The Perfect Scent

2. Devil's Grin

 Taekwoon passou horas em claro pensando no modo como Hakyeon deu as costas e foi embora após apresentar-se de modo tão... Intenso.

O perfumista não impressionava-se com muitas coisas, mas aquele homem definitivamente lhe chamou a atenção. Ele costumava ouvir que era misterioso, mas Hakyeon levava aquele adjetivo a outro nível. Além de misterioso ele era interessante. Suas atitudes faziam com que quisesse saber mais sobre ele, descobrir cada um de seus segredos.

Taekwoon estava, lentamente, tornando-se obcecado.

Notou pela primeira vez quando desceu para atendê-lo. Ele nunca atendia os clientes. Por isso resolvera contratar os dois jovens que ficavam por conta do estabelecimento. Ele apenas fazia sua arte, seus perfumes. Sem contatos desnecessários com pessoas.

Ao vê-lo atrás do balcão, com expressão neutra, mas um certo brilho no olhar, Hakyeon sorriu. Um riso de quem sabe das coisas, de quem decifra intenções, lê pensamentos e sente auras. Lendo Taekwoon como um livro aberto, por dentro e por fora, deixando-o vulnerável. Ele odiava aquele sentimento, mas sentia-se quente com o pensamento do outro lhe descobrindo.

A venda foi rápida, com poucas palavras, mas muitos significados e o procedimento tornou-se um hábito. Taekwoon sempre ficava próximo à janela do sobrado, perto da hora que Hakyeon aparecia, esperando. E quando ele apontava em uma das esquinas, o perfumista descia para loja a fim de recebê-lo, realizar a venda e voltar para seu aposento. Marcelle e Yudai nunca diziam nada, apenas trocavam olhares sobre o comportamento do chefe e seguiam suas rotinas.

Em uma das costumeiras visitas de Hakyeon à loja, uma sexta feira com céu carregado de nuvens e a chuva iminente, ele surpreendeu-se ao ouvir a voz do proprietário dirigir-lhe uma pergunta, sem ter sido incentivado pelo primeiro.

- O que disse?

- Por que compra tantos perfumes?

Hakyeon apenas sorriu e deixou que o silêncio se estendesse por um tempo mais, enquanto absorvia o cheiro do vidro em sua mão, antes de fechá-lo e colocar novamente na prateleira.

- Eu faço velas perfumadas.

Disse, entregando o produto escolhido para Taekwoon que acenou e logo devolveu o perfume para o homem, recebendo o dinheiro em troca.

- Talvez eu lhe traga uma na próxima visita. – Aquilo chamou a atenção do proprietário, que subiu os olhos rápido para a expressão divertida que Hakyeon vestia. – Ou melhor dizendo, primeira?

Hakyeon sorriu satisfeito ao notar os olhos sempre afiados de Taekwoon arregalarem-se surpresos, fazendo-o parecer um adolescente que fora pedido para ir a um baile pela primeira vez na vida.

- Por que a surpresa? Pensei que após todo esse tempo, entre nossos curtis encontros na loja e você seguindo-me, todas as noites até em casa, já era o momento certo para oficializarmos uma reunião amigável, não concorda?

Se era possível que os olhos do perfumistas crescessem ainda mais, eles o fizeram.

- Você é bastante discreto, Sr. Perfumista, mas não o suficiente. Não para mim. – Ele deu de ombros, desdenhoso. – Eu sou muito perceptivo, não precisa sentir-se mal, estava fazendo um bom trabalho. Da próxima vez, deixarei a cortina da minha da janela aberta, para não lhe causar problemas.

Ele piscou com aquele sorriso que nunca deixava seu rosto. Aquele sorriso quase diabólico, mas gentil demais para ser propriamente dito como tal. Tão contrastante, tão gentil e exorbitante. Taekwoon precisava saber mais, entender mais.

Ao observar a silhueta que se afastava com a mesma graça da primeira vez que o viu, ficou claro. Ele precisava fazer Hakyeon seu.