3. Devil's Spell

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 Eles haviam começado aquela noite com uma xícara de chá, mas toda a aura no ambiente dizia que terminariam na cama.

As velas espalhadas pelo ambiente inebriavam seus sentidos como droga. Sua mente parecia longe, seus sentidos mais aguçados.

A forma de Hakyeon sentada à sua frente parecia brilhar. As pernas cruzadas de modo confiante, o braço esquerdo descansava preguiçosamente sobre o braço da poltrona, enquanto tomava um gole de sua xícara. Os olhos intensos nunca deixando Taekwoon, seu sorriso nunca deixando seus lábios. O sorriso de quem tem a presa exatamente onde quer. Aquele sorriso...

Mesmo em meio ao perfume delicioso do ambiente, Taekwoon parecia atraído pelo cheiro de Hakyeon. Aquele mesmo que sentira noites atrás, que o atraíra ao homem como se fosse feitiçaria, e talvez fosse. Nada naquela casa parecia normal, mundano. Taekwoon só não sabia dizer se pertencia ao divino, ou às profundezas das sombras.

- Você parece distraído, Sr. Perfumista. Está sentindo-se desconfortável? Talvez eu devesse... – O anfitrião deixou a frase pela metade e dirigiu-se até o outro lado da sala, parando ao lado de Taekwoon, deixando sua xícara em cima da mesa de canto e abaixando-se lentamente na direção do convidado, que parecia extasiado por seus movimentos.

Hakyeon aproximou a boca a centímetros da orelha de Taekwoon e soprou, apagando a vela posta no aparador logo atrás. Ele soltou um riso satisfeito ao notar a pele alva de seu convidado se arrepiar.

- Eu estou vendo que você gosta disso, Sr. Perfumista...

Sua voz suave como veludo não disfarçava o riso escondido ali. Satisfeito. Hakyeon parecia estar sempre satisfeito com como as coisas aconteciam de acordo com sua vontade.

Taekwoon não conseguia falar. Tudo que enxergava era a pele exposta do pescoço longo e esguio, parado tão próximo, e o maldito perfume que chegava ao seu olfato tão sensível. Ele engoliu seco, desistindo de conter sua vontade e num movimento súbito segurou o pulso do homem à sua frente e chegou o rosto tão próximo, que podia tocá-lo com a ponta de seu nariz.

Taekwoon inspirou fundo e foi como se uma corrente de alta voltagem tivesse percorrido por todo seu corpo , deixando um traço de calor por onde passara. De olhos fechados, apreciou a sensação com cada poro de seu corpo e não notou que Hakyeon também fechara os olhos, brevemente, aproveitando a sensação tanto quanto ele.

Hakyeon passou a mão livre nos cabelos platinados, deixando com que seus dedos deslizassem devagar por entre os fios, apreciando sua maciez. Afastou o rosto o suficiente para que pudesse olhar Taekwoon nos olhos e alargou o sorriso, tão malicioso como nunca antes. Todas as suas más intenções explícitas bem ali.

- Seu cheiro... O quê- O que é você?

A pergunta quase inaudível do perfumista só foi compreendida, devido a proximidade dos lábios quase se colando.

- Hoje eu sou seu, Sr. Perfumista. – Respondeu Hakyeon, antes de afastar-se, puxando Taekwoon pela gola da blusa de botões a acompanhá-lo e colocarem-se de pé.

Taekwoon colou seus corpos e as luzes todas se apagaram. Ele não sabia o que estava acontecendo, mas não precisava de claridade para saber onde Hakyeon estava. Ele podia senti-lo por completo, seu cheiro suficiente para guiar Taekwoon a cada toque e eles seguiram noite adentro. Às vezes forte, as vezes dolorosamente lento, sempre prazeroso, jamais desinteressante.

Taekwoon parecia descobrir um novo mundo aquela noite, como se a camada de um véu invisível tivesse desaparecido. Como se o mundo estivesse mais claro, menos Hakyeon. Ele ainda era um mistério e aquilo fazia o homem querer desvendá-lo por completo.

Na manhã seguinte, a luz fraca dos dias sempre nublados entrava pela fresta que a cortina vinho permitia. Taekwoon abriu os olhos com dificuldade, como um gato manhoso que não quer acordar. Espreguiçou-se e olhou ao redor, deixando a visão acostumar-se e seu coração por pouco parou de bater.

Aquele era seu quarto. Sua cama, seu armário, suas coisas e suas roupas da noite anterior dobradas na cadeira ao canto. Ele estava confuso, perdido, pois estava certo de ter adormecido em outra cama aquela noite, em outros lençóis, sentindo o calor de outro corpo ao seu lado. Ele não lembrava-se de ter saído, muito menos de ter voltado para a própria casa.

Olhou para baixo, notando que a única coisa que parecia a mesma era seu corpo livre das peças, que agora encontravam-se no assento do outro lado do cômodo. Ele não fazia ideia do que estava acontecendo, mas não era àquilo que resumia sua vida desde que ele apareceu?

Taekwoon caminhou até o espelho de corpo todo, após colocar o robe de seda azul, e observou as marcas que vestiam sua pele descoberta pelo tecido. Não foi um sonho, afinal...

O homem sorriu com a realização e percebeu que era exatamente o que Hakyeon queria lhe causar. Mais uma vez ele estava sendo a peça perfeita no jogo do outro, e quanto mais se dava conta, mais se afundava em seu feitiço.

The Perfect ScentWhere stories live. Discover now