Bem, eu estava muito triste. Fui até a calçada e me sentei para admirar as estrelas e reclamar para elas que nem se quer me ouviam. Quando meu coração acelerou, olhei para a esquerda e vi André. Ele entrou pelo portão do condomínio se identificando e veio na minha direção. Pude então perceber que em minha barriga o sentimento ainda era o mesmo de uns meses atrás.
"Borboletas no estômago"Nos sentamos na calçada da minha casa. Ele estava calado e eu também, mas ele resolveu quebrar o silêncio.
- Aquilo que você me mandou por mensagem_falou ainda de cabeça baixa fitando uma fila de formigas. - Era verdade?_ levantou e me encarou mordendo o lábio inferior.
André falava da mensagem que mandei de madrugada enquanto eu bebia com alguns amigos em uma festa comemorando minha volta à cidade (da qual eu não estou arrependida de ter ido ou de ter enviado o que enviei).
Eu também estava de cabeça baixa e senti necessidade de olhar em seus olhos como nunca havia sentido. Concordei com a cabeça me virando para ele sem expressar nenhum som da minha boca. Ele me olhou nos olhos e continuou:
- Você tem certeza de que me quer na sua vida né?Tentei responder com toda convicção que eu tinha.
- Sim. Até quando você quiser, ou até eu enjoar da sua cara.
Ele sorriu de lado e eu permaneci neutra. Naquele momento o gelo ainda não fora quebrado e ele perguntou:
- Você tem certeza? Não vai enjoar da minha cara muito cedo?
- Sim. Eu tenho. Toda possível e impossível. Não pretendo enjoar da sua cara logo logo._falei e supirei fundo. Nem acreditei que eu falei isso em voz alta. A antiga Elisa jamais falaria isso.
Pelo menos não de coração.Ficamos em silêncio novamente por alguns segundos.
- Você ainda está junto ..._quando eu comecei a falar ele me interrompeu
- Estou.
- V-você o quê? _ perguntei tentando não parecer tão surpresa com a resposta que eu já imaginava que teria mas não tinha certeza.
- Eu estou. Por enquanto.
- Por enquanto. E o que você está fazendo aqui? Vai embora, agora._ falei me levantando da calçada apontando para o portão.
- Você não entendeu Eli..
- Como não? Você veio fazer o ...
- Senta nessa calçada caralho _falou puxando minha mão. - E não dá pití porra. Deixa eu terminar de me explicar.
Me sentei na calçada cruzando os braços e ele se virou para mim passando as duas mãos nos cabelos bagunçados.
- Então você ainda está com ela?_ falei pegando um gravetinho e bagucei as formigas descontando toda minha raiva de forma sutil.
- Sim. Queria ter certeza da sua resposta pra não arriscar ferir nossos sentimentos. O whisky não iria ser remédio caso isso acontecesse. _falou me relembrando pelo o motivo de eu ter tido coragem para mandar o que mandei.
- Entendi._ falei.
Mais eu não entendia.
Ferir nossos sentimentos? Sentimentos de quem? Ela não tem sentimentos.
E se ele me amava, deveria ter feito logo isso antes de vir aqui. Porque nesse momento eu estava louca para dar um beijo de saudade nele.- Se eu terminar com ela. Você vai ficar comigo. Mais por quanto tempo?
- Eu já disse que eu vou ficar. Até quando você não quiser mais que eu fique.
- Você quer que eu termine com ela? Eu termino.
- Você está certo disso? Não está parecendo, e eu não quero te forçar a nada. _ falei me sentindo culpada. Acho que ele tinha um sentimento por ela no fim. E eu entendia isso.
Ele sempre fora muito seguro em relação a mim ou aos meus sentimentos. Mas de vez em quando não demonstrava isso.
- Eu quero você. Só se você me quiser pro resto da tua vida.
- E eu quero._ minha voz saiu em um fio enquanto eu olhava em seus olhos. Os olhos que me deixavam sem saber o que fazer ou assim como ele estava naquele momento: confuso.
- Então eu vou resolver isso amanhã. Vou na casa dela e termino com ela. Como você quiser. Por telefone? É. Por telefone vai ser bem melhor._ falou agoniado.
- Olha aqui André, você pode continuar com ela se você quiser. Você não é obrigado a ficar comigo. Você sabe disso, por que eu não quero me sentir culpada se você se arrepender depois, porque você sabe como eu ficaria se _ ele puxou meu queixo e me beijou. Foi o suficiente para eu me calar. Retribui o beijo. Era tudo o que eu queria naquele momento. Porque na verdade aquilo era tudo o que eu queria e não sabia como.
- Cala a boca._ falou sério e colocando o dedo indicador na frente dos meus lábios que já iria pronunciar palavras que eu queria, mais meu coração não.
Ele sorriu de lado e me beijou com mais vontade. Como se estivesse a muito tempo esperando por isso. Realmente ele estava. Eu estava. E ainda não tínhamos tido a oportunidade depois daqueles anos, não até aquele dia.
Ana chegou pigarreando olhando a gente se beijar. Ele ficou desconcertado na frente dela pedindo desculpas. Ela sorriu dizendo:
- Tudo bem, eu já sabia disso. Pode ficar á vontade. Estou saindo com Cláudio (Cláudio no tempo era namorado dela) beijos e juízo nessas cabecinhas viu. _ piscou e saiu.
Nos entreolhamos e sorrimos nos abraçando.
Quando ele não estava comigo o mundo não tinha sentido e eu sabia disso como um mais um são dois. Eu só não tinha certeza de que eu estava certa.
Mas assim que vi Ana beijando Cláudio, dava para perceber que só em eles se olharem havia um imenso amor entre eles. Dava para ver estampado nos olhares deles.
Foi então que eu entendi os maravilhosos conselhos que ela me dava sobre amar. Também entendi que por esse motivo ela também me entendia.
Olhar para André, vê-lo me fitando feito um bobo e com os olhos brilhando, já foi o suficiente para eu não querer sair dos braços dele nunca mais.
Mesmo que eu soubesse que ele voltaria para ela e que talvez não me ligasse no dia seguinte.
Mas isso não me importaria. O pior que a verdade é que eu me importaria sim.Eu queria estar com ele, mais dizer isso em voz alta era como rasgar meu orgulho de uma forma brusca. Mas creio que não faria muita diferença, meu orgulho já não era do tamanho do céu, mais ainda era do tamanho da lua.
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Tinha Que Ser Logo Você?
RomanceElisa MacNelly acredita ter blindado seu coração para que a flecha do amor não à acerte. E tenta se afastar do que sente, mais acaba entrando mais fundo na situação sem perceber e se deixando levar cada vez mais por um rapaz um tanto galanteador e n...