Bom, pra variar, estou atrasado (como sempre). Falei que ia postar essa nota no sábado e, como já passou de 00:00, hoje é domingo.
Queria agradecer a todos que leram o conto e que chegaram a abrir essa nota. Peço desculpas se fiz alguém chorar muito, ou se o conto acabou sendo pesado demais. Mas essa é a minha visão de campos fascistas, como eles seriam se fossem aplicados na atualidade. Depois de tanto ouvir a história de Hitler, os campos de concentração e o Holocausto, subiu uma vontade de escrever esse conto. Peguei inspiração também do jogo Detroit: Become Human, onde no final, há a possibilidade de uma personagem acabar em um campo igual ao descrito aqui (não acho que isso seja spoiler do jogo, porque há muitas possibilidades de outros finais além desse campo, já que se trata de um game moldado pelas escolhas do jogador).
Se você associou essa história a algum candidato eleito à presidência da república, bom, aí foi com você, seu próprio cérebro te remeteu a ele. No entanto, em nenhum momento deixei o nome de nenhum dos elegíveis, nem mesmo escrevi a palavra "fascismo" — que está bem na moda hoje em dia —, mesmo pegando muitos dos elementos dessa ideologia: Estado opressor, patriotismo extremo, extermínio de todos aqueles que eram contra as ideias do ditador, mídia manipuladora...
Queria ter tido a oportunidade de publicar esse conto bem antes de sexta, mas estive bem ocupado esse mês e só pude escrever essa semana. Terminei anteontem e, logo depois de StefaniPPaludo betar, eu já o postei.
Eu nunca faço notas depois dos contos, normalmente deixo apenas a história curta e agradeço no final. Contudo, como o clima deste foi bem mais tenso e pesado do que de todos os outros, senti a necessidade de fazer algo a mais. Na verdade, isso é mais um esclarecimento.
Por que optei por deixar as coisas tão brutais e frias, com banhos de sangue e um final melancólico?
Justamente porque nós estamos vivendo épocas estranhas e sombrias. Há pessoas saindo na rua em apoio à ditadura militar, pedindo intervenção e apoiando torturadores. Eu nunca na minha vida inteira pensei que chegaria a ver isso. Nunca vou me esquecer do dia em que eu, quando criança, nem sabia direito o que era uma ditadura — tinha ouvido pouco a respeito, ainda não havíamos chegado a nos aprofundar nessa matéria —, soltei uma besteira grandiosa: "Ah, mas acho que a ditadura nem foi tão ruim assim, se voltasse poderia ser bom." A minha sorte foi ter dito isso bem na aula de história e a professora ter ouvido cada letra do que eu falara. Ela ficou LOUCA, e estava certíssima. Me deu uma aula completa dos horrores que aconteciam naquela época nos poucos minutos de aula que ela ainda tinha com a minha turma. Eu nunca me sentira tão mal por ter falado algo tão absurdo. Ao longo dos anos, fui aprendendo cada vez mais e fui dando graças a Deus por essa época ter passado. Não conseguia me imaginar vivendo com censuras, militares nas ruas, patriotismo exagerado... Com as coisas que eu posto na internet ou, até mesmo, as coisas que escrevo aqui pra vocês, eu poderia ter sido preso e torturado se vivesse naquela situação.
E, até mês passado, eu me sentia livre, não via probabilidade de algo desse tipo voltar a acontecer. Porém, recentemente, ando recebendo cada vez mais socos no estômago. Cada notícia que sai, cada foto compartilhada, eu sinto mais e mais medo do nosso futuro. Não consigo acreditar até agora numa foto onde pessoas erguiam cartazes escritos "USTRA VIVE" e "INTERVENÇÃO MILITAR JÁ!"
Isso é desumano. Apoiar qualquer tipo de tortura é desumano. Às vezes me pergunto se deveríamos mesmo carregar o título de "espécie mais inteligente da Terra". Nós mesmos estamos causando a nossa própria extinção aos poucos.
Enfim, termino essa nota aconselhando a votar consciente hoje. Mais uma vez, agradeço a todos que leram até aqui.
Amo vocês <3
VOCÊ ESTÁ LENDO
Contra o Estado (CONTO)
Storie breviNicolas era um rapaz normal. Tinha uma vida normal. Uma rotina simples. No entanto, tudo mudou quando soldados bateram em sua porta o acusando de crimes contra o Estado. Foi revistado, algemado e lançado no baú apertado de um furgão com outras 20 pe...