01. De repente na biblioteca com um baiano desconhecido.

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Aqui em BH, o céu está nublado, acho que daqui a pouco vai cair um pé d'água dos grandes, mas isso não vai me impedir de pegar o busão e ir pra aula hoje

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Aqui em BH, o céu está nublado, acho que daqui a pouco vai cair um pé d'água dos grandes, mas isso não vai me impedir de pegar o busão e ir pra aula hoje.

- Pronta pra mais um dia ruim? - Perguntei para mim.

- Uai, fazer o que né? Vamos. - Me respondeu.

É sempre assim, eu falo comigo, e minha cabeça responde, eu não tive outra opção. Os primeiros pingos de chuva começam a cair, e começo a correr para o busão que acabou de parar no ponto.

Me sentei no fundo do veículo. Muita gente estava chegando ofegantes pra perto dos assentos digitando algo no celular com toda a pressa do mundo. Será que quando eu for uma adulta feita, eu vou ficar nesse trem desse celular o tempo todo?

A chuva começa a ficar mais forte a cada momento. Eu deveria ficar em casa comendo um pão de queijo debaixo da coberta, mas eu quis ir pra aula, e agora tô aqui.

Minutos depois o ônibus para perto do colégio, e agora pensando bem, eu me lasquei. Como eu vou passar nessa chuva toda? O jeito é correr que nem louca agora.

- Vai que é sua! - Disse minha cabeça.

Saí do veículo me sentindo uma atleta, tirando a parte que quase caí no chão, eu consegui chegar no portão.

Ainda faltava dez minutos pra aula começar, e eu fui para a biblioteca, fui para o lugar mais isolado possível, não quero ver ninguém agora.

- Você vai ficar aqui?

- Vou, não quero ver ninguém me chamando de louca agora, logo as sete da matina!

- Ôxe Jamille! Eu nunca te chamaria de louca a pronto e a hora. - Uma voz com um sotaque baiano que eu não conhecia disse.

Um garoto estava sentado ao meu lado na estante de livros. Quando meu olhar se encontrou com o dele, ele sorriu.

- Uai, quem é você? E como sabe meu nome? - Perguntei.

- Prazer, meu nome é Samuel Castro, eu sou da Bahia. E você é mineira é óbvio, fica tão fofinha falando. E eu sei tudo sobre tu.

- Prazer em te conhecer baiano e obrigada pelo elogio, mas você sabia que se alguma pessoa ver o falando comigo aqui, vão achar que você é louco.

Ôxe, que isso, não se preocupe, ninguém vai me ver aqui. - Disse tranquilamente.

- Como não? - Perguntei.

- Por que só você consegue me ver Jamille.

- Como é que é? - Perguntei incrédula.

- quer fazer um teste? Vamo sair daqui! - Se levantou.

Eu estava tão surpresa que eu segui o baiano para fora da biblioteca.

- E agora? - Perguntei ao ver várias pessoas no corredor.

- Peraí... - Respondeu.

- Olha lá, a louca falando sozinha como sempre. - Um garoto disse para seu grupo de amigos.

- Eu tô falando com ele! Cês não tão vendo não? - Apontei para o baiano ao meu lado.

- Não tem ninguém aí. Ah quer saber? Vamo vazar daqui gente, deixa essa louca aí.

Eles saíram e eu fiquei parada no mesmo lugar igual boba.

- Como isso é possível? Isso não pode ser possível!

- Calma vei. Você não tem ninguém pra conversar certo? Eu tô aqui pra isso Jamille! Vou ser seu amigo irmão.

- Amigo irmão? O que é isso? Não entendo essas suas gírias de baiano.

- Significa amigo de fé, ou também pode ser melhor amigo.

Sorri com a sua última frase, pelo o menos agora eu iria conversar com outra pessoa, não comigo mesma.

- Então é tipo um fantasma?

- Ôxe! não diga isso. Amigo imaginário é melhor.

As pessoas do corredor continuavam me olhando estranho, mas agora eu não estava nem aí.

- Então baiano Samuel, eu vou pra aula agora.

- Até daqui a pouco mineira Jamille. - Disse e simplesmente desapareceu.

Me assustei um pouco, mas nada mais importa. Fui para a sala sorrindo, coisa que eu não fazia já faz um tempão.

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