Quando Tris passa por mim, é como se o mundo não fosse mais tridimensional. A terceira dimensão se dissolve, depois a segunda; só o que me resta é uma dimensão e essa dimensão é ela.
Mas é claro que também há outra dimensão, e essa dimensão é o tempo, que continua passando, Tris continua andando, todas as outras dimensões voltam e, embora agora haja mais, parece haver muito menos.
E eu fico com essa garota, a musa dos sinais confusos, essa Norah. Ela beija bem pra caralho, mas claramente tem problemas enormes de coerência. Pergunto como é que ela conhece a Tris, porque isso está me deixando totalmente confuso, e no começo ela fica olhando pra mim como se eu fosse o cara que ela não acabou de beijar do nada, mas depois coloca a mão no meu braço de um jeito que me faz perceber que eu tenho mesmo um braço, depois está se afastando e ao mesmo tempo olhando pra mim como se eu fosse uma criança com câncer. Depois eu pego o braço dela e ela resiste sem realmente resistir, ela se afasta, só para tocar meu rosto de um jeito que me lembra exatamente o beijo dela.
Depois me chama de "pobre coitado".
E, como só um pobre coitado faria, eu pergunto:
-Por quê?
Sei que ela sabe de alguma coisa, mas não diz. Em vez disso, ela fala:
- Tenho que ver minha amiga.
- Vou com você - me ofereço. Eu sei que Tris está em algum lugar atrás de mim, talvez esteja até olhando. E não é que eu não tenha nada melhor para fazer do que seguir uma garota que beija bem para onde ela quer ir. Dev está subindo no palco para ser dançarino do Hunter, e Tom e Scot não estão no meu campo de visão.
- Vamos combinar uma coisa - diz Norah. - Você nos dá uma carona, e eu te dou dois minutos além de sua oferta original.
- Sete é o meu número da sorte - eu digo a ela.
E ela só fica olhando para mim.
- É sério - eu digo. - Como você conhece a Tris?
- Eu avacalhei com as Barbies dela no sexto ano - ela me diz. - E foi assim desde então.
- Você é de Englewood?
- Englewood Cliffs. Englewood é aquele lugar que tem casas mais simples.
Ela agora passa pela multidão e eu a sigo.
- Ela estava aqui a um segundo - diz ela.
- Quem?
- Ela não, Caroline. Quer dizer, cala a boca um pouquinho para eu pensar direito, está bem?
Como se o fato de eu ficar quieto fosse fazer com que ela de repente fosse capaz de ouvir todos os passos que são dados nesse clube.
Enquanto ela está olhando em volta, eu faço o movimento idiota de olhar para trás e vejo Tris e seu modelo novo se agarrando. Ela está tão gata com a camiseta dos Ramones e as meias douradas que eu sempre pedi para ela usar porque faz com que ela pareça algo extraído de um gibi da Marvel. Lembro de tirar essa camiseta, de tirar as meias dela - ela gritando cuidado, CUIDADO! enquanto eu começava a abrir suas coxas. E agora são as mãos de outro cara desbravando o mesmo caminho, tocando seu rosto perfeito e descendo pelo queixo pronunciado e - ah que merda - caindo no vão daquela minissaia simplesinha e provocante.
E ela fica olhando para mim o tempo todo. Eu juro que ela esta olhando para mim.
Eu me viro e Norah não está ali, mas por sorte está a poucos metros de distância. E a menina que ela procurava me parece meio familiar.
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Nick & Norah - Uma Noite de Amor e Música
RomanceO que pode acontecer quando dois adolescentes se conhecem po acaso em um caótico show de punk rock? Eles se apaixonam, é claro. Tudo começa quando Nick pede a Norah para fingir ser sua namorada por 5 minutos. É o tempo de que ele precisa para evitar...