Capítulo 9: Ana

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O jogo começou. Já está pingando, o tempo não deve estar nada bom, me preocupo com o André jogando naquele campo a céu aberto, mas ele sabe se cuidar.
-O que você tem? Você parece estar preocupada.- uma das minhas colegas notou minha preocupação.
-Ah! Não é nada de mais! - respondo em resposta tentando parecer tranquila.
-Ah sim!- Ela respondeu meio desconfiada. Ainda não tinha começado a chover.
Enquanto eu dava uma pirueta no ar e fazia uma abertura, percebi o André me olhando de uma forma um pouco diferente, mas quando me virei para olhá-lo seu rosto estava impassível. De repente me pergunto o que deve estar se passando na cabeça dele. Pouco depois perco o equilíbrio e dou um encontrão com uma colega e caio no chão sentada, me recomponho rápido, Viu no que dá ficar se preocupando com o que o André pensa de você Ana! Mas como meus pais dizem, eu sou osso duro na queda!
Depois disso antes que eu perceba eu me viro e encontro os olhos do capitão de futebol, e por uma fração de segundo eu vejo a preocupação perpassar pelos seus olhos, mas ele fica indecifrável, mas dessa vez é ele que se atrapalha e cai no chão, ele se levanta rápido.
-Isso aí André!- gritou o treinador em tom de aprovação.- Estão vendo meninos? É assim que deve ser, quando vocês caírem, levantem, mas nunca desistam! Desistir é para perdedores!
-Sim senhor! - Os garotos respondem em coro.
- O treinador fala umas frases tão inspiradoras de vez em quando! - até concordo com ela.

Começou a chover e nós continuamos a treinar e os meninos não pararam de jogar e o treinador parece que ficou mais rígido.
-Intervalo!- a capitã das líderes de torcida gritou.
Nos sentamos para descansar. Mas nesse momento o treinador falou:
- Tempo!!- na mesma hora os garotos pararam, alguns sentaram na arquibancada, uns deitaram no gramado e outros ficaram correndo devagar pelo campo e foi o caso do André e o seu melhor amigo o Eric, esse mesmo me olha, faz uma cara maliciosa e sussurra no ouvido do André, mas esse não responde. Minutos depois eu compreendo quando o André levanta a camisa, mas ninguém parece reparar. Ao longe vejo seu olhar provocador, mas eu não consigo parar de olhar o tronco definido dele, vejo seu olhar vitorioso e viro a cara, mas logo olho de novo e vejo que ele tá conversando com o Eric e enxugando o rosto com a camisa, vejo seu abdômen definido e dou um risinho, dessa vez viro rosto pra valer e não olhei mais.
-Intervalo terminado!- dito isso voltamos a treinar, enquanto me aquecia ouvi o treinador gritar "O tempo acabou!!" em seguida ouço os garotos começarem a correr também, e eles começam a jogar logo. Mas fico pensando se o André levantou a camisa para me provocar, mas eu tenho certeza que era exclusivamente uma provocação e aposto que fiquei vermelha.
Ainda está chovendo e o treino terminou, tanto para as líderes de torcida e quanto os garotos. Demorei tanto para terminar de arrumar as minhas coisas, que ficou o André nas arquibancadas e eu no início da quadra, é quando ele vem ao meu encontro e percebo que deixei a minha bolsa com as chaves de casa e o meu dinheiro do outro lado da quadra. Quando ele se aproxima eu digo:
- Não vou com você!
- Acho que você não vai querer enfrentar essa chuva!- Ele falou como se isso fosse óbvio.
- Eu posso muito bem cair nessa chuva e ir pra casa, aliás tenho que pegar a minha bolsa do outro lado da quadra!
- Eu vou então!- ele se postou na minha frente bloqueando a passagem, seus cabelos estavam molhados e colados no rosto, sua camisa estava apregada no corpo de tão molhada que estava, dava até para ver ser peitoral definido. Finalmente consegui desviar dele e corri em direção ao outro lado da quadra. Eu já estava um pouco mais da metade do caminho, quando sinto uma mão no meu pulso e eu sei quem é, olho para o André.
-Desculpa Ana, mas eu não posso mais adiar isso! -Ele me puxa contra ele e pressiona seus lábios contra os meus.
Nós nos beijamos como dois famintos e eu me sinto flutuar em meio a chuva e o uniforme molhado. De repente ele se afasta e fala no meu ouvido:
- Eu esperei tanto por esse momento.- ele fala como se estivesse aliviado e feliz ao mesmo tempo.
- Eu também esperava, mas...Por causa da sua fama de garoto popular, que todas as garotas te dão mole.
- Exatamente por isso! Dentre tantas garotas você é uma das únicas que não reage assim quando passo!
-Ah é?! E ainda tem outras? Se eu sou a única, prove!- ele me pressiona contra ele como se eu fosse capaz de sumir e me beija novamente.
- Isso responde sua pergunta?!- ele me olha sorrindo.
-Quero um tempo para pensar!
-Quanto tempo??
-Isso é eu que vou dizer, e enquanto isso eu não quero que você vá me buscar!- dito isso avisto a minha bolsa e corro para pegá-lá e assim que a pego vou embora deixando André para trás.
No vestiário me banho e me troco e vou embora definitivamente, na frente da escola vejo o André com sua moto e a sua jaqueta preta lustrosa e noto que parou de chover ele me dá um aceno fazendo menção para eu ir com ele, ignoro.

Anoiteceu e ainda não cheguei em casa não estou nem muito longe nem muito perto. Não muito longe avisto um grupo de garotos, mas não ligo e sigo meu rumo. Eles se aproximam e quando vejo já estão ao meu redor, barrando minha passagem, é quando um deles fala:
-Que bonitinha, qual seu nome gracinha?!
-Me deixa passar, por favor!
-Olha , ela tá bravinha, vem cá que eu te ensino o que é braveza!
-Eu só quero passar,por favor me deixe passar! - foi quando um deles que parecia ser o chefe da gangue acenou para um que parecia ser mais forte que todos e esse segurou minhas duas mãos enquanto o outro pegava minha mochila com minhas coisas dentro. Foi quando ouvi uma sirene policial, eles me largaram junto com as minhas coisas e saíram correndo com medo. Caio no chão tremendo da cabeça aos pés, quando ouço um roncar de moto familiar é quando vejo André descer da moto e correr ao meu encontro e se ajoelhar, me abraçar e falar :
-Eita Ana eu nem sei o que eu faria se eles tivessem feito alguma coisa com você! -ele me abraçou mais forte- Meu Deus eu fiquei tão preocupado!
-Eu, Ana Mitchell declaro que o meu tempo para pensar acabou!
-Que bom! Pelo menos eu posso te levar e te trazer para casa! -Ele me deu um beijo na testa. -Ah Ana, agora eu sei que te amo, disso eu não tenho dúvidas!
-Acho que eu também não!
-Vamos! Eu vou te deixar em casa!
Ele ligou a moto e eu subi. No trajeto eu o abracei como se eu fosse perdê-lo e também tinha que abraça-lo se não eu cairia da motocicleta.
Chegando em casa o André me levou até a porta e me deu um beijo na bochecha e fiquei olhando-o e perguntei:
-E o que somos agora?
-Não somos namorados ainda, mas....
-André eu prefiro te conhecer melhor, saber mais sobre você ok?!
-Sim, mas você vai vir e voltar comigo todos os dias!
-Eu não tenho escolha mesmo.
Vejo ele montar na moto vermelha e ir embora.

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