Capítulo 3

5.3K 964 133
                                    

Por Isabel...

Atravesso a rua com passos apressados sentindo meu coração batendo forte e descontrolado dentro do peito.
  Meu braço e segurado com força fazendo assim eu virar e bater contra uma parede de músculos.
A ação é rápida e com isso ele se aproveita para grudar em minha cintura.

— O que você está fazendo? — questiono, olhando nossos corpos colados.

Tento me afastar.

— Você saiu daquela maneira, eu confesso que fiquei bastante preocupado. — Diz.

— Estou bem Eduardo, agora por gentileza pode me soltar, obrigado mas não precisa se preocupar. — agradeço.

— Oh! Claro me desculpe. — Me solta se afastando, demonstrando está envergonhado.

Ajeito o vestido.

— Nos vemos na academia, boa noite, eu só não estou me sentindo bem mesmo.

Me viro e continuo meu caminho tentando entender como uma pessoa como eu, que tento sempre está bem e forte sofre com essa coisa chamada amor. Sorrio com o meu pensamento idiota. Ninguém, nem mesmo forte ou fraco, rico ou pobre, negro ou branco e assim por diante está livre disso.
É algo que nos pega sem que possamos reagir, nos prende, nos faz sofrer em alguns momentos, nos faz ter raiva e ao mesmo tempo não ter. É confuso... O amor...

Eu amo Saulo e nem mesmo o tempo foi capaz de apagar esse sentimento que habita dentro de mim. Porém a mágoa sobressai e não me deixa ir vê-lo outra vez. Ele mentiu.
Toda vez que fecho os olhos vejo ele sendo algemado e os policias com as drogas. Meu Deus, eu nem sabia que ele era... Era traficante. Ele escondeu dentro da minha casa, se aproveitou da minha ingenuidade, da amizade do meu irmão e fez aquilo.
Não sou capaz de perdoa-lo, é uma questão de princípio, pelo menos para mim sim.
Por isso não faço questão de saber sobre ele. Não me interessa mais.
Eu só peço que um dia esse amor seja arrancado e eu possa seguir em frente. É o que eu mais desejo.

Ao chegar em casa me livro dos sapatos e vou em direção a cozinha, mais uma vez estou sozinha. Me acostumei a ficar sozinha por isso não é surpreendente. Kaio tem a sua vida misteriosa, amizades que não aprovo e desconfio que seja envolvido em coisa ruim. Porém, sou sua irmã e única família, a única coisa que posso fazer é aconselha-lo.
Enquanto abro a geladeira vejo o quão ingênua ainda sou, não nego isso e as vezes me dá vontade de bater a cabeça na parede para vê se enxergo as coisas de outra maneira.
 
Procuro pela garrafa de vinho e assim que acho vou até o armário pegar uma taça, encho-a até a borda, sento em cima da ilha deixando a garrafa ao meu lado. Olho para cima respirando fundo tentando impedir que as lágrimas saiam, e, mais uma vez consigo.
Trago a taça até meus lábios sorvendo todo o líquido que desce suavemente em minha garganta, e é focando nisso que seco a garrafa rapidamente.

***

Minha cabeça gira e eu não consigo mais descer da ilha. Talvez eu durma por aqui mesmo. Penso.
Minha bunda dói de tanto ficar sentada então desisto da ideia absurda de dormir aqui na cozinha. Conto até três e pulo, não caio de cara no chão e isso é motivo para comemorar com uma dancinha ridícula.

Gargalho.

— Você é demais Isa. — Me elogio sussurrando um "foda!" no fim da frase.

Estou indo para o quarto quando meu celular toca e sou obrigada a voltar para pega-lo.

— Hmm... Alôooo? — Atendo com a voz arrastada e a tontura se intensifica me fazendo pegar em algum lugar para não ir ao chão.
Espero a pessoa do outro lado falar mas não ouço nada. — Quem está falandoo? — ouço um xingamento do outro lado da linha.

 COMPLETO NA DREAME - APENAS DEGUSTAÇÃO - EX PRESIDIÁRIO ©Onde histórias criam vida. Descubra agora