um - a proposta

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Haizh Beu

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Haizh Beu

Janeiro. 00:56

Mary J. Parker era uma mulher que se orgulhava mais das suas doações a igreja do que a fé que empregava no púlpito nas missas aos domingos. Viúva do único banqueiro da cidade e sem filhos, herdou sozinha tudo que o pobre marido deixou quando morreu vítima de um mal súbito.

Seu rosto trazia as marcas da terceira idade que se aproximava ano após ano. Outrora aquele rosto carregado de rugas já havia sido bonito, mas o tempo havia assoprado impiedosamente sua fugaz juventude.

Mary J. passa um pouco de sua melhor maquiagem e aguarda a visita de um rapazinho subnutrido que ela pagava para ter prazeres. Se sentia só, afinal. Não possuía filhos ou parentes próximos. E ela fez questão de enxotar um sobrinho interesseiro assim que o marido morreu e já que dinheiro não lhe faltava, se entregava de bom grado ao pobre morto de fome. Algumas moedas por longas horas de prazer era um preço baixo a se pagar.

A mulher observou da janela do seu quarto a enorme lua cheia surgindo no horizonte da pequena Haizh Beu. Mesmo que fosse uma mulher cética, a lua cheia trazia rumores terríveis que rondavam aquela cidade. Rumores de um lobo que ataca pessoas e as devora, deixando apenas sua carne despedaçada no dia seguinte.

Por isso, a mulher levanta a sua cama com um sobressalto ao ouvir arranhões na porta da cozinha. No entanto, Mary J há muito tempo havia parado de acreditar em ficção. Aqueles barulhos eram obra dos seus vizinhos invejosos que queriam vê – lá longe e estavam se aproveitando daqueles rumores para poder tomar conta da sua mansão, pensou decidida.

Ela estava tão confiante que decidiu que enxotaria aquela cambada de pobres coitados ela mesma. Quando seus pés tocam o penúltimo degrau da escada de mármore os arranhões se tornam um urro. O dedo gelado do medo espeta seu coração.

Mary J, procura o seu terço no pescoço e aperta-o enquanto um pensamento invadia. "As maiores doações na igreja são minhas, Deus não ia me querer morta". Em resposta ao seu pensamento ela ouve um ruído forte, como se algo incrivelmente pesado atingisse a porta...recuasse... e partisse ao ataque novamente. Seus grunhidos soam terrivelmente como palavras humanas. Em um instante a coisa estaria ali dentro.

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