Deus, Shawn! Você não consegue nem disfarçar.

— Do que você está falando? — eu pergunto, tentando apagar os últimos minutos vergonhosos da minha memória.

— Shawn. Tem baba escorrendo da sua boca. Literalmente.

Esfrego as costas das mãos no meu queixo e constato que Camila está certa. Eu sou uma vergonha.

— Mas eu não te culpo. O Nick é mesmo uma gracinha. E olha que a última vez que eu elogiei um homem foi quando meu pai me deu uma casa na árvore de presente no meu aniversário de 6 anos na tentativa de suprir sua ausência física e eu só consegui dizer "bom trabalho, pai".

A porta do elevador se abre e Camila me puxa pelo braço.

— Agora chega de sonhar e vamos trabalhar. Isso aqui não é a Disney.

***

Camila estava certa. O trabalho na Jonas Inc. era pesado. Nas duas semanas seguintes eu mal tenho tempo de me adaptar ao emprego novo porque um milhão de tarefas para cumprir aparecem e a minha caixa de e-mails nunca fica vazia.

O lado bom de ter muito trabalho é que sobra pouco tempo para me preocupar com a possibilidade de esbarrar com Nick pelos corredores. É claro que eventualmente (uma vez a cada meia hora) eu penso nessa possibilidade, mas na maior parte do tempo eu estou 100% focado no trabalho.

A verdade é que, tirando o meu primeiro dia, nunca mais encontro com Nick na firma. Ele está sempre em viagens e reuniões e enquanto uma parte de mim sente alívio, a outra sente saudades.

É uma sexta-feira atipicamente tranquila. Camila está em um trabalho externo e eu estou sozinho na minha baia ainda pouco decorada. Pego o celular para matar o tempo olhando o feed do Instagram e meu coração para de bater por três segundos quando vejo a primeira foto que aparece.

Liam está em Paris para um trabalho (isso eu já sabia porque ontem ele postou uma sequência interminável de stories insuportáveis no aeroporto que eu odiei mas assisti todos), e postou uma nova foto no feed.

Eu já deveria ter dado unfollow no meu ex, ou pelo menos silenciado o filho da puta, mas eu não consigo controlar a minha vontade de ser otário. Sinto o sangue ferver enquanto seguro o celular e encaro a foto da Torre Eiffel. Deitado no gramado, consigo ver o corpo de Liam da cintura para baixo e observo os detalhes da sua calça jeans com a barra dobrada, o tênis branco impecável e a meia rosa de flamingos QUE ELE ROUBOU DE MIM.